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POLÍTICA

Voto impresso: mais transparência ou retrocesso?

  •  Processo será implantado de forma gradual e custará R$ 2,5 bilhões aos cofres públicos nos próximos 10 anos

Em outubro deste ano, mais uma novidade em relação às eleições entra o vigor: o voto impresso. Na verdade, a urna eletrô­nica continua, mas será uma urna mais moderna com a possibilida­de de impressão do voto, para que haja mais transparência e fraudes possam ser evitadas, conforme a lei 13.165/2015. A medida será implan­tada de forma gradual e, para 2018, a estimativa é que cerca de 5% (35 mil) das novas urnas com impressora acoplada sejam utilizadas com a im­pressão do voto. A mudança custará em torno de R$ 2,5 bilhões aos cofres públicos para os próximos dez anos.

É importante esclarecer que o eleitor não receberá um papel com o seu voto, até porque tal procedi­mento poderia gerar compra de vo­tos. A urna eletrônica irá gerar um papel com os dados de candida­tos que foram escolhidos para que o eleitor possa conferir se o registro está certo. Em seguida, a urna ele­trônica deposita o documento im­presso em uma outra urna. O eleitor não terá como tocar no comprovan­te, que fica atrás de uma janelinha de vidro, e ninguém mais está auto­rizado a consultar o papel. Os docu­mentos só seriam consultados pelo TSE para realização de auditorias.

Em Goiás, a previsão é que para as eleições de outubro tenham 688 novas urnas. Conforme o Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE­-GO), a distribuição dos módu­los de impressão ocorrerá de for­ma proporcional ao eleitorado em cada Unidade da Federação, e ca­berá aos TREs definir, no período de 23 de julho a 31 de agosto, às seções eleitorais que receberão os equipa­mentos. Em nota, a assessoria de imprensa do TRE-GO informou que “deve ser dada preferência aos lo­cais que disponham de infraestru­tura adequada e facilidade de aces­so para eventual suporte técnico”.

A principal diferença é que entre as urnas eletrônicas que são utiliza­das desde 1996 e as novas é que es­tas são modulares, reduzindo o es­paço ocupado pelas urnas em 45% nas aeronaves, diminuindo os gas­tos com transporte, especialmente em regiões mais distantes, confor­me justificativas. O novo modelo ainda conta com um pequeno visor na parte superior do módulo de im­pressão que permite visualizar seu voto em papel antes que ele seja de­positado no local lacrado. Ainda nas mudanças, a nova urna terá um de­sign novo e uma bateria com mais tempo de duração.

CONTRÁRIOS E FAVORÁVEIS

A implantação da impressão do voto para confirmação tem causa po­lêmica e há favoráveis e contrários à implantação do sistema. Para a pro­curadora-geral da República, Raquel Dodge, o sistema de impressão viola, por exemplo, a garantia do anonima­to de deficientes visuais e analfabetos, que não vão conseguir conferir seus votos sem a ajuda de terceiros. A pro­curadora também critica a falta de es­pecificações em relação ao processo que deve ser adotado por mesários caso a impressora da urna trave ou quebre, visto que se tiver interven­ção humana para reparo da impres­sora poderá haver exposição dos vo­tos já registrados e do cidadão que se encontra na cabine de votação. Ex­-presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes também é crítico ao mode­lo de voto impresso, principalmente pelo alto custo para implementação.

Favorável ao novo modelo, o de­putado federal e presi­denciável Jair Bolso­naro (PSL) destaca que o atual siste­ma de votação e apuração, basea­do apenas em re­cursos eletrônicos, não permite que os eleitores saibam se seus votos estão sendo de fato respeitados ou se são frau­dados. Bolsonaro, que foi o autor da emenda que levou à aprovação do voto impresso, questiona o fato de países desenvolvidos não adotarem o mesmo sis­tema eletrônico que o Brasil.

Para o professor de ciên­cia da computação da Uni­versidade de Brasília (UnB), Diego Aranha, que já parti­cipou de testes de seguran­ça de urnas eletrônicas, já afirmou em entrevistas à imprensa que software do TSE é comprovadamente inseguro. “Precisamos de um registro físico do voto para permitir verificação de que os resultados são, de fato, honestos”, declarou.

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