Dono de um sorriso carismático e uma narrativa serena, o advogado goianiense Sebastião Macalé não esconde que acompanha a política classista com bastante atenção, embora dela tenha se afastado em 2015, logo após presidir a Ordem dos Advogados do Brasil de Goiás (OAB-GO), por um mês.
Antigo conhecido dos advogados “mais simples e do interior, principalmente”, participou durante longos anos do dia a dia da Ordem, conheceu colegas dos mais diversos matizes políticos e não esconde sua decepção com a Ordem dos dias atuais.
Direto, embora bastante reflexivo, também não pensa duas vezes quando questionado sobre o candidato em quem votará para a presidência da OAB-GO, nas eleições de novembro: “Pedro Paulo de Medeiros, um jovem e brilhante colega que, desde muito cedo, como pude testemunhar, já demonstrava claramente seu interesse e devoção à Ordem”. Na entrevista abaixo, ele faz um balanço da situação da advocacia goiana, fala das principais demandas atuais e explica claramente porque apoia Pedro Paulo.
ÍNTEGRA DA ENTREVISTA
Estamos no mês em que se comemora o Dia do Advogado. Considerando sua vasta experiência na advocacia, inclusive como ex-presidente da Ordem, o senhor considera que a advocacia goiana tem, atualmente, motivos para comemoração?
Definitivamente, não. Nossa advocacia está desassistida. Percebi, nos últimos anos, um claro declínio nas condições de trabalho do advogado goiano, sobretudo para os colegas que iniciam a carreira. É possível que estejamos testemunhando o momento de maior assimetria de condições entre os operadores do direito, como definido pela Constituição Federal. O desprestigio da nossa classe representa um incomensurável prejuízo social, uma vez que representamos a sociedade em todas as suas demandas por justiça, em todas as esferas do Judiciário. Abuso, desrespeito e desprezo às prerrogativas dos advogados tem, de modo cada vez mais frequente, marcado a postura de magistrados e membros do Ministério Público, e também de delegados e autoridades de centros de custódia mais diversos, frente aos advogados. Sobretudo constrangendo colegas mais jovens e profissionais do interior, que estão mais distantes do abrigo de órgãos correicionais e da própria Ordem. Tal fenômeno tem causado grave prejuízo à representação legal em geral, atividade essencial à justiça, exercida por nós, advogados, em defesa da sociedade. A nossa luta para assegurar a garantia das prerrogativas reservadas ao exercício da advocacia, portanto, não se restringe à defesa da classe mas de toda sociedade. Portanto, para o mês do advogado, um triste balanço: a OAB, e a nossa seccional em específico, tem deixado a desejar. Não levanta nossa bandeira no sentido de garantir as nossas prerrogativas.
O pré-candidato Pedro Paulo de Medeiros tem dito à advocacia que pretende priorizar os jovens advogados, as prerrogativas, os militantes do interior e as mulheres advogadas. Qual sua opinião a respeito?
- É com muita tranquilidade que eu afirmo que, sem dúvida nenhuma, o mais sintonizado dos candidatos para a dura questão da militância de advogados jovens, advogados do interior e advogadas é Pedro Paulo de Medeiros. Apesar de ser um bem-sucedido e brilhante advogado goiano, com projeção nacional inclusive, é um advogado jovem e que mantém um contato permanente com jovens advogados. Além disso, acompanhei a sua trajetória, e sou testemunha de sua precoce militância na OABGO, que começou ainda como estagiário. Digo que ele é o melhor candidato para a defesa das prerrogativas e para auxílio de jovens advogados porque ele conhece essas dificuldades de perto. Apesar de fazer parte de uma família de advogados, soube desde cedo trilhar os próprios caminhos, encarando face-a-face esses desafios, que começaram para ele no degrau comum a todos: o estágio. Penso que, se por um lado o jovem advogado que necessita de um apoio institucional pode encontrar em Pedro Paulo não somente sua solidariedade mas proatividade no enfrentamento da questão, por outro lado, com relação à batalha em defesa das prerrogativas, toda classe terá em Pedro Paulo incansável defensor, uma vez que é notório militante da área criminal, cujo exercício, em sua própria natureza, depende das garantias e prerrogativas reservadas ao advogado para a boa execução de sua missão precípua.
Em sua visão, qual é a principal demanda da advocacia hoje?
Do ponto de vista prático, a nossa grande luta é pelas garantias necessárias para o exercício da atividade advocatícia. Entre as garantias, a atuação institucional para o cumprimento intransigente das prerrogativas será sempre ponto de destaque e, porque não dizer, de honra para a classe. Mas além disso, há outras questões fundamentais, como a fixação do piso, o reajuste adequado da tabela da Ordem, e a Tabela de Honorários Dativos. O advogado, sobretudo os mais jovens e mais simples –para não dizer pobres –são os que mais precisam do suporte da Ordem para realizar seu trabalho. Penso que a principal demanda pode se resumir nessa: poder contar com a OAB efetivamente.
Por que a advocacia em Goiás ainda se sente tão desvalorizada? O que pode ser feito para mudar isso?
Estamos vivendo um momento de grande desiquilíbrio entre as instituições e os operadores do direito. Testemunhamos um progressivo desrespeito às prerrogativas dos advogados por parte das autoridades. Mais do que nunca precisamos de uma OAB atuante, intransigente defensora dos direitos dos advogados. Restabelecer esse equilíbrio é fundamental para a classe e para a sociedade como um todo, para a adequada prestação jurisdicional. Somado a isso, há um certo “complexo de Centro-Oeste”. Alguns advogados goianos pensam que, talvez pela posição geográfica, não tenhamos condição de sair na frente do restante do País, em termos de qualidade de advocacia. É um engano. A advocacia goiana tem vocação para ser a melhor, a mais competente, e o Pedro Paulo é um exemplo claro disso: ele é um dos melhores criminalistas do País, atua em casos de enorme repercussão que, logicamente, são sempre confiados aos melhores profissionais. A OABGO também tem condições de voltar a ser referência entre as demais seccionais do Brasil. Basta que seja bem administrada.
Por que a decisão de apoiar Pedro Paulo?
- Antes de mais nada, devido ao seu preparo e pela ampla experiência, como advogado militante, mas sobretudo por ser alguém de experimentada atuação nos quadros da Ordem. Embora jovem, já ocupou a posição de conselheiro federal da OABGO, fomos conselheiros juntos. Em sua passagem pelo Conselho Federal integrou inúmeras comissões: foi presidente da Comissão de Direito Penal, procurador Nacional de Prerrogativas, membro da Comissão Nacional de Direito de Defesa, representante do CFOAB no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), membro da Comissão de Acompanhamento de Processos Legislativos, administrador provisório(ordenador de despesas) da OAB-MS e diretor da sede do Instituto dos Advogados do Brasil no CFOAB, e tenho certeza de que devo estar esquecendo muita coisa. Ele começou a trabalhar pela OABGO como estagiário e, depois de formado em Direito, entrou para a advocacia jovem da instituição. Desde então Pedro Paulo já se mostrava interessado pela Ordem e pelas lutas de nossa classe. Isso me chamou a atenção. Observava nele alguém que já se preparava para um dia fazer parte da direção e participar da luta classista, com plenas condições de assumir a direção da Ordem. Esse dia chegou! Ele conhece como poucos o laborioso sacerdócio de nosso ofício. E muito embora figure hoje entre as estrelas projetadas na constelação dos grandes juristas nacionais, ele é jovem, sabe e conhece muito bem as dificuldades de ser um advogado iniciante, que busca por espaço no difícil mercado dos dias atuais. Além disso, é um notável advogado criminalista, reconhecido nacionalmente. Nesse momento de turbulência pela qual temos passado no País, volta e meia vemos o nome dele sendo citado em processos grandes, volumosos e de impacto nacional. Por tudo isso, penso que a OABGO merece contar com a administração de alguém com esse nível de conhecimento, influência e reconhecimento. A advocacia goiana pode se beneficiar de ser representada por um profissional respeitado em todo o País. Isso confere um status àclasse. O nome que serve, neste momento, para a cadeira de presidente da OABGO é, sem dúvida nenhuma, Pedro Paulo de Medeiros.
Como ex-presidente da Ordem, que conselhos dá para o pré-candidato Pedro Paulo?
- Primeiramente, dar uma atenção especial para o advogado que tem uma dificuldade enorme de trabalhar, não apenas em Goiânia, mas principalmente no interior. Há uma necessidade premente de se criar condições, pela OABGO, para que esses profissionais possam trabalhar. Num segundo momento, buscar trazer as pessoas mais simples para a Ordem. Essas pessoas participam das eleições, votam, mas tem dificuldades de se enquadrar dentro desse processo, fazer parte. Então está mais do que na hora de se trazer esse pessoal, esse advogado, valorizá-lo, criar melhores condições para ele, porque ele é quem faz a grande advocacia. Veja bem: aquele que já está consolidado, evidentemente, não fica muito ligado ao que acontece na OABGO, ao que a OABGO faz ou deixa de fazer. Mas quem precisa do auxílio da Ordem é justamente o advogado novo, a advogada mulher e o advogado do interior com os quais, pelo que vejo, o Pedro Paulo tem um grande compromisso. Acho que esse é o caminho: trazer para a Ordem quem nunca teve oportunidade de dela participar. Tive a alegria e a satisfação de conseguir, na OABGO, um número considerável de advogados e advogadas que sempre me seguiram. Tenho a alegria de dizer que em todos os momentos da advocacia essas pessoas estiveram do meu lado. Quero pedir a todos aqueles que sempre me apoiaram, principalmente aqueles mais simples, que sempre estiveram comigo, para que possamos prestigiar Pedro Paulo. E quero dizer a todos, com todas as letras, que meu candidato se chama Pedro Paulo de Medeiros.
A advocacia goiana pode se beneficiar de ser representada por um profissional respeitado em todo o País, como Pedro Paulo de Medeiros” Testemunhamos um progressivo desrespeito às prerrogativas dos advogados por parte das autoridades. Mais do que nunca precisamos de uma OAB atuante, intransigente defensora dos direitos dos advogados”