O PMDB vai de Maguito Villela. É o que se ouve nos arrais peemedebistas. Mas, que PMDB estamos falando? Do PMDB de Iris? Do PMDB de Daniel Villela? Do PMDB que está doidinho da silva para se jogar nos braços de Ronaldo Caiado?
O PMDB que vai de Maguito, claro, é o PMDB maguitista acrescido daqueles que estão sempre prontos a saltar de barco em barco, sempre escapando de se afundar. No momento, a disposição das peças no tabuleiro revela vantagem estratégica para Maguito. Se o quadro mudar amanhã, os que hoje estão com Maguito poderão estar com – quem sabe – Iris Rezende ou Ronaldo Caiado. Até 2018, com perdão do clichê barato, muita água vai rolar sob a ponte.
Maguito encerrou uma gloriosa passagem de oito anos pela Prefeitura de Aparecida de Goiânia. Governou tão bem a cidade que acabou elegendo facilmente o seu sucessor, um rapaz que, sem qualquer expressão política, nunca teria chegado onde chegou se não fosse o apadrinhamento de Maguito.
Isto faz de Maguito um nome forte dentro do quadro de “governadoriáveis” do PMDB. Sim, ele é “governadoriável” quer queira quer não queira. Certo, ele já disse que se aposentou politicamente. Alguém acredita nisso? Os que acreditam em saci pererê têm certeza. Os que já viram mula sem cabeça também estão convictos de que Maguito Vilela pendurou as chuteiras.
Como levar a sério esse tipo de declaração de um homem que anunciou, precedido de trombetas estridentes, que só iria exercer quatro dos seus oito anos de mandato de senador, por ser contrário a mandato tão extenso assim para ocupantes de uma cadeira na Câmara Alta? Pois Maguito ficou oito anos. Quando lembrado de que prometera renunciar aos quatro anos restantes, desconversa.
É plausível que Maguito queira encerrar por aqui sua carreira política. Mas Maguito não é homem de querer inquebrantável. Seu querer às vezes é muito fraco e acaba se dobrando às conveniências do momento. É possível que ele, agora, não queira mais fazer política. É possível que ele se retire na flor da idade para ceder a primazia ao seu filho Daniel Villela, um que não chegou onde chegou por méritos próprios, mas por ter nascido em berço de ouro, ao contrário do pai. Mas é possível que acabará se rendendo às pressões de sua base.
Maguito é, de fato, muito melhor que Daniel. Por isso os peemedebistas pragmáticos, aqueles que, como macaco gordo, não pulam em galho seco, querem que Maguito seja o candidato a governador em 2018. Ele já competiu duas vezes e perdeu. Em 2002, foi batido por Marconi Perillo. Em 2006, perdeu para Alcides Filho. Perdeu em 206 uma eleição que estava ganha. E perdeu em virtude dos mesmos erros que o PMDB teima, monomaniacamente, em cometer a cada 4 anos.
Mesmo não sendo um candidato aguerrido, desses que não se deixam abater pelas adversidades, Maguito foi bom governador e bom prefeito. Mesmo não sendo lá muito coerente, ele é um homem de ideias progressistas. Está à esquerda de Iris. Está à esquerda até mesmo de seu filho, Daniel Vilella. Ninguém pode dizer que foi corrupto. Mas, como candidato, nas duas vezes em que disputou o governo do Estado, falhou no quesito combatividade. Sua fraqueza é não ter pegada.
Mas os peemedebistas acham que em 2018 serão vencedores, não importa o que possa acontecer. Já dão por certa a conquista do governo em 2018. Como Marconi Perillo não estará na disputa, supõem que as coisas serão mais fáceis para o candidato do partido. Também menosprezaram o adversário de 2006, Alcides Filho. E perderam feio.
O PMDB não tem como conquistar o governo de Goiás enquanto não resolver dois problemas estratégicos: Anápolis e o Entorno de Brasília. O PMDB foi varrido do mapa eleitoral dessas duas regiões há mais de 20 anos. Sobretudo em Anápolis, o PMDB é odiado em virtude das humilhações impostas a Henrique Santillo. Olhem as estatísticas eleitorais dos últimos 30 anos e tirem suas próprias conclusões.
Apesar disso, os dirigentes do PMDB nunca moveram uma palha para reverter o quadro. Como avestruzes, recusam-se a aceitar o fato – que as estatíticas eleitorais comprovam – de que em algumas regiões de Goiás o peemedebismo é execrado.
O fato de não ter que enfrentar Marconi não facilita muito. O grande adversário a ser vencido pelo PMDB é sua obsessão por cometer sempre os mesmos erros. Seu maior desafio será reconquistar a estima dos que deixaram de votar na sigla, ganhar a confiança dos que traiu no passado.
A volta de Iris
Maguito é o nome cotado internamente porque muitos acreditam que Iris Rezende não será postulante em 2018. Acreditam, contra todo o histórico de perjúrio do prefeito de Goiânia, que ele ficará na prefeitura até o último dia do seu mandato.
Não convém contar com isso. Iris é um eterno candidato a governador. Se em 2018 ele perceber que terá alguma chance, mínima que seja, ele entregará a chave do Paço ao jovem Andrey Azeredo para tentar, mais uma vez, o governo do Estado, sob promessa de fazer “a melhor administração da minha vida”. Idade não será empecilho. Homem de hábitos frugais, atleta amador, com saúde de ferro, o velho e tinhoso comandante do PMDB vai insistir em estar na disputa.
Que ninguém se supreenda, portanto, se Iris mais uma vez, como de costume, largar tudo para mais uma aventura eleitoral. Tantas vezes Iris quebrou suas juras, tantas vezes ele anunciou sua aposentadoria para depois reaparecer na cena, que só os muito ingênuos acreditam que ele está definitivmaente fora da disputa pelo Palácio das Esmeraldas.
O fato de ter a Prefeitura de Goiânia nas mãos dá a Iris a possibilidade de tomar o controle da legenda, ora sob gerência da ala juvenil do maguitismo. Não se quer dizer, com isso, que Iris será candidato. Talvez nem seja. Mas a possibilidade de que isto aconteça está dada. Para quem pensa estrategicamente a política, o que pode acontecer acaba acontecendo. A vocação de toda potência é virar ato.
O fator Caiado
Tendo nomes como Iris e Maguito, os peemedebistas vão, cada vez mais, perdendo interesse por Ronaldo Caiado. Claro que Caiado é candidato forte. Mas é um gigante cavalgando uma mulinha. Não tem montaria adequada para o tipo de guerra em que vai se meter. Vai acabar tendo que combater a pé os adversáriso que virão montados em fogosos corcéis.
A montaria de que falo é o partido político. O DEM de Ronaldo Caiado, em Goiás, há muito tempo deixou de ser um partido. É apenas um cartório que Ronaldo controla no interesse de sua carreira própria. Ele é, certo, o dono do livro de ata, mas o que ainda sobrou do DEM não segue a sua orientação política. Os filiados ao DEM são marconistas. É um caso deveras curioso de um partido cujo líder não lidera os liderados.
Caiado, que vem se insinuando no sentido de virar candidato a presidente da República, projeto absolutamente inviável, terá ou que ficar fora da disputa ou sair sozinho, confiando apenas na força do seu prestígio pessoal junto às camadas médias da população. Alguns peemedebistas já anunciaram que se Caiado filiar-se ao PMDB, é até possível apoiá-lo para governador. Mas Caiado teria que ser muito ingênuo para cair nesta arapuca. Nela já cairam Henrique Meirelles, Vanderlan Cardoso e Junior Friboi. O vivente assina ficha de filiação ao PMDB crente de que será candidato a governador... Depois seu tapete é puxado.
Os aliados
Recentemente, o secretário de Meio Ambiente do governo do Estado, Vilmar Alves, um dos chefões do PSD goiano, admitiu que andou conversando com Maguito Vilela. Conversa informal, prospectiva, sem comprometimento. Foi o bastante para excitar a vaidade dos peemedebistas.
Vilmar não pretende deixar a base marconista, embora admita que tem a pretensão de ser candidato a governador. Vilmar é anticaiadista. Suas conversas com Maguito partiam da hipótese de formação de uma frente anticaiadista. Isolar o caiadismo coloca a necessidade de conversar com aqueles setores do PMDB que não morrem de amores por Caiado. Diálogo faz parte da política.
A linha dura peemdebista não vê as coisas assim. O antimarconismo patalógico desses hardliners leva-os a recusar qualquer diálogo com quem esteja fora da área de domínio peemedebista. Daí imporem condições prévias. Se Vilmar e o PSD quiserem conversar, deverão, primeiro, deixar todos os cargos que ocupam no governo e declarar-se em oposição à gestão Marconi Perilo.
É o tipo de coisa que Wilmar nunca vai fazer. Para Vilmar, a base aliada é inegociável e irrenunciável. Aliás, ele se jacta de ter ajudado a construir esta base. Dela não vai sair, reservando-se, porém, o direito de, dentro dela, movimentar-se livremente.
Admitindo a hipótese de que Vilmar e seu PSD viessem a fazer um negócio qualquer com o PMDB, isto seria muito bom para o partido. Desagregar o adversário é tática inteligente. Tanto que, em l980, Iris aceitou o ingresso dos irapuanistas no PMDB sem impor qualquer condição. Mas a linha dura do PMDB sustenta arrogantemente a jumental ideia de que qualquer candidato a aliado do PMDB deve, primeiro, ajoelhar-se diante dos líderes peemedebistas, beijar-lhes as mãos e jurar incondicional lealdade à bandeira aurirrubra do partido. Eles se acham.
O fato de não ter que enfrentar Marconi não facilita muito” Helvécio Cardoso, repórter Um dos chefões do PSD goiano admitiu que andou conversando com Maguito Vilela” Helvécio Cardoso, repórter