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POLÍTICA

Goiás e Distrito Federal perdem Joaquim Roriz

  •  Ex-governador por quatro vezes do Distrito Federal, ex-ministro da Agricultura, ex-vice-governador de Goiás e ex-prefeito-interventor de Goiânia morre aos 82 anos em Brasília

Morreu, ontem, em Bra­sília, o ex-governador do Distrito Federal Joa­quim Roriz, de 82 anos. Ele esta­va internado no Hospital Brasília, no Lago Sul, desde 24 de agosto, quando deu entrada com febre alta. Os médicos confirmaram a morte às 7h50, por choque séptico decorrente das complicações da infecção pulmonar, que resultou em falência múltipla dos órgãos.

Nos últimos anos, Roriz lidava com diversas doenças crônicas como diabetes, mal de Alzheimer, demên­cia, hipertensão e insuficiência renal. Ele deixa a mulher, Weslian, três filhas – Jaqueline, Liliane e Wesliane –, qua­tro netos e um bisneto.

“Estamos devastados. É um mo­mento em que só peço orações. Te­nho certeza que não é só a família que perde com a morte do meu avô, mas Brasília inteira”, disse Joaquim Neto, na porta do hospital. “Ele me­rece todo o carinho do mundo, mas está descansando agora”, completou.

O corpo do ex-governador está velado no Memoria JK. A despedi­da foi aberta ao público a partir das 16h. O enterro está agendado para às 11h desta sexta-feira, no Campo da Esperança da Asa Sul.

Roriz é o primeiro político do DF a ser velado no museu que é dedi­cado ao criador de Brasília. Ele será enterrado em cova posicionada a 20 metros da lápide do ex-presidente. O corpo será levado em carro aber­to dos bombeiros. O governador Ro­drigo Rollemberg (PSB) decretou luto oficial de três dias.

DOENÇA

O patriarca do clã Roriz estava na Unidade de Terapia Intensiva e che­gou a apresentar melhora, quando foi transferido para um quarto no último dia 10.

Contudo, voltou a ser internado na UTI dois dias depois, onde per­maneceu até o momento de sua morte. Algumas horas antes do óbi­to, Roriz sofreu uma parada cardía­ca e foi submetido à traqueostomia. A cirurgia abriu um pequeno orifí­cio na traqueia, onde uma cânula foi instalada para a passagem de ar. De­pois, sofreu mais duas paradas car­diorrespiratórias. Por volta das 10h, o corpo do ex-governador foi levado do Hospital Brasília. O velório ocor­re no Memorial JK.

Desde os primeiros rumores da notícia, começou a movimentação de parentes, amigos, políticos e im­prensa no hospital.

Diabético e doente renal crôni­co, o quadro de saúde do ex-gover­nador se agravou nos últimos anos. Em agosto de 2017, Roriz precisou amputar dois dedos do pé esquer­do por causa da diabetes. O político voltou ao hospital 11 dias depois e teve parte da perna direita ampu­tada, na altura do joelho. Dois anos antes, em novembro de 2015, Roriz ficou quase uma semana internado após um quadro de hipertensão e taquicardia. Na época, precisou ser submetido a cateterismo.

Boletim médico no fim de agos­to apontou quadro infeccioso. Joa­quim Roriz precisou ainda retomar a alimentação por sonda. Diante da piora do quadro, médicos orientaram a ex-primeira-dama Weslian Roriz a evitar visitas na unidade de interna­ção, pedido negado por ela.

LÍDER POLÍTICO

Um dos principais líderes políticos do DF, Joaquim Roriz governou por 14 anos. Foi em Luziânia (GO), mu­nicípio a cerca de 60km do DF, onde o patriarca da família nasceu e iniciou a carreira política: elegeu-se vereador e deputado estadual pelo MDB.

Foi também indicado prefeito interventor de Goiânia e governa­dor biônico do DF pelo então pre­sidente José Sarney (MDB). An­tes, ocupou o cargo de ministro da Agricultura e Reforma Agrária nas duas primeiras semanas do governo Fernando Collor.

A familiares, Roriz sempre re­latou ter recebido o ex-presidente Juscelino Kubitschek em sua pri­meira visita à região hoje conheci­da como Distrito Federal. Ele veio dar início à transferência da ca­pital no Rio de Janeiro, no litoral, para o centro do país, futuramen­te batizado de Brasília. Roriz era criador de gado e parte das terras desapropriadas pertenciam à fa­mília da esposa do ex-governador, Weslian Peles Roriz.

TRAJETÓRIA

Durante uma trajetória política em que reuniu admiradores e crí­ticos, Roriz se manteve como uma das maiores forças políticas do DF. Lançou à vida pública nomes hoje conhecidos, como o do ex-gover­nador José Roberto Arruda (PR), o ex-vice-governador Tadeu Filippel­li (MDB), o ex-secretário de Saúde Jofran Frejat (PR) e o candidato ao GDF pelo PSD, Rogério Rosso. Além deles, o político investiu em inúme­ros nomes que passaram pelo se­cretariado de suas gestões com o objetivo de conquistar cadeiras na Câmara Legislativa do DF ou na Câ­mara dos Deputados.

Em 2006, foi eleito senador. Ini­ciou o mandato em 2007 e renun­ciou após cinco meses para escapar de um eventual processo de cassa­ção devido ao escândalo da Bezerra de Ouro, que apurou o suposto re­cebimento de recursos irregulares. Após ser diagnosticado com mal de Alzheimer pelo Instituto Médi­co Legal, a Justiça arquivou o pro­cesso contra o político.

Nas eleições de 2010, Roriz che­gou a se lançar na disputa pelo Pa­lácio do Buriti, mas desistiu por ter sido enquadrado nos critérios de inelegibilidade em função da renún­cia ao mandato parlamentar. A mu­lher, Weslian Roriz, assumiu a cabe­ça de chapa, mas perdeu as eleições para Agnelo Queiroz (PT). Ela obte­ve 33% dos votos válidos. Atualmen­te, por impedimentos legais, as duas filhas de Roriz que seguiram carrei­ra política – Jaqueline e Liliane – não poderão concorrer em 2018. Contu­do, o líder do clã manifestou desejo em relação à candidatura do neto que leva o mesmo nome do político a uma cadeira na Câmara dos Depu­tados. (Com informações do jornal brasiliense Metrópoles)

 Marconi e Valéria Perillo levam solidariedade à família de Roriz

Frederico Jayme representou Zé Eliton na despedida ao ex-governador de Brasília

O ex-governador Marconi Perillo participou, ontem, do velório do ex­-governador de Brasília Joaquim Ro­riz. Acompanhado da esposa, Valéria Perillo, e de Frederico Jayme, que re­presentou o governador Zé Eliton na despedida a Roriz, Marconi falou da amizade e das parcerias realizadas com o político, nascido em Luziânia.

“À querida família de Roriz, com quem desfruto de antiga amizade, meu mais sincero pesar e minha irrestrita solidariedade”, afirmou Marconi. “Conheci Roriz na pré­-campanha do saudoso Santillo, em 1986. Colaborei com ele quando foi interventor em Goiânia. Como co­lega de Governo, realizamos mui­tas ações conjuntas. A mais impor­tante foi a construção da barragem de Corumbá IV, para gerar energia e garantir o abastecimento de água em Brasília e nas cidades do Entor­no Sul, em Goiás. O sistema produ­tor de água Corumbá IV está quase pronto e resolverá o abastecimento de água em Brasília e Entorno por décadas”, declarou em postagem em seu perfil no Instagram.

O governador Zé Eliton, em suas redes sociais, afirmou ter recebido a notícia da morte de Roriz“com pesar”. “Meu grande pesar a todos amigos e familiares do governador Joaquim Roriz, especialmente a sua mulher Weslian e três filhas Wesliane, Liliane e Jaqueline”, postou. “Roriz marcou sua trajetória política como o gover­nador que mudou Brasília e o Distri­to Federal”, afirmou Eliton, que co­mentou sobre a administração de Joaquim Roriz à frente da prefeitura de Goiânia na década de 80.

HISTÓRICO

“Entre 1987 e 1988 foi prefeito de Goiânia, cargo que deixou para uma missão maior: comandar o governo do Distrito Federal. Foi o primeiro governador eleito da capital federal, em março de 1991, cargo para qual foi novamente eleito e reeleito em 1998 e 2002. Deixou nas suas gestões as suas marcas, como um gestor pú­blico preocupado com os mais hu­mildes, além de obras impactantes, como a Ponte JK, até hoje um dos cartões-postais de Brasília”, finalizou.

 Corpo de Roriz é velado no Memorial JK

O corpo do ex-governador e ex-senador do Distrito Federal Joaquim Roriz chegou ao Me­morial JK, em Brasília, por volta das 14h de ontem, para ser ve­lado no local. Cerca de 150 pes­soas estavam no local por volta das 15h30, segundo a Polícia Mi­litar do DF. A família Roriz afir­mou que a cerimônia continua­rá aberta durante a madrugada.

Desde o começo da tarde, an­tes de o corpo chegar, eleitores se posicionavam do lado de fora do prédio. Por volta das 14h50, uma mulher desmaiou enquan­to aguardava o início da cerimô­nia. Ela foi atendida pelo Corpo de Bombeiros.

O governador Rodrigo Rollem­berg (PSB) chegou ao local pou­co antes das 16h30, acompanha­do de assessores e de candidatos da coligação. Em uma declaração rápida à imprensa, chamou Roriz de “o político mais importante da nossa cidade, depois de Juscelino”. “O Roriz resolveu o problema de moradia de centenas de milha­res de pessoas no DF. Também teve uma visão de futuro, cons­truindo as obras mais importan­tes da nossa cidade como o Me­trô, como Corumbá IV, que vai garantir abastecimento de água para as futuras gerações, vá­rias cidades, incluindo Samam­baia”, enumerou o governador.

“Um homem de grande respei­to. Um homem que ajudou muito o povo de Brasília. Mas o céu, ago­ra, ganhou um grande homem”, de­clarou o ex-secretário Jofran Frejat.

O ex-governador e ex-senador Paulo Octávio (PP) foi o primeiro político a chegar para a cerimônia. Segundo o empresário, o momen­to é de reflexão para a política atual.

O memorial, que guarda o corpo do ex-presidente Jusceli­no Kubitschek foi escolhido pela viúva, Weslian Roriz.

ENTERRO

O corpo de Joaquim Roriz será sepultado nesta sexta-feira (28), às 11h, no cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul da capital federal. Antes, haverá uma mis­sa, prevista para as 9h. Após a ce­rimônia, o corpo será levado em um cortejo – feito pelo Corpo de Bombeiros do DF e batedores – do Memorial JK até o cemitério.

Políticos prestam as últimas homenagens ao ex-governador

Políticos com ou sem man­dato eletivo, candidatos nestas eleições e autoridades dos Três Poderes integram a romaria de brasilienses que visitam o Me­morial JK, onde é realizado o ve­lório de Joaquim Roriz.

Enquanto os brasilienses en­frentavam uma longa fila do lado de fora, os políticos – como os ex­-governadores de Goiás Iris Re­zende (MDB), e do DF José Ro­berto Arruda (PR) e Maria de Lourdes Abadia (PSB), além do ex-vice Paulo Octávio (PP) – in­gressavam no hall do monumento por uma entrada privativa ou pas­savam à frente de quem espera­va. A única que aguardou a vez ao lado dos populares foi a candida­ta ao Senado Leila do Vôlei (PSB).

Os buritizáveis tamém mar­caram presença, com direito a um constrangimento. Quando Ibaneis Rocha (MDB) chegou ao lado do caixão, ele cumpri­mentou os presentes, como a ri­val Eliana Pedrosa (Pros). Mas não dirigiu o olhar para o gover­nador Rodrigo Rollemberg (PSB), que estava acompanhado da pri­meira-dama, Márcia Rollemberg.

Alberto Fraga (DEM) che­gou um pouco depois. Menos de 10 minutos depois de pres­tar a homenagem a Roriz, dei­xou o saguão do Memorial JK. O adversário na corrida pelo Buri­ti Rogério Rosso (PSD) foi outro a passar pela solenidade.

O ex-pré-candidato ao GDF Jo­fran Frejat (PR), que desistiu da disputa antes mesmo do início do período de campanha, tam­bém visitou o local

TRAJETÓRIA POLÍTICA DE JOAQUIM RORIZ

Joaquim Domingos Roriz nasceu em Luziânia (GO), distante 66km da capital federal.

Foi governador do Distrito Federal por três mandatos. Ao todo, ficou 14 anos à frente do Palácio do Buriti.

Em 1986, venceu a eleição para o cargo de vice-governador de Goiás. Seu primeiro mandato para comandar o DF veio pelas mãos do ex-presidente da República José Sarney em 1988 — à época, a capital não elegia seus gestores, o que ocorreu com a promulgação da Constituição Federal em outubro do mesmo ano.

Roriz integrou o ministério do ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1990. O goiano foi ministro da Agricultura e Reforma Agrária por 14 dias. Renunciou ao cargo para concorrer ao Palácio do Buriti. Ganhou a eleição e chefiou o Executivo local entre 1991 e 1995. Ficou conhecido pela política habitacional de distribuição de lotes em áreas públicas, criando cidades como Ceilândia, Samambaia, Recanto das Emas, entre outras.

O terceiro mandato de Roriz começou em 1999 e durou até março de 2006, quando renunciou em favor de sua vice, Maria de Lourdes Abadia, para lançar-se candidato ao Senado. Sua sucessora disputou a reeleição para permanecer no cargo até 2010, mas foi derrotada no primeiro turno por José Roberto Arruda. Roriz renunciou ao cargo em julho do mesmo ano, quando foi descoberto um esquema de propina envolvendo o banco BR, escapando do processo de cassação do mandato que poderia deixar 8 anos inelegível.

Antes de iniciar a vida política em Brasília, Roriz também foi eleito deputado estadual (1978), deputado federal (1982) e vice-governador do estado de Goiás (1986). Além disso, foi prefeito de Goiânia, como interventor, entre 1987 e 1988. O político deixa a mulher Weslian Roriz e três filhas, Wesliane, Liliane e Jaqueline Roriz. Esposa e filhas também fazem parte do cenário político do DF.

Roriz começou a vida política no Partido dos Trabalhadores (PT) em Goiás, mas a admiração pela sigla, onde só havia pessoas “com ódio no coração”, segundo ele, virou passado renegado. Aclamado pelo eleitorado, principalmente o das regiões mais carentes do DF, Roriz fazia discursos carregados de emoção, choro e apelos de forma humilde. Abraços, beijos e cochichos ao pé do ouvido de eleitores eram o estilo do ex-governador no corpo-a-corpo nas ruas.

Acumulou vitórias em mais de 30 anos de carreira política, com tropeços no português e o visível desconforto em cerimônias oficiais com autoridades. O governo dele no DF foi marcado pela remoção de favelas para assentamentos, conquistando seu eleitorado com a doação de lotes. As políticas direcionadas ao eleitor carente fazia com que a popularidade o colocassem sempre na liderança de pesquisas de intenção de voto.

No meio político, ele também ficou marcado pelo destempero e pelo envolvimento em muitas polêmicas. Foi alvo de inquéritos no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Precisou se defender de denúncias de racismo, improbidade administrativa, falsidade ideológica e crimes contra a fé pública. Em 1994, diante dos eleitores, xingou a tucana Maria de Lourdes Abadia enquanto fazia campanha para o aliado Valmir Campelo. A ofensa fez com que o PSDB migrasse o apoio para o PT, no segundo turno, em 1994, ajudando Cristovam Buarque (PT) a se eleger governador.

Ao assumir o terceiro mandato como governador do DF, em 1999, Roriz e equipe dele foram alvo de escândalos, com denúncias como as de desvios de verba do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), compra de merenda superfaturada e acordos de campanha com o bicheiro Manoel Dorso.

TRAJETÓRIA POLÍTICA DE JOAQUIM RORIZ

1962 a 1965: foi vereador de Luziânia, cidade no Entorno do DF

1979 a 1982: exerceu o cargo de deputado estadual de Goiás

1983 a 1986: exerceu o cargo de deputado federal por Goiás

-1987: eleito prefeito interventor de Goiânia (GO)

1987 a 1988: foi vice-governador de Goiás

15/3/1990 a 30/3/1990: exerceu cargo de ministro da Agricultura

1988 a 1990: foi governador indicado por José Sarney

1991 a 1994: segundo mandato de governador do DF

1999 a 2002: terceiro mandato de governador do DF

2003 a 2006: quarto mandato de governador do DF

2007: foi eleito senador

2010: candidatou-se ao governo do DF, mas desistiu da candidatura e lançou a mulher Weslian Roriz

2015: recebe o título de Cidadão Homorário de Brasília.

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