O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou hoje o tempo levado pelo governo federal para reagir aos impactos no país gerados pela pandemia do novo coronavírus.
"O governo demorou, não fez de forma sistêmica um pacote organizado", afirmou o deputado.
Maia participou de uma conversa transmitida online com a economista-chefe do banco Santander, Ana Paula Vescovi, e expôs suas avaliações sobre o atual cenário da economia.
"Precisa sempre do passo de alguém para estimular o governo a dar outro passo", ele afirmou. "A gente vai ficando a reboque de decisões de outros países ou de pressões setoriais".
Segundo o deputado, algumas questões de interesse direto da população já começaram a sair do lugar, como renda mínima e emprego, mas ainda falta muito a fazer.
"Falta a questão do apoio às empresas, o governo está muito tímido, não toma decisões", disse. "No campo econômico e social, as coisas vão acontecendo lentamente".
Na área de saúde, o deputado afirmou que "não entende muito do assunto", mas ressaltou que "a questão dos fabricantes de respiradores deve estar melhor organizada, como se estivéssemos em guerra".
"O que me preocupa daqui para frente é que vão ter muitas boas ideias. A soma de boas ideias, de interesse particular, pode ter resultados não necessariamente do interesse coletivo. Esses conflitos podem acabar desorganizando o processo", afirma Maia.
O deputado federal acredita que o atual momento de crise pode e deve ser aproveitado para melhorar a relação do Congresso Nacional com o poder Executivo.
"A reforma tributária está bem encaminhada. A administrativa está aguardando que o governo a encaminhe. Tenho dificuldade em trabalhar com reforma fantasma", criticou.
"Me assusta que, no final, conflitos possam acabar desorganizando o processo e a gente comece a pinçar soluções setoriais para um problema que me parece horizontal".
Ao ser questionado sobre o "fôlego" que o país tem diante do que ainda está por vir, Maia respondeu, entre outras coisas:
"Que os recursos da renda mínima cheguem rápido às famílias. (...) Temos que esperar que essa parte seja executada para avaliar como fica a relação privada e suas demandas".
Com informações do UOL