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A força do açafrão de Mara Rosa

O mês de fevereiro de 2022 marca os seis anos da conquista do selo de Indicação Geográfica (IG) do açafrão da região goiana de Mara Rosa. Fruto de um trabalho de dez anos, que envolveu os esforços do Governo de Goiás, por meio da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), da Universidade Federal de Goiás (UFG) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a conquista trouxe avanços e desafios para os produtores da especiaria.

Parte da história de Goiás, o açafrão sempre foi uma das alternativas de renda dos produtores familiares da região Norte do Estado. A busca pela IG, que partiu inicialmente da Associação dos Produtores de Açafrão de Mara Rosa (Cooperaçafrão), além da visibilidade ao produto, buscou garantir mais segurança e proteção, não somente para os produtores, mas também para os consumidores.

Contemplando, além de Mara Rosa, os municípios de Estrela do Norte, Amaralina e Formoso, a IG conquistada pelo açafrão produzido na região é a de indicação de procedência. Essa indicação, além de garantir a preservação do produto em razão da sua origem geográfica, demonstra que a produção na área abrangida possui uma qualidade diferenciada.

Segundo a gestora ambiental da Emater, Isabela Lima, que acompanhou o processo de conquista da certificação, o selo agrega muito valor ao produto, permitindo que o produtor possa vender com o preço mais elevado, garantindo mais lucro e consequentemente girando a economia local. Ainda de acordo com ela, o processo continua a ser realizado junto com os produtores, que precisam se adaptar às normas de produção.

Solenidade de lançamento do Selo Nacional de Indicação Geográfica, com presença da ministra da Agricultura, Tereza Cristina (Foto: Divulgação)

“Até a obtenção do selo foram dez anos, mas ainda seguimos com o trabalho. Além da pesquisa que existe na Emater, os nossos técnicos continuam a dar o suporte para que os produtores possam se adequar ao caderno de especificações, que é o documento que respeita o modo de produzir e a legislação ambiental vigente. Isso garante o acesso do agricultor ao selo. Além disso, por meio da assistência técnica, buscamos inserir os produtores no mercado”, ressalta.

Durante todo o período de busca pelo selo, a equipe de técnicos e pesquisadores da Emater realizaram diversas reuniões com os órgãos responsáveis pela IG. Weslley Oliveira e Manoel Virgílio, extensionistas da instituição, trabalharam de perto, especialmente com o Mapa, para garantir a melhor orientação para os produtores. Segundo eles, a realização de workshops e cursos sobre boas práticas de fabricação, foram essenciais para sanar as dúvidas e eliminar as resistências às adequações

“Fizemos várias visitas aos produtores da região explicando sobre o que se tratava o selo. Conseguimos fazer com que os produtores atendessem às normas previstas no caderno de uso. Além disso, acompanhamos eles na escolha da área para produção até a condução da lavoura. Na safra passada conseguimos os primeiros lotes de açafrão utilizando o selo de IG, resultando um total de 4 toneladas”, relata Weslley Oliveira.

Enivaldo Rodrigues, que vive no município de Mara Rosa, foi um dos produtores atendidos pelos técnicos da Agência Goiana. Ele destaca a importância do apoio e as expectativas para o futuro. “Os técnicos da Emater nos ajudaram da melhor maneira, foi um processo muito organizado e aprendemos muito. Sabemos que a metodologia para a produção do açafrão com a indicação geográfica demanda tempo, mas nossa expectativa é alta para o aumento da procura com a entrada no mercado”, conclui.

Açafrão da região de Mara Rosa
O açafrão da região de Mara Rosa pertence à espécie Curcuma longa, originária da Índia. Sua produção é usada na indústria de alimentos como temperos, mostarda, condimentos, massas, molhos, margarinas, entre outros. Porém, o produto possui substâncias oxidantes, antimicrobianas e corantes com aplicabilidade nas indústrias cosméticas, têxtil e farmacológica.

Segundo dados do Sebrae, a produção anual da raiz é de cerca de 5 mil toneladas em 250 hectares de área plantada. A região, que abrange os municípios de Mara Rosa, Amaralina, Formoso e Estrela do Norte, é responsável por cerca de 90% da produção goiana, representando 26% da produção nacional.

Indicação Geográfica
O registro de Indicação Geográfica (IG) é conferido a produtos ou serviços que são característicos do seu local de origem, o que lhes atribui reputação, valor intrínseco e identidade própria, além de os distinguir em relação aos seus similares disponíveis no mercado. São produtos que apresentam uma qualidade única em função de recursos naturais como solo, vegetação e clima.

Existem dois tipos de Indicação Geográfica, sendo elas, Indicação de Procedência e Denominação de Origem. A primeira está ligada a fatos históricos e culturais, como por exemplo a técnica e o saber fazer do produtor. Já a Denominação de Origem é aquela que possui ligação com o local em que é feito o produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente àquele meio geográfico.

No mês de dezembro de 2021, foi lançado pelo Governo Federal, juntamente com o Sebrae, o selo Nacional de Indicação Geográfica, que tem por objeto identificar e valorizar produtos tipicamente brasileiros. A marcação não é de uso obrigatório, mas em reunião com o Mapa, os produtores de Mara Rosa aderiram e utilizam o selo nacional juntamente com o selo da região.

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