O Poder Judiciário goiano é o que mais concede assistência judiciária comparada aos tribunais de médio porte. O dado foi divulgado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que divulgou recentemente o Relatório Justiça em Números. A diferença entre a Justiça goiana e a de Pernambuco, segunda colocada no ranking, é abissal. O índice de concessão de assistência judiciária em Goiás é de cerca de 300 mil, contra cerca de 6 mil do segundo colocado.
“O índice de concessão do benefício fica em torno de 1,8% de nossa despesa total direcionada a processo de assistência judiciária. Pernambuco fica com 0,6% de sua despesa”, afirma o juiz auxiliar da Presidência Clauber Costa Abreu, que concedeu entrevista coletiva nesta sexta-feira (31), ocasião em que comentou o desempenho da Justiça goiana no raio X do Poder Judiciário nacional publicado anualmente pelo Conselho.
De 61% em 2016, o TJGO saltou para 81% em 2017 no Índice de Produtividade Comparada (IPCjus), principal indicador desempenho do Relatório Justiça Em Números e que retrata uma evolução na efetividade do Tribunal goiano nos últimos dois anos.
O IPCjus considera as despesas totais dos tribunais, o pessoal utilizado para o julgamento de processos e o número de ações tanto no acervo quanto aquelas que entraram na Justiça no período analisado, que é sempre um ano antes da publicação do estudo. Esta evolução no TJGO foi alcançada mesmo com uma redução no número de magistrados em relação a 2016, no total de 20 juízes. Em 2016, o TJGO contava com 439 magistrados, que julgaram em média 1.441 processos. Já em 2017, ano-base do Relatório Justiça em Números, mesmo com 20 juízes a menos, no total de 419, o tribunal goiano julgou 1.588 ações.
O Índice de Atendimento à Demanda (IAD) do TJGO, indicador que verifica se o tribunal foi capaz de baixar processos pelo menos em número equivalente ao quantitativo de casos novos, tem aumentado nos últimos três anos. “Partiu de 100,6% em 2015 para 115% em 2017. Especificamente nesse caso, estamos acima da média nacional, que é de 109%”, ressaltou Clauber Costa Abreu. “Isso significa que entraram 100 processos em 2017 e o juiz julgou 100,6%, ou seja, ele entrou no acervo dele”, explicou o magistrado, para quem isso vai impactar diretamente no acervo do Poder Judiciário goiano, diminuindo a carga de trabalho do magistrado, que é de cerca de 6 mil processos por juiz.
E se os juízes goianos estão conseguindo julgar mais processos do que aqueles que estão entrando na Justiça por ano, isso significa que a taxa de congestionamento no TJGO diminuiu. “Em 2016, nossa taxa de congestionamento era de 74,4%, ou seja, o juiz conseguia julgar 26% do total do acervo dele. Em 2017, esse dado saltou para 28%. “Isso demonstra que o Tribunal de Justiça de Goiás está caminhando numa efetividade maior que a média nacional, porque em 2017 a taxa média nacional de congestionamento de processos foi de 76%”, afirmou.
O índice de processos eletrônicos, outra variável demonstrada pelo Relatório Justiça em Números do CNJ, também coloca o TJGO em destaque nacional. Em 2016, o TJGO tinha 45% do total de seu acervo digitalizado. Em 2017, esse número saltou para 74,1%. “Ou seja, de cada 100 processos em tramitação no Estado hoje, 74 deles já são digitalizados. Em 2018, esse número ainda vai se elevar, pois nós tivemos recentemente a digitalização total da comarca de Goiás, onde foi digitalizado tanto o acervo da área cível quanto da criminal”, lembrou o magistrado, que elencou ainda a digitalização de todo o acervo cível nas comarcas de Goiânia, Aparecida de Goiânia e Anápolis.
“A digitalização dos processos influi diretamente nos índices de produtividade, de controle da demanda e do IPCjus, porque o processo eletrônico também interfere nos gastos. Quanto mais digitalizado o processo menor será o gasto, com implementos para esses autos, transporte e arquivamento”, ressaltou.
REDUÇÃO DE DESPESAS
Nós estamos nos aproximando dos tribunais do País”, ressaltou o magistrado, para quem os números do Relatório Justiça em Números não devem ser analisados separadamente, mas globalmente, como no comparativo apresentado por ele à imprensa. “Só para se ter uma ideia da efetividade do Poder Judiciário goiano quanto ao IPCjus, o TJGO teve uma redução de despesas da ordem R$ 300 milhões, nos últimos três anos”, disse.
Uma das razões para esse enxugamento nas despesas foi o investimento em tecnologia, como a adoção de um aplicativo que permite que o diretor do Foro acompanhe, mês a mês, o gasto de sua unidade. “Ele pode acompanhar se houve aumento no consumo de energia, água e material. Temos exemplos no interior da identificação de vazamento em razão de um exacerbado consumo de água acusado pelo aplicativo”, contou Clauber.