Nesta terça-feira (17/11), o presidente da China Xi Jinping e o presidente Jair Bolsonaro usaram a cúpula dos Brics para trocar críticas veladas, inseridas em discursos diplomáticos.
Em um evento virtual organizado pela Rússia, o líder chinês defendeu ações ambientais e o Acordo de Paris, pediu a proteção ao multilateralismo e à ONU (Organização das Nações Unidas), citou indiretamente o acordo com o estado de São Paulo sobre vacinas e defendeu que, na crise da covid-19, a saúde seja prioridade. Jinping não citou em nenhum momento o Brasil em seu discurso. Mas sua fala deixou claro a distância que existe entre Brasília e Pequim.
Bolsonaro, de seu lado, não fez qualquer referência ao multilateralismo ou à ONU e assumiu uma agenda defendida por Donald Trump contra a China.
O presidente deixou clara sua posição ao tocar em temas delicados para a China e alertar sobre os riscos de uma nova geopolítica internacional ganhar corpo num período pós-pandemia. No Itamaraty, o temor é de que a nova era seja marcada por uma forte influência de Pequim.
Não por acaso, Bolsonaro usou o discurso para indicar que o Brasil vai caminhar num sentido de evitar que tal influência se transforme em uma ameaça. "A crise sanitária impôs grandes desafios à estabilidade internacional", disse.
"O Brasil lutará para que prevaleça em um mundo pós pandemia um sistema internacional pautado pela liberdade, pela transparência e segurança. Para que isso se concretize, é fundamental defender a democracia e defender as prerrogativas soberanas dos países", disse.
Os termos são os mesmos que o governo de Donald Trump se utiliza para criticar o Partido Comunista Chinês e sua suposta ameaça à ordem internacional.