- Presidente da CTB, Ailma Maria de Oliveira anuncia greve geral contra mudanças na CLT e na Previdência
- Sindicalista diz que o que ocorre, hoje, no Brasil, é a luta de classes, uma disputa pelos fundos públicos
- Professora defende eleições diretas para a presidência da República e faz comparação com Honduras e Paraguai
- Dirigente vê aparato jurídico e policial do Estado em consórcio com monopólios de comunicação no golpe
- Greve geral e eleições diretas para a presidência da República!
É o que anuncia a presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil [CTB], Ailma Maria de Oliveira. A líder sindical quer o “Fora, Temer”, defende a unidade com a Central Única dos Trabalhadores [CUT], a Conlutas, além da Frente Brasil Popular e a Frente do Povo Sem Medo, que inclui também o MTST [Movimento dos Trabalhadores Sem Teto], coordenado por Guilherme Boulos, e o MST [Movimento dos Trabalhadores Sem Terras], liderado pelo economista João Pedro Stédile, inimigo número um do latifúndio, agronegócio e transgênicos.
- O Brasil precisa parar para derrubar o usurpador golpista e reconstruir a democracia!
Formada em Pedagogia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás [PUC-GO], com especialização em Educação Ambiental na Universidade Federal de Goiânia [UFG], a sindicalista denuncia a escalada conservadora no Brasil. Ultraliberais, as reformas da Previdência Social e trabalhista irão liquidar e jogar na lata de lixo da história direitos econômicos e sociais dos trabalhadores no Brasil, ataca. A idade mínima, para homem e mulher, pode subir para 65 anos de idade, inclusive de professoras, protesta.
- Além disso, a aposentadoria não terá mais o reajuste do salário mínimo.
CLT e FGTS
Ailma Maria de Oliveira informa que projetos de leis abençoados por Michel Temer, que devem ser enviados, após as eleições de 2 e 30 de outubro de 2016, ao Congresso Nacional, retirarão dispositivos da CLT [Consolidação das Leis Trabalhistas], uma herança do nacional-estatismo fundado por Getúlio Vargas. O governo federal planeja mudar as regras do FGTS [Fundo de Garantia Por Tempo de Serviço], afirma. O 1/3 de férias, fim de semana remunerado e reposição do salário mínimo podem ser atingidos por novas medidas, desabafa.
- O Estado Nacional será desmontado com o programa de privatizações.
Nem o pré-sal escapará do apetite do mercado nacional e internacional, sobretudo da Shell, informa, ao Diário da Manhã, a dirigente da CTB, seção de Goiás. Emocionada, ela condena a proposta de acabar com a destinação de um porcentual obrigatório das verbas da União para as áreas de Saúde e Educação. O estabelecimento do teto de gastos é um crime contra as próximas gerações, frisa. As universidades públicas sofrerão duros cortes orçamentários, o que prejudicará o ensino, as pesquisas científicas e os programas de extensão, pontua.
- A ordem é ocupar as ruas!
Impeachment
Segundo ela, impeachment, sem crime de responsabilidade, é golpe. A professora das redes estadual e municipal de ensino diz que a deposição do nacionalista Manuel Zelaya, que se aproximara da Alba [Aliança Bolivariana das Américas], ocorrida em 2009, em Honduras, assim como a deposição que classifica como “relâmpago”, feita em 24 horas por um Parlamento conservador, no Paraguai, e que afastou o católico de liturgia progressista Fernando Lugo, em 2012, foram ensaios gerais para o impedimento da economista Dilma Rousseff, sublinha.
- Um golpe parlamentar, com suporte do aparato jurídico e policial do Estado, e insuflado pelos grandes conglomerados de comunicação, controlados por meia dúzia de famílias no País.
É luta de classes, destaca a sindicalista, o que ocorre no Brasil, hoje, em 2016. É a disputa da burguesia pelos fundos públicos, atira. As elites no Brasil não aceitam mecanismos de transferências de renda, como o Bolsa Família, além de programas inclusivos, como as cotas sociais e raciais nas universidades públicas e o ProUni, o aumento real do salário mínimo, direitos econômicos e sociais às empregadas domésticas e a valorização das carreiras dos servidores públicos, registra. “Fascista, a classe média odeia ver pobre andar de avião e carro”.
- Esse é o Brasil do século XXI, sem ter executado as bandeiras da revolução francesa de 1789, liberdade, igualdade e fraternidade!
O caminho é a unidade das esquerdas e a mobilização permanente dos movimentos sociais, urbanos e rurais, propõe. A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil reúne, hoje, em 2016, 1.100 sindicatos de trabalhadores da cidade e do campo, avisa. O programa mínimo para garantir a formação de uma frente única é a palavra-de-ordem “Fora, Temer!”, nenhum direito trabalhista ou previdenciário a menos, contra os cortes orçamentários para as áreas de Saúde e Educação e antecipação das eleições presidencias, relata a “enfant terrible” sindical.
- Não podemos, de maneira nenhuma, cruzar os braços e deixar a banda passar...
Privataria à vista?
Nem à época da “Privataria Tucana”, como aponta o escritor Amaury Ribeiro, sobre os turbulentos anos de gestão de Fernando Henrique Cardoso [PSDB-SP], se ousou abocanhar tanto os direitos econômicos, sociais, trabalhistas e previdenciários dos cidadãos, insiste. O congelamento dos gastos públicos por 20 anos é um absurdo, vocifera. FHC não mexeu na CLT, apesar de seu arrojado programa de desestatização, que é, nada mais, nada menos do que transferir o patrimônio público para saciar a sede de lucros do mercado, analisa a professora da rede pública de ensino.
- A guerra está apenas começando. Não sairemos das ruas!
Michel Temer diz que não aceita ser chamado de “golpista” e que os protestos das ruas reuniam apenas 40 pessoas, recorda-se. Cem mil pessoas manifestaram-se em 4 de setembro de 2016 na Avenida Paulista, em São Paulo, para exigir a sua saída do Palácio do Planalto, relata a sindicalista. O Grito dos Excluídos será uma marca dos tempos sombrios, promete. Milhares de pessoas sairão às ruas, anuncia. O passado não pode assombrar o Brasil, como tragédia e farsa, recorre ao velho barbudo Karl Marx, Ailma Maria de Oliveira.
- Tempos interessantes, como anotou Eric Hobsbawm, historiador marxista, virão pela frente!
A Venezuela, de Nicolás Maduro, poderá ser o próximo país da América Latina a ser engolido por uma onda conservadora, com a bênção dos Estados Unidos, acredita. A queda dos preços das commodities, e do petróleo em particular, afeta a economia da pátria de Hugo Chávez, avalia. A burguesia nacional tenta desestabilizar o governo progressista, que conta com forte apoio popular, do Judiciário e das Forças Armadas, explica. Caso caia o chavista, a Venezuela irá compor a lista com Honduras, Paraguai e Brasil, de destruição da democracia, lamenta.
- É necessário sonhar que outro mundo é possível!
- Eleições diretas para presidente da República em outubro deste ano. É o que defendemos!
Ailma Maria Oliveira,
Presidente da CTB
Dica de leitura
Livro: Radiografia do Golpe
Editora: Leya
Lançamento: Agosto de 2016
Autor: Jessé Souza, sociólogo
Instituição de ensino: Universidade Federal Fluminense [UFF]