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O novo velho Centro

Sob os traços do arquiteto Attílio Corrêa Lima nasceu o Centro de Goiânia, um bairro planejado com fortes influências da arquitetura art déco. O setor teve seu auge nas décadas de 70 e 80, em que transpirava charme e modernidade. Porém, prédios históricos foram ofuscados pela poluição visual do comércio. Casas com traços do estiloestão abandonadas e muitas deram lugares a prédios.

Contudo, atualmente há um movimento de redescoberta do setor. Diversos projetos de revitalização do Centro foram pensados, mas sem ir para frente. Muitos prefeitos bateram na tecla da Lei das Fachadas, que foi refeita ano passado, e incentivava os comerciantes a revitalizarem suas fachadas com incentivos fiscais. No entanto, não houve adesão esperada.

“O projeto de revitalização do centro já se arrasta por 25 anos. Esse período será conhecido como hiato histórico da cidade. O centro está fora dos projetos das grandes redes, franquias, escolas e outros equipamentos”, argumenta o escritor, designer, arquiteto e urbanista Alexandre Perine.

Para o arquiteto, a precarização do centro é um processo fomentado pela expansão imobiliária da cidade. “Não é um processo sadio ou bacana”. Admirador do traçado original do plano de Attílio Corrêa Lima, para ele, a referência art déco é, sem dúvidas, o principal atrativo do conjunto arquitetônico do centro de Goiânia.

“Desde edifícios símbolos, como Teatro Goiânia e Estação Ferroviária até em pequenos prédios comerciais essa arquitetura está presente”, explica.

Redescoberta
Apesar de todas as problemáticas que escondem as belezas do Centro, o setor, ao longo dos anos também passou por algumas revitalizações importantes, como a da Praça Cívica e da Estação Rodoviária de Goiânia.

Por estar perto de alguns centros culturais, como o Teatro Goiânia, Centro Cultural Goiânia Ouro, Teatro Sesc Centro, Cine Ritz e receber o projeto Chorinho, o Centro têm atraído ainda quem gosta de arte. Inclusive, o bairro hoje vive um momento de retomada.

Novos bares e restaurantes estão dando uma nova cara ao Centro, com ar de "hipsterismo”, como apelidou o arquiteto Alexandre Perine. O proprietário da Casa Liberté, Heitor Vilela, que, incialmente, montou o espaço - uma mistura de bar com centro cultural - na Rua 19, no Centro, após alguns meses fechado, devido à pandemia, reabriu o local na Rua do Lazer. Agora, ele enxerga diversas possibilidades no setor.

“Tem um grande potencial artístico, cultural, arquitetônico, de turismo, de acessibilidade e, principalmente, de resistência. Promove às pessoas um acesso à cidade onde elas moram”, diz. Para Heitor Vilela, o setor vive ainda um momento de renascimento. “Ele é muito mais que o art déco, é feito de pessoas, de histórias, de movimentos alternativos e undergrounds. Muitas pessoas produzindo arte e lazer”, argumenta.

O centro tem atraído ainda moradores convictos, a exemplo do consultor empresarial, Luciano Vieira. Ele residiu no setor anteriormente e este ano, quando teve a chance de voltar, não hesitou. “Frequento aqui desde 1991. Aqui é onde terminei o ensino médio, onde arrumei meu primeiro emprego, onde tive uma loja de fotografia na 74 durante 10 anos. Quando tive a chance de retornar, voltei”, conta.

O consultor gosta tanto de morar no setor que nem vê pontos negativos. “Acho que o Centro vive um grande momento, bares interessantes estão vindo para cá e as pessoas estão redescobrindo o bairro”, diz.

Assembleia pode virar conglomerado cultural

Se sair do papel, um projeto pode ajudar a movimentar o Centro. Trata-se do intuito da Associação dos Protetores do Bosque dos Buritis (APBB) e da própria Secretaria de Cultura de Goiânia (Secult-Goiânia) em transformar a atual sede da Assembleia Legislativa de Goiânia, no Bosque dos Buritis, em um conglomerado cultural. Esse novo projeto pretende chamar Palácio de Cultura Íris Rezende.

“Já fizemos essa solicitação e a proposta está sendo negociada com o prefeito”, conta o secretário de cultura Zander Fábio.

Segundo o presidente da APBB, Leonardo Rizzo, esse é um projeto que a associação tenta implementar há pelo menos 30 anos e foi desenvolvido por ele juntamente com membros e ex-membros, como Bariani Ortêncio, Bernardo Elis, Washington Novaes, dentre outros.

Segundo Rizzo, em 1992, quando foi aprovada a construção da nova sede da Alego no Park Lozandes, o projeto vem sendo negociado. “Nesse palácio iriamos abarcar o Museu de Arte de Goiânia (MAG), a escola de música, vamos ter uma biblioteca e um museu em homenagem a Attílio Corrêa Lima.

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