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OUÇO com atenção as reclamações nas conversas e leio com preocupação as cobranças nos artigos das pessoas na família do povo goiano, questionando-me, desafiosas, a ausência súbita dos meus editoriais frequentes e contínuos ao longo dos 59 anos de jornalismo claro no idealismo, sem baixar a voz às tocaias do jaguncismo político, nem calar-me nos cárceres da ditadura, ou agachar-me ao chão das lutas nos cantos da liberdade e às rosnas da corrupção, como quando um governador fechou o Cinco de Março nas fechaduras do golpe fardado-paisano, em 1964, e outro governador fechou o Diário da Manhã na reabertura democrática, em 1984.
O que a vida trouxer, a gente tem que receber. É-me impossível voltar de olhos secos à clausura dos desencantos moedores do meu sentimento na sensação de que tudo estava acabado agora. Era a laje dos sonhos onde amigos fogem, e parentes raleiam, sob o manto do mistério quase falando nos silêncios, e eu seguia na vala dos sozinhos na desolação, lembrançoso.
Como se ouvisse gritos de feridas caladas no coração.
Segurasse na cabeça voos de ideias no pensamento.
Arrastasse no peito afagos carinhosos de mãos sujas da ingratidão.
E sentisse na face a friagem do beijo de Judas vindo de bocas que deixam, onde passam, o hálito das mordidas na traição.
A corrupção na vida pública é particular no mundo dos políticos. A mazela que um vê em outro, espelha os dois na moldura das falcatruas, amostra neles e à vista nos tetos do povo. Por isso, os tufos dos invólucros sociais arrostam-se enfurecidos nas ofensas, como se afligidos sob a tortura de ódios açougueiros de honras aos vômitos das coincidências, expelindo das congestões no denuncismo golfadas de gomas da impunidade empanzinada nos intestinos da República Brasil. Os joios com casca de trigo e os trigos com casca de joio estão sendo debulhados. Dispam-se da corrupção, todos. O Armagedom começou a separar o joio do trigo.
As autoridades, as eleitas e as nomeadas, que estão antigas nos três poderes do Estado, agem como donatárias da vida e concessionárias do destino do povo goiano. Estão deuses nelas. E fazem o Milagre da Multiplicação no dinheiro. São hipnóticos no carisma contagioso na irradiação do ilusório.
O ambiente político fica inabitável no limpo das lutas ao sol arredor das sombras onde se engordam morcegos dos bandos que revoam sobre as veias abertas do Brasil. Os escândalos são necessários. Mas não sou daqueles que se fazem de instrumento deles. As pessoas se espatifavam nas línguas. As indecências estavam à solta nas incúrias públicas e estuporadas nos alaridos individuais. A zoeira era ensurdecedora, ora contra a cafua dos corruptos, ora contra o cadafalso da Lava Jato.
O pandemônio das vozes evocava a estridência das acusações de matilhas de cães vira-lata em fundo de quintal, latindo o ressoo de barulhos no escuro das ruas. O cenário não era o dos cantos da liberdade ao verdadeiro no meu palco assolhado de lutas.
Fiz-me, então, um exílio na ilha do ideal, no meio do mar com cardumes de tubarões nos nados da devoração dos mais fracos pelos mais fortes nas espécies deles: os políticos corruptos.
Não entro nas águas
da maldade humana.
Onde houver ódio,
não estarei. Ele envenena as mentes.
Onde existir vindita;
não irei. Ela sacia-se na dor das vítimas.
Onde houve cobiça,
não estarei. Ela não tem freios na ambição.
Onde estiver a hipocrisia,
irei embora. Ela mente a verdade.
Onde souber de delatores,
não fico. Eles venderam Cristo.
Onde estão ingratos,
evito ir. Eles matam amigos no coração.
Onde sei de traidores,
saio. Eles têm inveja de heróis e queimaram Joana d’Arc viva.
Onde está quem vê erros demais nos outros,
não escuto. Esses enxergam muito pouco dentro de si.
A vida nos observa. Tantos foram vultos insignes do irismo e do marconismo, e estão vulgos desluzidos. Cometeram malvadezas perseguidoras, em proveito próprio. Iris decepcionou-se com vários. Marconi se decepcionará com diversos. Como o irismo e marconismo emendam-se nos primos Olvanir Andrade, irista, e Jayme Rincon, marconista, eles poderiam formar o elo da paz no antídoto ao veneno no ódio intrigueiro que argola o Iris e o Marconi aos prejuízos políticos para Goiás.
O convívio com as malquerenças pessoais, constrangem-me e, as políticas, distanciam-me. A odiosidade no ambiente, está repugnante, com o agravante de que o Iris Rezende e o Marconi Perillo são os imolados no prestígio de líder e na popularidade eleitoral. Culpa deles, por ouvirem os que estão pertinho dos dois, mais dos consanguíneos sem votos, nada dos eleitores.
Pelejei para convencê-los a se unirem pelo amor. Venceram os que cuidaram de uni-los pela dor. E isolei-me da frequência com suas rodas no poder.
Mas não foi esse o motivo preponderante da interrupção brusca de meus artigos na semana final de dezembro de 2016. A causa foi maioral. O fato determinante está revelado no artigo LUZ QUEBRADA, que será publicado na edição de 17 de setembro do Diário da Manhã. A leitura será um alerta das almas. A minha vida inteira escrevi escutando as manifestações na intuição e lendo as mensagens de espíritos redentores.
Meditem e olhem o panorama político do Estado e mentalizem nele uma paisagem dos cerrados goianos. Agora imaginem uma dessas tempestades brabas que ocorrem nas mudanças de tempo. E contemplem o cenário das ventanias na imagem dos outeiros. Árvores balançando as copas. Galhos quebrados cambalhotam no ar, jogam ninhos ao chão. Tocos rolam deitados, dão pinotes de pé e se despedaçam nas pedras. Folhas secas são espalhadas sem rumo e vão caindo onde os ventos levam-nas. Bichos reagem assustados, uns ficam quietos detrás dos troncos grossos, outros correm ziguezagueando espavoridos, muitos saem de tocas para ver o rebuliço e são devorados pelas aves de rapina que não perdem a oportunidade de atacar nessas ocasiões. E tudo se desarruma e se mantêm desarrumado nas desarrumações, enquanto durar o regaço do temporal.
Assim está e se manterá o quadro político no vai-volta dos líderes de partidos na correria das candidaturas nessas eleições.
Os chefes políticos de Goiás são leitores de dogmas ideológicos e teológicos, por isso não admitem que estão sendo varridos pelo furacão do Fim dos Tempos, profetizado por João Evangelista predito-lhe por Jesus.
Cumpre-se, também, o determinismo histórico do fim dos ciclos políticos no poder. E esse é o fim do ciclo do irismo e do marconismo. Os iristas e os marconistas não percebem essa fase terminal no populismo, porque na feitura da liderança deles faltou a leitura de livros dos sábios e das biografias dos estadistas que a História guardou como monumentos de seus tempos. Um é o Antônio Ramos Caiado, o Totó, leitor assíduo de Homero, Virgílio, poeta, advogado com um curso de ciências jurídicas e 16 de ciências sociais. Outro é o Pedro Ludovico, médico, lia em alemão e, Gustave Flaubert, em francês. Sobretudo, o Alfredo Nasser, pensador, filósofo, humanista, incomparável na soma de conhecimento, ministro da Justiça e Negócios Interiores e é o único goiano que governou o Brasil, como primeiro-ministro no regime Parlamentarista.
O Iris Rezende e Marconi Perillo também são dois monumentos que estarão imortalizados na áurea de suas épocas. O erro dos dois é o mesmo. Deixaram que os amigos que os receberam à sombra do poder, isolasse-os dos amigos que vieram com eles ao sol das lutas nas estradas. Mas os sombreios estão a seus lados, todos nas moitas do irismo e nas touceiras do marconismo. E usam cipós nas fugas para flecharem o Ronaldo Caiado no eleitorado, com arcos de outros. E se esquecem de que as flechas têm suas digitais, bastante conhecidas. Por isso, quanto mais a equipe de jornalistas do Palácio escreverem artigos, para outros assinarem, atacando o Ronaldo, tanto mais ele crescerá no eleitorado.
Ronaldo Caiado tem na firmeza da coerência política a retidão do caráter. Não rouba. Não mente. Não trai. Nem é líder de passarela. Nem é de correr do medo. Nem é de desfraldar bandeiras de encomendo em seu mastro. É justo. Se Ronaldo Caiado fosse governador de Goiás, a estátua de Pedro Ludovico não estaria escondida debaixo daquelas árvores e, sim, no Centro da Praça Cívica Pedro Ludovico Teixeira, em Goiânia, construída por ele, o grande adversário político do grande Totó Caiado.
O Marconi e o Iris não merecem a rasteira que estão levando do eleitorado goiano. Mas não há como se maquiar, com as mudanças da aparência, o semblante da tendência eleitoral. O povo votará, contra o Iris e o Marconi, no Ronaldo.
O Palácio das Esmeraldas não é a Casa Grande dos tempos do primitivismo colonialista. Temos três candidatos a governador nesses dias do futuro amanhecendo-se em todos os povos. O Caiado. O Caído. O Daniel na jaula dos oligarcas do continuísmo feudatário.
Basta de comerciantes e de parentes enrolando o sonho do povo nas praças públicas e desenrolando heranças em seus quintais. Existem candidatos nessas eleições que, avaliados pelos seus perjuros nas promessas vadiosas, a vida se arrepende deles.
O governador José Eliton, que já no início do mandato manteve aquela melancolia de fim de governo, deve ir se preparando para os aplausos em duas posses. Os aplausos a Ronaldo Caiado em sua posse no Palácio das Esmeraldas. Os aplausos à sua volta, do Zé, para Posse, ouvindo o jingle tocado na sua propaganda eleitoral nos programas do TRE:
“Pois é,
pois é,
é a vez do povo,
é a vez do Zé”... éééééééé é o ressoo dos ecos da Terra Ronca se repetindo nos cafundós do Vale do Paranã.