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Dívidas de Goiás podem ser ainda maiores do que anunciadas

O governador eleito Ronaldo Caiado (DEM) terá um de­safio pela frente: reorgani­zar as contas de um Estado que foi desmontado diante da crise nacional e regional.

A equipe de transição coorde­nada pelo engenheiro civil e sena­dor Wilder Morais – nomeado por Caiado para acompanhar de perto as contas e monitorar o grupo de trabalho – tem a obrigação de mos­trar todas as deficiências financei­ras do Estado de Goiás, prever re­ceitas e despesas e, sobretudo, agir com rapidez, caso seja necessário acionar a Justiça e órgãos de con­trole para proteger a população da ineficiência dos serviços públicos.

Além das despesas do governo e do acompanhamento da políti­ca fiscal, que tem uma tendência de queda com o fracasso da in­dústria e comércio goiano, o que chama atenção é a mastodôntica dívida pública federal.

O montante chega a R$ 18,8 bi­lhões, entre dívidas da administra­ção direta e indireta (sociedade de economia mista). Os dados de ju­lho mostram apenas um retrato que pode ser fiel à realidade, na medida em que o próprio Governo Fede­ral orienta que podem existir dívi­das com o INSS e credores externos.

Outra dívida que tem se acumu­lado nos últimos anos diz respeito aos precatórios – cada vez mais pre­sentes na seara dos pagamentos das atividades coletivas e particulares governamentais. O Conselho Nacio­nal de Justiça (CNJ) estima esta dívi­da na casa de R$ 1 bilhão.

Mais do que a dívida com a União, o que preocupa é a despesa pública que é gasta no cotidiano das repartições. Diversas reportagens publicadas na imprensa goiana, in­clusive no DM, que antecipou repor­tagem sobre o Estado em frangalhos que chegará nas mãos de Caiado, demonstram que existe grande de­sequilíbrio nas despesas correntes.

A equipe de transição de Caiado não sabe, por exemplo, qual a situa­ção da despesa de capital, despe­sas extraorçamentárias (que já teria motivado uma ação do Ministério Público) e o gasto com servidores públicos – Goiás é um dos três esta­dos com maior número de comis­sionados na administração direta.

Por isso as dívidas atuais e ur­gentes que fazem a máquina fun­cionar é o que mais deixa os futu­ros gestores apreensivos, apurou o DM. É o caso da dívida de cerca de R$ 280 milhões com as Organiza­ções Sociais (OSs), que atendem 17 unidades hospitalares em Goiás. Se a situação é crítica na saúde, o Go­verno de Goiás tem uma dívida em torno de R$ 60 milhões com as enti­dades privadas de ensino universi­tário. Pelo menos 20 mil alunos es­tão ameaçados com a dívida que já chega a seis meses.

É de interesse da equipe de Ro­naldo Caiado realizar a projeção do comportamento da receita. E buscar rapidamente ter em mãos todos os empenhos – sejam eles estimativos ou ordinários.

CENÁRIO NEGATIVO

O problema de Goiás não se resume apenas as denún­cias de corrupção. A imagem do Estado que crescia perante o país sofreu um abalo nos úl­timos anos, a ponto de reduzir a procura de empreendedores que desejam investir no Estado.

A baixa alta estima é revelada por números irrefutáveis divul­gados em sua maioria pelo Ins­tituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A “Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física Regional” mais recente, por exemplo, mostra que a cri­se atropelou a indústria goia­na: Goiás é o estado que mais sofreu perdas no ano (-3,6%).

Para não ter dúvidas, no mesmo período, o IBGE apon­tou que o Amazonas teve alta de 10,9% e Pará 9,2%. Principal vocação econômica dos goia­nos, o agronegócio, na safra de cereais, totalizou 21,58 mi­lhões de toneladas, 4,8% in­ferior ao total obtido na safra de 2017 (22,67 milhões de to­neladas). Da mesma, forma o comércio teve brusca queda.

Dependendo do cenário, os especialistas podem sugerir o decreto de “Estado de calamida­de pública no âmbito da admi­nistração financeira”, como ocor­reu no Rio de Janeiro. Diante da realidade amarga, infelizmen­te, as reações, muitas vezes, po­dem ser impactantes e rigorosas.

Caiado discute soluções de gestão com especialistas em São Paulo

O governador eleito Ronaldo Caiado (Democratas) dedicou, ontem, a compromissos em São Paulo para tratar de assuntos re­ferentes à política nacional e à si­tuação fiscal de Goiás. O intuito dos encontros foi debater com especialistas soluções de boa gestão a serem implantadas em Goiás a partir do ano que vem.

O primeiro encontro na capi­tal paulista foi com a economis­ta e ex-secretária da Fazenda Ana Carla Abrão, com quem o demo­crata conversou sobre a realidade econômica do Estado. Na sequên­cia, Ronaldo Caiado teve encontro com a CEO do Instituto Comuni­tas, Regina Célia Esteves de Siquei­ra. O instituto foi contratado pelo democrata para fazer o cruzamen­to de dados do atual governo du­rante o período de transição.

Segundo Ronaldo Caiado, o Co­munitas também terá como papel fazer avaliação e sugerir formas de implantar o plano de governo dentro da realidade fiscal que será apresentada ao fim dos trabalhos da equipe, que é coordenada pela se­nador Wilder Morais (Democratas).

INSPER

Ainda em São Paulo o governa­dor eleito visitou o Instituto Insper e foi recebido pelo atual presiden­te, Marcos Lisboa. “Discutimos o cenário político nacional e a si­tuação fiscal do Brasil e de Goiás, sempre com foco nas soluções para uma boa gestão”, contou o se­nador. “Da conversa, surgiu a pos­sibilidade de o Insper conceder bolsas a funcionários do Estado, para especialização”, completou.

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