A reforma em sua equipe de auxiliares que o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, concluiu na última semana, após a aprovação da reforma administrativa, é mais um indicador de que se o PMDB quiser lhe virar as costas o prefeito tem com quem administrar. O grande derrotado na nova composição de secretários é o ex-prefeito Iris Rezende e seu séquito de sectários seguidores.
Paulo Garcia levou em banho-maria a mudança em seu quadro de auxiliares para não melindrar a reforma que estava em curso na Câmara Municipal. Mesmo tendo em tese uma maioria no Legislativo, o prefeito precisava contorna eventuais situações críticas para ver aprovadas as medidas que encaminhara e que julga necessário para concluir com sucesso seu ano e meio de mandato.
Após auxílio prestimoso do presidente da Casa, o tucano vereador Anselmo Pereira, o prefeito se viu livre para dar prosseguimento ao remanejamento dos cargos e seus ocupantes, mesmo que não tenha havido grandes alterações. O fundamental é que Paulo Garcia conseguiu aplicar a mudança dando a feição que melhor lhe agrada e o resultado é que algumas peças-chave ficaram em mãos de figuras fiéis ao prefeito e que alguns luminares do PMDB, maior partido de sua base, ficaram ainda mais antagônicos.
Um nome novo na equipe é o vereador Paulo Borges (PMDB), que irá ocupar a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Ciência e Tecnologia, pasta que terá uma formatação bem técnica e destinada a tocar projetos de grande envergadura para a máquina administrativa, como formação profissional, fomento econômico e administrar o teleatendimento da prefeitura. Paulo é político, é bem verdade, mas é antes disso um técnico testado em vários setores e que deu conta do recado. Politicamente se distanciou de Iris Rezende e em 2012 era um dos queridinhos e Júnior Friboi.
Aliás, a pendenga entre Iris e Friboi foi um dos motes da reforma promovida na Prefeitura de Goiânia por Paulo Garcia. Iris tem dado sucessivas mostras de querer se afastar de Paulo, não lhe prestou ajuda de modo ostensivo por diversas vezes e não mantém em rédeas curtas seus acólitos, deixando-os em inúmeros momentos tecer duras críticas ao prefeito.
Distanciamento
O que fontes próximas a Paulo Garcia reclamam é que Iris Rezende pode estar considerando que o desgaste do atual mandatário do Paço está com baixa avaliação junto à população de Goiânia e que por isto seria providencial um ligeiro afastamento, para não pegar nenhuma mácula que possa comprometer a pretensão de Iris em voltar à disputa em 2016. “Na mídia Iris Rezende diz que é companheiro de primeira hora de Paulo Garcia, mas na prática ele parecer querer muita distância do prefeito e não comanda seus parceiros para que ajudem Paulo a administrar de forma mais facilitada”. O comentário é de um colaborador próximo do prefeito.
Uma demonstração dessa falta de empenho para ajudar o prefeito foi dada no final do ano passado, quando Iris comandava o presidente da Câmara, vereador Clécio Alves e alguns outros vereadores. Pois, o séquito de Iris deixou Paulo levar bordoada sem parar e acumular derrotas como na rejeição da Planta de Valores e no aumento do IPTU. Se quisesse, Iris teria promovido uma manobra para ajudar o prefeito, mas se calou, cruzou os braços e permitiu que o ex-companheiro de jornada amargasse um declínio ainda maior. Não bastasse isso, figuras proeminentes do PMDB, que se dizem fiéis a Iris não pouparam críticas ao prefeito Paulo Garcia, e o ex-prefeito que nos últimos anos tomou gosto por derrotas nas urnas ficou calado, deixando que seus confrades batam impiedosamente em Paulo Garcia. Exemplos: José Nelto, deputado estadual pelo PMDB.
A demonstração de que sentiu o abandono foi dada por Paulo Garcia na reforma administrativa: nenhum secretário, ou mesmo membro de segundo escalão é do staff irista de primeira hora.
No mesmo diapasão, o rival de Iris no PMDB desde meados de 2014, o empresário Júnior Friboi, manteve seus postos na Prefeitura de Goiânia e até avançou no tabuleiro. Seu fiel escudeiro na equipe do prefeito, José Geraldo Freire, deixou a Secretaria Municipal de Trânsito e vai assumir o Instituto Municipal de Assistência Social (IMAS). Em outras áreas da administração municipal Júnior Friboi demonstra ter tanto ou mais prestígio que outras expressões políticas, ao contrário de Iris, que perde espaço e se cala quando seus próceres atacam Paulo Garcia.
Para a sucessão de 2016, em que Paulo não poderá disputar a reeleição e Iris desponta mais uma vez como candidato do PMDB, já se mostra uma manobra muito clara de que o partido quer se distanciar do PT e de Paulo Garcia, cultuando uma nova aliança com o Democratas do senador Ronaldo Caiado. O que Iris se esquece é que Paulo Garcia é depositário de todas os segredo administrativos que cometeu nos seis anos que comandou a prefeitura e que se quiser, Paulo pode mostrar todos os esqueletos iristas que ainda sobraram nos armários espalhados pela administração.
Pagamentos nos últimos dias no cargo, venda de terrenos sem licitação e aceitando receber em precatórios, compras e contratos superfaturados. Coisas como essas formam um arsenal capaz de pulverizar qualquer pretensão de Iris Rezende, se ele e seus parceiros insistirem em fazer Paulo Garcia de portador de doença incurável que eles querem distância.