Os produtores, por suas entidades classistas sob a coordenação da Federação da Agricultura, entregaram, ontem, suas propostas aos candidatos ao governo do Estado. O Documento Goiás 2018 – Expectativas do Setor Produtivo Rural ao próximo Governador 2019-2022 foram entregues, pela ordem em horários alternados, a Ronaldo Caiado (DEM), Raquel Teixeira (PSDB) na ausência de José Eliton, Daniel Vilela (MDB), pela manhã. Na parte da tarde, obedecendo aos mesmos critérios, as propostas seriam entregues a Kátia Maria (PT), Wesley Garcia (PSol), Alda Lúcia (PCO) e Marcelo Lira (PCB). Mas, compareceu apenas a petista.
Ao abrir a sabatina, o presidente interino da Faeg, Bartolomeu Braz, repetiu praticamente as mesmas palavras. Disse que diante das eleições de 7 de outubro, estava entregando um documento reivindicatório aos candidatos ao Palácio das Esmeraldas. Em resumo, um plano contendo as propostas das entidades classistas, entre as quais a Faeg, sindicatos rurais, Aprosoja, Aprova, Aprob, AGP, Agrosem, Abraleite, OCB, AGA, AGS e Irrigo. “O documento expressa as expectativas do setor rural goiano quanto ao desenvolvimento de Goiás”, manifestou Bartolomeu.
Presidente em exercício da Faeg, Bartolomeu Braz fez uma avaliação positiva da agenda. “Esse setor é proativo, traz as demandas e propostas para o setor. Tenho certeza que as cadeias produtivas organizadas aqui neste encontro terão muito a contribuir com um futuro governo. Goiás tem potencial a ser desenvolvido e pode levar o Estado a um melhor nível. A Faeg está sempre aberta para debater as melhorias para Goiás”, assegurou.
Os candidatos potenciais como Ronaldo Caiado, Daniel Vilela e Raquel Teixeira foram unânimes em reconhecer a importância da pasta agrícola, que na reforma administrativa do governo Marconi Perillo extinguiu a Secretaria da Agricultura, acomodando suas funções na Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Científico e Tecnológico, Agricultura, Pecuária e Irrigação. Ronaldo e Daniel prometeram recriar a pasta. Raquel optou por justificar a medida “por razão econômica”. O segmento agropecuário quer a Secretaria do Agronegócio, envolvendo toda a cadeia produtiva.
Kátia Maria agradeceu ao convite de participação na sabatina com os produtores, manifestou favorável ao diálogo aberto. Considerou que “embora mantenham posições divergentes com as lideranças classistas rurais, defendeu os pontos convergentes”. Entre as quais, ligadas ao associativismo, cooperativismo e da sustentabilidade.
SECRETARIA DE AGRICULTURA SERÁ RECRIADA
Identificado por Ronaldo Caiado como fundamental para o desenvolvimento de Goiás, o setor rural terá papel importante para tirar o Estado da crise e torná-lo referência nacional. Por este protagonismo o senador afirmou ontem que pretende recriar a Secretaria de Agricultura e colocar à frente um nome escolhido por sua competência, credibilidade e ousadia nas ações.
“Seria incompatível com minha fala não dar voz nas decisões do Estado a um setor que é o sustentáculo da nossa economia. Vocês sabem da minha luta. Por isso sei que temos de ter ali um nome em condições de representar a classe e dar a Goiás a credibilidade e a dimensão que ele merece”, afirmou, reforçando que irá ouvir os representantes da área nesta escolha caso seja eleito governador.
Segundo o senador, todos os esforços são para que Goiás supere a crise e dê um salto de desenvolvimento que seja destaque no cenário nacional. “Acreditem porque faremos de Goiás referência nacional. Esse setor que sempre me acolheu vai me dar condições de governabilidade e vamos mostrar como se governa com o apoio do setor produtivo”, conclamou.
Lembrando de sua profunda ligação com o meio rural, Ronaldo afirmou que sua tarefa é dar condições para que seu potencial seja melhor aproveitado em benefício de toda a população. “Temos de ter reciprocidade entre o que o setor oferece ao Estado economicamente e o retorno que damos a ele em forma de melhorias nas rodovias, na segurança, de condições de regras jurídicas claras e de reconhecimento de sua importância por parte do governo. O setor é um forte aliado para sairmos da crise”, assegurou.
O candidato também tocou em pontos que considera importantes na administração de uma forma em geral. “Priorizarei a reforma administrativa, tolerância zero com a corrupção, a aplicação do compliance público, a transparência na gestão e eficiência no governo. Não é uma campanha para mudar o governador, mas para mudar o modelo de gestão”, destacou. Compliance, traduzindo do inglês para o português, significa complacência.
AÇÕES DO ATUAL GOVERNO
Substituindo o governador José Eliton, Raquel Teixeira, que concorre à sua vice, justificou a ausência a ausência do candidato dos tucanos. Alegou compromissos de última hora. Pouca familiarizada aos assuntos agropecuários, pouco se aprofundou na recriação da Secretaria da Agricultura.
Teceu considerações, contudo, sobre educação, recursos hídricos, convênio de desenvolvimento da bacia do João Leite, fomento da cadeia do leite em São Luis de Montes Belos, da pesquisa através da Emater, avanços de ordem ambiental, segurança no campo, através da Patrulha Rural, redução da burocracia para retirada da licença ambiental e logística nos transportes. Disse que o governo Marconi multiplicou as rodovias estaduais, deu maior garantia sanitária aos produtores agrícolas e pecuários, aumento do nível de escolaridade, entre outros aspectos.
Daniel Vilela (MDB) surpreendeu a quem o ouviu pela primeira vez. De família agropecuarista da região de Jataí, Sudoeste Goiano, fez discurso parecido com o de Ronaldo Caiado, quando falou de “tornar Goiás uma referência” em sua administração, caso eleito. Condenou a carga tributária, a burocracia e a inoperância administrativa. Condenou o que chamou de “cabide de empregos”. Anunciou os cargos comissionados serão ocupados por funcionários do quadro efetivo. Quanto à questão da licença ambiental, tão critica pelos produtores, prometeu simplificá-la.
A criação de uma pasta do agronegócio mereceu a sua consideração na sabatina com os produtores. “Goiás é forte na cadeia da atividade agropecuária, então justifica uma pasta forte do setor”, disse. Quanto à produção in natura que o Estado comercializa, entende que cabe “uma maior agregação de valor”, ou seja, os grãos devem ser transformados e industrializados, gerando maior emprego e renda ao Estado.
Ele demonstrou preocupação com o futuro imediato de Goiás, observando que a folha de pagamento do funcionalismo está em déficit já nos próximos dois meses. Entre suas propostas de saneamento financeiro, está incluídas a redução da máquina publica. Como “cortar as mordomias do Palácio das Esmeraldas e das secretarias de Estado”, observou, ganhando aplausos dos presentes. E arrematou:–o governo gastou um bilhão apenas em propaganda.
SUGESTÃO DOS PRODUTORES
As propostas dos produtores goianos, levantada pela Faeg e os parceiros, entregue aos candidatos a governador do Estado, constam: educação, capacitação profissional e saúde; infraestrutura e logística; pesquisa, assistência técnica e extensão rural; meio ambiente e recursos hídricos; política agrícola e desenvolvimento regional; defesa agropecuária e segurança alimentar; segurança rural.
No item política agrícola, o documento reivindicatório observa que “Goiás tem alcançado bons resultados econômicos”. Cita que o ano passado o Valor Bruto da Produção alcançou R$36,1 bilhões. A agropecuária respondeu por 80% das exportações, somando cerca de US$6 bilhões ou R$24 bilhões. O Estado está entre os quatro primeiros na produção agropecuária.