Os trabalhadores do campo e da cidade marcharam pelas ruas de Goiânia na manhã de ontem para dizer um sonoro não ao Projeto de Emenda à Constituição 287 (PEC-287) proposto pelo presidente Michel Temer (PMDB-SP) que modifica para pior as regras para aposentadoria. “O dia 8 de março é um marco na história dos movimentos e organizações do mundo inteiro e esse ano, no Brasil, convocamos todas as mulheres para saírem das suas casas não apenas no dia 8, mas a semana inteira. Serão caravanas, atos políticos, debates nas prefeituras, câmaras municipais, assembleias, todos os tipos de manifestações em defesa da nossa previdência pública e igualitária”, diz a coordenadora de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Brasil (Contraf Brasil), Graça Amorim.
Cinco mil sindicalistas ligados aos serviços públicos municipal, estadual e federal se somaram a trabalhadores rurais, ligados à Contag e a Fetaeg e fizeram passeata para protestar contra o projeto, que estabelece 49 anos de contribuição e 65 anos como idade mínima para se aposentar. A passeata saiu da Assembleia Legislativa, rumo à Praça Cívica, percorrendo as avenidas Goiás e Anhanguera, encerrando em frente ao Teatro Goiânia na avenida Tocantins.
De acordo com a presidenta do Sintego, Bia de Lima, o ato foi um chamamento à população para esclarecer sobre os riscos que estão por trás da Reforma da Previdência apresentada pelo Governo Federal, a PEC 287, que altera de forma negativa os direitos dos (as) trabalhadores (as).
“É inadmissível que se pense em retirar a aposentadoria especial dos professores e das professoras. Além de desumano é uma afronta, principalmente às mulheres que além dedicarem parte da vida à educação, também respondem pelas atividades do lar, o que sobrecarrega de forma sistemática tanto o físico como o psicológico destas profissionais, tornando inaceitável a permanência de uma professora dentro da sala de aula aos 65 anos como deseja o golpista Michel Temer”, pontuou.
A marcha em Goiânia teve a participação da CUT (Central Única dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil), Sintego, SindSaúde, Sinttesp, SintfIies, Adulf-Go, MTST, Fetaeg, Contag, UNE, UEE, e os deputados estaduais Luis Cesar Bueno, Isaura Lemos, Adriana Accorsi e o deputado federal Rubens Otoni. As atividades desse 8 de março não se concentraram somente na. o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento Camponês Popular (MCP) estão tomando a frente em Caiapônia, São Luís do Araguaia, Jataí, Crixás, Jaraguá, Posse, Silvânia, Catalão, Formosa, Santa Helena de Goiás e Goianésia. O mote não poderia ser outro: Mulheres do Campo e da Cidade contra a Reforma da Previdência.
Greve
Os professores e servidoes administrativos(merendeiras, porteiros, auxiliar de limpeza) da rede estadual de Educação decidiram decretar greve a partir do dia 15 de março. Após a votação unânime, percorreram, ao lado dos agricultores e agricultoras familiares, as principais ruas do Centro de Goiânia no ato contra a Reforma da Previdência e o pacote do governador Marconi Perillo (PSDB) que retira benefícios dos servidores públicos e congela por dez anos os salários no Estado. Os educadores também reivindicam o pagamento do piso e da data-base da categoria.
Confira abaixo os principais pontos da Reforma da Previdência:
- Fim da aposentadoria especial para professores (as);
- Trabalhadores (as) rurais terão as mesmas regras dos (as) trabalhadores(as) urbanos;
- A idade mínima de aposentadoria varia de acordo com o aumento da expectativa de vida;
- Estabelecer a idade mínima de 65 anos para aposentadoria para homens e mulheres;
- Aumento do tempo mínimo de contribuição passa a ser 25 anos;
- Fim da acumulação de pensão e aposentadoria;
- Redução dos valores de aposentadoria por invalidez (podendo ser menor que o salário mínimo);
- 49 anos de contribuição para aposentadoria e 65 anos de idade mínima para receber 100% da remuneração.