O primeiro debate entre os candidatos ao Paço Municipal que ocorreu na noite desta quinta-feira, 8, na Associação Comercial do Estado de Goiás (Acieg), mostrou dois grupos de postulantes: os mais preparados e outros que repetem termos fáceis e clichês como "gestão inteligente", "cidade inteligente", "investir pesado", "choque de gestão", "virada tecnológica", mas com pouca profundidade na construção do discurso.
Vanderlan Cardoso (PSD), Fábio Júnior (UP) e Virmondes Cruvínel se mostraram mais preparados, com abordagens e raciocínios lógicos baseados em suas experiências e propostas mais concretas. As inferências foram razoáveis. Mas a regra dos demais foi a monotonia.
A tônica das promessas perpassou lugares-comuns e propostas consideradas temerárias - Maguito Vilela (MDB), por exemplo, disse que não vai aumentar nenhum imposto durante quatro anos de governo.
O debate foi mediado pelo jornalista Rubens Salomão (jornal "Hoje"), que apresentou "eixos" de discussão que abrangem competências da Prefeitura sob a ótica da Acieg - a promotora do encontro.
Os sete primeiros colocados da primeira pesquisa Serpes foram convidados para participar do debate no auditório da entidade.
O terceiro bloco foi guardado para perguntas dos próprios candidatos, que muitas vezes realizaram abordagens "marotas" tendo em vista prejudicar os oponentes. Esse bloco foi zero a zero para todos.
Com poucas polêmicas, a troca de propostas teve apenas algumas pontuações mais críticas, defesas de teses mais ideológicas (Fábio Júnior principalmente) e análises do desempenho da gestão de Iris Rezende (MDB). Maguito e Vanderlan foram elogiosos e respeitosos ao emedebista.
Mas um elogio surpreendeu pelo "fair play": Vanderlan enalteceu a deputada Adriana Accorsi (PT) e governador Ronaldo Caiado (DEM), pela lei em vigor a partir desta quinta-feita que transforma os pit dogs em patrimônio cultural imaterial dos goianos.
No primeiro intervalo, Rubens Salomão questionou os candidatos que estavam sem uso de máscaras quando não apresentavam suas propostas.
A restrição demonstrou o rigor do evento.
No eixo da saúde, o destaque ficou por conta de Adriana Accorsi (PT), que tratou da necessidade de uso de tecnologia para conectar de forma mais rápida a agenda dos hospitais com o goianiense.
Em outro momento, ao falar de economia, ela defendeu o auxílio emergencial e pontuou o exemplo do polo moveleiro do Jardim Guanabara.
"Mobilidade e Espaço Urbano", um dos eixos debatidos, teve boa articulação de Virmondes Cruvível (Cidadania), que chamou atenção para a necessidade de criar um plano de mobilidade para a região metropolitana. "É preciso que o cidadão seja ouvido e respeitado".
Para Virmondes, o ciclista deve ser tratado como cidadão de direitos. Mostrou "verdade" no que falava, além de desenvoltura.
Alysson Lima (Solidariedade) tratou do "Eixo mulher" sem "entrar" no tema com dados e angulação. "A mulher ainda não é protagonista das ações", disse. Estava irado ao falar da atual gestão.
Não soube articular exemplos claros de como inserir a mulher em ganhos e conquistas. E defendeu de forma genérica o fortalecimento da Secretaria da Mulher.
Criticou a gestão atual várias vezes. Seu pior momento foi chamar a gestão de Iris de "medíocre", quando as pesquisas não revelam este sentimento da população. A palavra pesou. Os bons modos indicam uma expressão melhor - até crítica, mas refinada.
Sobre industrialização, defendeu a "limpa" e que não agrida o meio ambiente, saindo-se bem neste tocante.
Fábio Júnior (UP), que é motorista de Uber, surpreendeu no debate, com apresentação de propostas menos "artificiais".
Questionou a desorganização tributária que vem de cima ("Paulo Guedes é ideológico") e defendeu "justiça social" e "investimento público pesado" - teve, sim, seu clichê vernacular.
Foi um dos poucos que remeteu a um tema essencial na democracia das cidades: os direitos individuais. Seu "modelo" de tributação - caso eleito - será "europeu".
Reclamou do excesso de eixos sobre finanças e impostos levantados para ele debater:"Parece que todas as questões de tributos vem pra mim, né?". E questionou Maguito: "Estranhei que ele queira abrir mão".
Juventude
No eixo "Juventude e Esportes", o candidato Vanderlan Cardoso (PSD) foi propositivo e mostrou sua experiência de gestor em Senador Canedo: o que não deu certo e o que deu.
"O jovem é sonhador", disse Vanderlan. "É preciso tirar os jovens das drogas. Mas não só isso. Jovem quer ter oportunidade na vida".
O candidato do PSD disse que defende "políticas voltadas para qualificação, para o jovem ter sua própria empresa".
Segundo ele, "o esporte é importante, já que as escolinhas tiram as crianças da ociosidade e as notas [na escola] melhoram. Devemos buscar parcerias com a iniciativa privada".
"Conforme nosso plano de governo, nós vamos levar escolinhas para todos os bairros. Oportunidade para jovem qualificar e ter emprego e seu próprio negócio. Temos o projeto de polos de desenvolvimento para todas as regiões. As nossas regionais terão ações voltadas para criança e adolescente".
Citou seu exemplo de vida quando jovem, que "sonhava em empreender".
Foi muito bem ao falar do setor de Tecnologia da Informação (TI), demonstrando conhecimento sobre o segmento. Disse que pretende levar polos e segmentos para a região Noroeste e repetir a "experiência" de Campinas, em São Paulo.
Maguito Vilela foi sorteado para debater o eixo "Educação, diversidade e inclusão social".
Deu azar, pois o eixo era extenso demais. Tratou apenas de educação e não conseguiu a tempo falar dos demais assuntos, o que deixou a desejar para os participantes que ansiavam entender sua posição sobre as minorias, caso de deficientes.
Vilela demorou para entrar no "assunto". Disse que "educação é tudo". Para ele, "educação é o que há de melhor. Melhor investimento. É o que combate tudo de ruim e de errado e privilegia tudo que é bom da humanidade. Aliás, a humanidade só vai melhorar na hora que todo mundo ser bem educado. Por isso vamos investir pesado em educação".
Maguito defendeu a construção de mais CMEIs e "investir em ensino fundamental, que seria "obrigação das prefeituras".
Norte-Sul
Sobre infraestrutura, em outro momento, disse que "vai cuidar de pessoas", mas construir "obras estruturantes como pontes e viadutos. Afirmou que é preciso construir a "Leste-Oeste e Norte-Sul". Deu a entender que falava da ferrovia e não do eixo.
Mas em Goiânia existe, de fato, a previsão do eixo Norte-Sul.
Elias Vaz debateu burocracia: "A Prefeitura tem muitas questões que evidenciam o grande prejuízo com sua ineficiência".
Citou exemplo de raios-X alugados enquanto outros estavam perdidos na "burocracia" da Prefeitura. Foi menos crítico do que o habitual.