Home / Política

POLÍTICA

Democratas e PSL: fusão dará origem ao maior partido do país

Candidatura para a Presidência é apenas uma das arestas que o comando da legenda, que teria Bivar como presidente e Neto como vice, teria de aparar

Depois de meses de negociações, PSL e DEM estão prestes a dar os últimos passos rumo à fusão que dará origem ao maior partido do país. A Executiva dos Democratas se reuniu ontem, em Brasília, para deliberar sobre a proposta de união entre as legendas e, caso a avalize, o compromisso deverá ser formalizado em outubro. A relação está gerando incômodos no Palácio do Planalto.

A cúpula do PSL, comandado pelo deputado federal Luciano Bivar (PE), também será convocada esta semana para se debruçar sobre o tema. Mas, como o movimento em busca da junção de forças partiu da sigla, seus dirigentes não devem criar entraves — o que motiva as duas legendas é um jogo de ganha-ganha para ambos os lados.

O PSL caminha rachado desde que o presidente Jair Bolsonaro rompeu com Bivar e se desfiliou do partido. De lá para cá, fieis integrantes da base aliada e inimigos do Palácio do Planalto convivem às turras dentro do mesmo espaço. Assim que o chefe do Executivo anunciar para qual legenda irá, seus apoiadores, como as deputadas Carla Zambelli (SP) e Bia Kicis (DF), por exemplo, vão acompanhá-lo. A migração em massa levará nomes e votos. Quem sair, porém, deixará para trás um portentoso caixa — somados, os fundos eleitorais das duas legendas chegam a R$ 320 milhões. E isso atrai o DEM, que recebeu R$ 120 milhões em 2020.

Um dos partidos mais tradicionais do cenário político pós-redemocratização, o DEM enxerga na fusão o fôlego financeiro de que precisa para lutar contra o processo de esvaziamento recente. Presidida pelo ex-prefeito de Salvador ACM Neto, a sigla tem nomes de expressão nacional e com perspectiva de vitórias importantes em 2022. O próprio Neto é um candidato competitivo na corrida pelo governo da Bahia, assim como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que concorrerá à reeleição.

Terceira via

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), vem sendo cotado para vestir o figurino da terceira via e se candidatar à Presidência da República, embora ele também venha negociando com o PSD.

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, outro quadro do DEM, seria o plano B. Do lado do PSL, o apresentador José Luiz Datena, que se filiou recentemente, já deixa claro que ambiciona o mesmo espaço de destaque. Ele também tem convite do PDT e conversas marcadas com os ex-governadores de São Paulo Geraldo Alckmin (ainda no PSDB, mas costurando a saída) e Márcio França (PSB).

Essa é apenas uma das arestas que o comando da futura legenda, que teria Bivar como presidente e Neto como vice, teria de aparar. Outras se multiplicam pelos estados, onde os cenários domésticos por vezes inviabilizam a presença de integrantes de DEM e PSL no mesmo palanque.

A perspectiva de nascimento de um partido de grande porte com nomes dispostos a se lançar ao Planalto gerou reações em torno de Bolsonaro. De acordo com o colunista do GLOBO Lauro Jardim, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, foi escalado para melar as tratativas e tem trabalhado para convencer Bivar e Rueda a desistir da empreitada.

Conversa com PP

Antes de se aproximar do DEM, o PSL chegou a negociar a fusão com o PP. Dois pontos, no entanto, emperraram as negociações. O PSL não aceitou que Bolsonaro fosse filiado à futura legenda e tampouco concordou em declarar apoio a ele. O PSL também não concordou com a concentração de poderes que ficaria nas mãos de Ciro Nogueira. Embora ele tivesse topado ocupar a Secretaria-Geral de uma eventual futura sigla, Nogueira teria mais força do que o presidente, Bivar. Caberia a ele, por exemplo, o controle do fundo partidário.

Juntos, DEM e PSL teriam a maior bancada na Câmara com 81 deputados e somariam sete senadores e cinco governadores. A nova sigla, com nome ainda a ser discutido, também teria maior fatia de recursos eleitorais, somando cerca de R$ 330 milhões em 2022, valor que pode ser ainda maior caso o Congresso opte por aumentar as porcentagens destinadas a todas as legendas.

Delegado Waldir: união está bem encaminhada

Fusão de DEM e PSL deve ser oficializada nos próximos dias, após as reuniões da executiva de ambos os partidos, respectivamente, informa o deputado federal Delegado Waldir (PSL). Após a fusão, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) leva de três a quatro meses para homologar. “Hoje as discussões estão bem amadurecidas e há 90% de possibilidade de ocorrer essa fusão. Então essa semana bate o martelo e depois é a parte jurídica a ser decidida no TSE.”, afirma.

A pressa para a decisão vem do fato de que caso essa homologação ocorra até fevereiro, a chance de o partido obter novos filiados na janela partidária que abre em março, é maior.

No entanto, sem a homologação, é possível que novos integrantes se mantenham receosos de se filiar ao partido e não poderem se candidatar. “Tem um prazo que os deputados tem uma janela para mudar de partido, então até o ano que vem tem que ser feita essa fusão. é feita a fusão por ata pelos partidos e depois vai para homologação do TSE”, pontuou Waldir ao Jornal Opção Online.

A nova sigla precisará fazer uma espécie de reposição de deputados no mês de março. Hoje, ao todo, enquanto o PSL tem 53 deputados, o DEM possui 28. Ao todo, são 81 parlamentares. Após a fusão, o próximo passo será oficializar quem ocupará as funções no partido em cada um dos estados. Segundo o delegado, já há boa noção sobre essas informações, nos bastidores, mas elas só poderão ser divulgadas após a fusão oficial. “Uma vez que homologuem essa aliança, fica a definição.

Hoje já existe um cenário bem perfeito em relação ao quadro que ficaria em cada estado, mas não é possível adiantar nada antes da fusão propriamente dita”, explica.

Waldir, que se reuniu com o governador Ronaldo Caiado (DEM), na manhã desta segunda-feira, 20, para discutir burocracias da fusão, explica que dúvidas vêm sendo esclarecidas a partir do diálogo. “Estamos mantendo um bom diálogo com o governador para tentar acertar as pequenas pendências que ainda existem”, acrescentou. Já quanto a aspectos como número e nome do partido, nada ainda foi definido.

O nome provavelmente será escolhido através de campanhas de marketing e pesquisas. No entanto, segundo ele, não há pressa. O que é avaliado é que se mantenha o número 25, de acordo com o portal Poder 360, uma vez que o 17 ficou muito identificado com Jair Bolsonaro (sem partido). Além disso, após a fusão, quem deve assumir a presidência nacional do novo partido é Luciano Bivar, atual presidente do PSL.

Leia também:

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias