O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) demonstrou "perplexidade" nesta quarta-feira (8), com a decisão da Justiça de trancar a investigação contra o padre Robson, por suspeita de desvios milionários na Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe).
O órgão revelou ainda que, semelhante a esta apuração existe outra, no mesmo âmbito, que tem como investigados agentes da Polícia Civil (PC-GO), suspeitos de corrupção quando o padre foi alvo de uma extorsão de hackers, que originou a apuração sobre as movimentações irregulares.
"A defesa do padre afirmou em nota que "nunca houve irregularidade enquanto o padre Robson presidiu a Afipe" e que a "decisão do Tribunal de Justiça é autoexplicativa".
As informações foram repassadas durante entrevista coletiva virtual. Conforme o promotor de Justiça Sebastião Marcos Martins, chefe do grupo responsável pela Operação Vendilhões, que investigou o padre por suspeita de desvios de R$ 120 milhões, "as informações trazidas pela defesa do pároco que serviram como base para o pedido de trancamento "não correspondem aos fatos"
Ele explicou que concorda com a defesa do padre, de que a investigação fica na aquisição de bens, como fazendas e casa na praia pela Afipe, mas sem irregularidades feitas a partir delas. Por isso, reforçou que o órgão vai recorrer da decisão.
A decisão do TJ-GO paralisou o processo do MP-GO, na terça-feira (6), por meio de hábeas corpus concedido em favor do padre, o que obriga os promotores a interromperem a investigação sobre o suposto desvio de R$ 120 milhões do dinheiro doado por fiéis
A decisão fala que o MP não deve i vestigar se a Afipe pega a doação e compra fazenda. Nós concordamos, porque não investigamos isso. Se compra fazenda, casa na praia, compra sino caro. Isso foi a mídia que tratou dessa forma. Sempre dissemos que isso é lícito. A nossa questão são nós desvios feitos a partir das compras realizadas. É uma decisão que a gente ficou perplexo", enfatizou.
O MP apontou ainda que os supostos desvios na Afipe foram usados para a aquisição de imóveis para alguns parentes do padre Robson e que isso caracterizaria um crime.
Para justificar que o entendimento não foi correto, o promotor disse que a Justiça trancou não só a apuração sobre nós desvios, mas também outra que versa sobre a suspeita de corrupção praticadas por agentes da Polícia Civil bocado da extorsão ao padre, o qual originou a Operação Vendilhões.
"Não do neste momento [quando ele foi alvo de hackers]. Pode ter ocorrido corrupção em outros fatos que são também objeto de investigação. O procedimento apura a manipulação de dados do sistema da PC. É o MP fazendo uma investigação criminosa sobre agentes da Polícia Civil que, por alguma razão, tiveram contato com a Afipe e podem ter também extorquido o padre", completou.
Segundo o site G1, Martins não disse quando essa investigação dos policiais começou, mas destacou que trata- se de uma "linha de investigação sigilosa". Para sustentar que não havia motivo para trancamento, incluindo desta ação, ele disse não ver qualquer relação com o que foi defendido e utilizado como argumento para bloquear a apuração.
"O que a compra da fazenda tem a ver com a polícia civil que está praticando o crime na delegacia de polícia e está sujeitando alguém a uma extorsão ou algum tipo de constrangimento? É uma investigação que nós temos sobre a Polícia Civil. Não tem por onde se vincular essa investigação ao tema que era discutido hábeas corpus. Não tem nada a ver uma coisa com a outra", assegurou.