Depois de quatro dias da publicação da reportagem da Folha de S. Paulo que afirmava que o deputado Jair Bolsonaro e os três filhos multiplicaram o patrimônio na política, o presidenciável concedeu entrevista a repórteres do jornal, nesta quinta-feira (11/01), no Rio de Janeiro. Durante a conversa, o pré-candidato a presidência fez duras críticas ao veículo de comunicação, defendeu o recebimento do auxílio-moradia e pediu para que seus familiares não fossem envolvidos nos assuntos.
“Você tem que divulgar é o meu patrimônio. Daqui a pouco vão querer pegar minha mãe, com 91 anos de idade. Começar a levantar a vida dela. Peraí, você vai pegar da minha mãe daqui a pouco. Meu pai já morreu. Dos meus irmãos. Ok? Tem que pegar o meu. Esquece meus filhos. Se o meu filho assaltar um banco agora ou ganhar na Mega Sena, é problema dele, não é meu”, disse.
O encontro que não havia sido marcado ocorreu em frente à casa de Bolsonaro no momento em que os repórteres apuravam informações sobre uma servidora lotada no gabinete do deputado.
“Ela faz o que qualquer comissionado faz. Qualquer problema da região ela entra em contato com o chefe de gabinete, tenho 15 funcionários no Estado do Rio de Janeiro. Uma carência da prefeitura, para que um parlamentar possa apresentar uma emenda para cá”, afirmou sobre o assunto.
Durante a conversa, apesar de ser proprietário de um imóvel em Brasília, o político defendeu o recebimento de auxílio-moradia.
“Como eu estava solteiro naquela época, esse dinheiro de auxílio moradia eu usava pra comer gente. Tá satisfeita agora ou não? Você tá satisfeita agora?”, disse ao ser indagado se havia utilizado o benefício para comprar o próprio apartamento.
“É um direito que eu tenho [de usar o benefício]. Onde tem alguma instrução na Câmara que diz que quem tem imóvel em Brasília não pode receber auxílio-moradia?”, questionou.
Bolsonaro ironizou que pretende vender seu imóvel em Brasília para pedir o apartamento funcional que os deputados têm direito.
“Chegando lá em janeiro, acabando o recesso, vou pedir o apartamento funcional. Inclusive, tem mais ou menos 60m² o meu apartamento, vou passar para um de 200m². Espero que pegue com hidromassagem, ok? Eu vou morar numa mansão, não vou pagar segurança, não vou pagar IPTU, no meu eu pago, não vou pagar condomínio, no meu eu pago. Eu vou ter paz.”
O pré-candidato a presidência negou ainda qualquer irregularidade no aumento de seu patrimônio. De acordo com a matéria divulgada pela Folha, o deputado e os três filhos possuem 13 imóveis em Brasílio e no Rio de Janeiro, avaliados em cerca de R$ 15 milhões.
Ele afirmou também que foi um "deslize" dizer, em um programa de TV, em 1999, que sonegava impostos.
“Quando eu falei que sonegava... quem hoje em dia e no passado nunca se indignou com a sua carga tributária? Quem quer ter segurança tem que fazer o quê? Segurança particular, quem quer ter saúde, tem que colocar o filho em escola particular...educação. Quem quer ter saúde, precisa ter um plano. Foi um desabafo, e desabafo hoje de novo também. Hoje o povo, como um todo, só não sonega o que não pode, e é uma verdade isso daí. Eu, representando o povo, desabafei naquele momento isso. Eu nunca soneguei. Eu sonego... 'Eu mato tudo quanto é bandido que vier pela frente'. Matei algum bandido?”, disparou.
Além das declarações, Bolsonaro fez críticas à imprensa e, principalmente, à Folha. “Para vocês, interessa qualquer umpresidente da República, menos Jair Bolsonaro. Afinal de contas, aquela mamata de vocês, de milhões ao longo do governo do PT, aquela mamata da Folha vai deixar de existir. Dinheiro não é para dar para vocês da imprensa desinformar, publicar mentiras ou meias verdades, o dinheiro público é para anteder à população, não para atender vocês”, disse.
Em outro momento foi questionado sobre o silêncio diante da mídia. Logo afirmou: “Se você perguntar da Folha, vou falar 'fake news, passe para outra'. Pode ter certeza. Vocês da Folha desistam. Não precisa ter aquele comitê de imprensa no Planalto. Sai fora que vocês não vão ter resposta nenhuma.”