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Os excluídos de Iris

Desde que chegou ao poder em Goiás, nos idos de 1982, após vencer o PDS de Otávio Lage na disputa pelo Palácio das Esmeraldas, o advogado Iris Rezende foi protagonista da política de Goiás por longos anos, mas a um custo alto: deixou muitas "vítimas" de sua ação para controlar a "ferro e fogo" o PMDB. Com o declínio do irismo, floresceu o grupo liderado por Marconi Perillo (PSDB), vitorioso em quatro eleições para governador, além de ter ajudado Alcides Rodrigues (PP) a alcançar uma vitória.

O saldo não é favorável a Iris: ele venceu duas disputas para o governo de Goiás (1982 e 1990) e ajudou Maguito Vilela a vencer uma (1994). E foi vencedor para o Senado (1994) e ofereceu contribuição à vitória de Maguito ao Senado (1998). O PMDB contabiliza cinco derrotas consecutivas para o governo de Goiás: Iris em 1998, 2010 e 2014. Maguito em 2002 e 2006.

Para manter a hegemonia do PMDB em suas mãos, Iris Rezende enfrentou duas fortes e carismáticas lideranças políticas: os ex-governadores Mauro Borges e Henrique Santillo. Também mandou para escanteio políticos do peso de Nion Albernaz, Lúcia Vânia, Moisés Abrão, Pedrinho Abrão, Iram Saraiva, Irapuan Costa Júnior, Adhemar Santillo, Onaide Santillo, Frederico Jayme  Filho, Zé Gomes da Rocha e o próprio Marconi Perillo em início de carreira, quando elegeu-se deputado estadual. A lista dos "excluídos" de Iris é imensa.

Os ex-governadores Mauro Borges e Henrique Santillo tinham sólidas carreiras políticas, mas acabaram atritados com Iris no PMDB. Mauro buscou o PDC e disputou o governo de Goiás em 1986 e perdeu. Santillo teve queda-de-braço com Iris quando negou apoio ao líder goiano na escolha do candidato do PMDB à presidência da República, em 1989. A partir daí, o rompimento de Iris com Santillo foi um passo. O ex-governador Irapuan Costa Júnior afastou-se de Iris e aproximou-se de Santillo, apesar das diferenças ideológicas. Já em 1990, quando ocupava mandato de senador, Irapuan não poupava críticas ao comportamento político de Iris, a quem considerava "populista e sem conteúdo intelectual."

Em 1990, Iram Saraiva troca o PMDB pelo PDT e concorre ao governo de Goiás, tendo Iris Rezende como um dos seus adversários. Não poupou críticas ao líder peemedebista durante a campanha eleitoral. Lúcia Vânia, então deputada federal, troca o PMDB pelo PP e disputa o governo de Goiás, enfrentando o candidato de Iris, Maguito Vilela. Perde e segue na oposição ao irismo em Goiás.

Iris perdeu um companheiro de longa data, Nion Albernaz. O professor foi colega de Iris na Câmara de Goiânia e acabou nomeado secretário de Finanças quando o líder do MDB elegeu-se prefeito de Goiânia. Depois, Iris nomeia Nion prefeito da Capital. Depois, Iris ajuda Nion a eleger-se prefeito de Goiânia, em 1988. Em 1994, Nion queria disputar o governo do Estado, foi preterido e deixou o PMDB.

O jovem Marconi Perillo, discípulo de Henrique Santillo, de quem foi assessor especial, elegeu-se deputado estadual pelo PMDB dissidente, em 1994. Em seguida, deixa o PMDB e migra para o PP e depois PSDB, onde elegeu-se deputado federal. Em 1998, Marconi surpreende o meio político goiano ao disputar a eleição para governador contra o então favorito, Iris Rezende. Venceu a disputa e tornou-se o contraponto ao irismo ao longo dos últimos 30 anos. Dos pesos pesados do PMDB, apenas Maguito Vilela foi "preservado" pelo irismo: elegeu-se governador em 1994, senador em 1998, mas, depois, amargou duras derrotas ao Palácio das Esmeraldas. Recuperou-se com a eleição para a Prefeitura de Aparecida de Goiânia.

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Depois de sofrer uma derrota histórica, em 1998, na disputa pelo governo de Goiás, quando todas as pesquisas indicavam mais um sucesso eleitoral, Iris Rezende manteve o foco: não desistiria de insistir em uma candidatura ao Palácio das Esmeraldas. Contentou-se, entretanto, em disputar a Prefeitura de Goiânia, em 2004, por enquanto. Foi reeleito.  Quando se preparava para tentar novamente o governo de Goiás, em 2010, aparece um empecilho: o executivo goiano Henrique Meirelles, que chegara à presidência mundial do Banco de Boston, ingressava no PMDB com o mesmo objetivo: disputar a sucessão estadual.

Mais uma vez, Iris colocou mais um companheiro para escanteio. Meirelles, vendo-se "emparedado", bateu em retirada, desfilou-se do PMDB, adiou o seu projeto de concorrer à Casa Verde e retornou a São Paulo.

Em 2011, quem chegou ao PMDB com o projeto de disputar o governo do Estado foi o empresário Vanderlan Cardoso, que, nas eleições do ano anterior, disputara com o próprio Iris e Marconi Perillo a governadoria. Apenas um ano de militância foi suficiente para mostrar a Vanderlan que o PMDB tinha dono: Iris Rezende. Também bateu em retirada e acabou concorrendo ao governo de Goiás, ano passado, pelo PSB, mais uma vez enfrentando os mesmos adversários: Iris e Marconi.

Derrotado em 2010 por Marconi Perillo, Iris Rezende aguardou a chegada das eleições de 2014, sempre de olho na sucessão estadual. Eis que aparece um novo empecilho: o empresário José Batista Júnior, o Júnior Friboi. Com aval do vice-presidente da República e presidente nacional do PMDB, Júnior Friboi filia-se ao PMDB e lança sua pré-candidatura a governador e estabelece um ambiente de conflito interno. Após alguns meses de intensa troca de farpas, puxa-tapetes e estocadas mútuas, Friboi abandona o projeto de concorrer ao Palácio das Esmeraldas. Iris reina, mais uma vez, no PMDB. Friboi foi mais um peemedebista que se foi.

Aos jornalistas, Iris Rezende diz não ser culpado pela debandada de tantos companheiros do PMDB, posteriormente transformados em adversários políticos. Ele atesta que não cerceou espaços nem impediu nenhum deles de concorrer a cargos eletivos no partido. O ex-governador sustenta que, por razões que desconhece, esses políticos preferiram buscar outras alternativas e outros projetos eleitorais em Goiás. "Nunca fui obstáculo ao projeto de ninguém. Saiu do PMDB quem se sentia desmotivado ou em busca de outras alternativas, não por ação minha contra essas pessoas. Sempre respeitei os projetos de todos os peemedebistas, ao longo da história do partido."

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