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A paixão de Ronaldo Caiado pela Cidade de Goiás

Saiba o que explica a conexão de Ronaldo Caiado com a Cidade de Goiás. Raízes da família, série de injustiças com o município e amor pela goianidade

Ronaldo Caiado e Gracinha na Cidade de Goiás celebram valores
do município: gestor defende restauração das  igrejas e povoados Ronaldo Caiado e Gracinha na Cidade de Goiás celebram valores do município: gestor defende restauração das igrejas e povoados

Quando o governador Ronaldo Caiado irrompeu na Cidade de Goiás, no último domingo, 24, as pessoas na praça do Coreto não estavam preparadas para sua chegada. Ele atravessou em direção ao Palácio Conde dos Arcos, quando surpreendeu a própria comitiva que auxilia na instalação da transferência da Capital. Quando cruzou a praça cumprimentou inúmeros moradores e visitantes da cidade histórica. Eva Maria, servidora administrativa de escola, uma das presentes, recebeu os cumprimentos de Caiado como se o governador fosse sempre dali da esquina. Ato contínuo, elogiou a postura do governador, que é bastante apegado aos valores culturais de Goiás. Na mesma praça, Caiado sugeriu sorvete de baru e conversou com outros moradores sobre Cerrado, rios e tradições.

Ao contrário de gestores que no passado apenas ‘passavam’ pela cidade, ele chegou e ficou. Parte da semana foi dedicada a um município que é caro aos valores de goianidade. Pelo governador, ele seguiria até o final da semana.

Catalisador das celebrações goianas, como Cavalhadas e Festa de Trindade, Caiado falava a todo momento como ama voltar às suas raízes. O governador de Goiás nasceu em Anápolis, cidade que beneficia com sua vocação industrial, mas é na antiga Capital que estão todas as raízes profundas da família.

A tradição dos gestores da família Caiado tornou-se tema de mestrados e doutorados [ e provas de fogo, como a épica obra de Lena Castelo Branco, “Poder e Paixão: a saga dos Caiado” ]. Ao contrário de Pedro Ludovico - que por força, pressão e merecimento tornou-se nome de avenidas, setores, fundações e de inúmeros equipamentos públicos, falta muito ainda para que as personalidades da família Caiado sejam realmente reconhecidas e recebam deferimento. Parte considerável de Goiás foi arquitetada sob orientação de políticos da família.

Na segunda-feira, o governador lembrou de uma obra de Brasil Ramos Caiado, restaurada na atual gestão: o Palácio da Instrução, de 1929.

Ao longo das disputas políticas que se sucederam nas décadas iniciais do século passado, ocorreu uma vitória do grupo opositor aos caiados. E um dos discursos predominantes foi exatamente que a Cidade de Goiás, os caiados e tudo mais era atrasado, oligárquico e retrógrado. Mas como estigmatizar os gestores da época, se o Palácio da Instrução que surgia antecipava Goiânia com a arquitetura moderna e futurista da art deco?

Caiado falou com orgulho sobre o palácio, prova de que enxurradas de fake news se sucederam das décadas de 30 à 70, até que começaram pesquisas sociais mais sérias que atestaram: existiram anos de guerra (suja) política. E as oligarquias não só perderam, como também venceram a Revolução de 30.

Daí a reverência de Caiado com os signos que foram deixados para trás na Cidade de Goiás. Quando os opositores foram felizes para todos os caminhos que levavam à Goiânia, ele - que passou por Paris para pesquisar Medicina - voltou para sua terra. Ali, reconstruiu a personalidade política da família.

“Um lugar que merece respeito”

Ontem mesmo, Ronaldo Caiado continuava na região. “Um lugar que merece respeito”, disse ao falar sobre a restauração da igreja do povoado de Areias, na Cidade de Goiás.

Ao lado da primeira-dama Gracinha Caiado, ele inaugurou a restauração da Igreja de Nossa Senhora Aparecida.

O santuário data de 1910. “Era um tradicional ponto de parada de comitivas que faziam longas viagens com destino ao Rio de Janeiro”, explica.

Bispo Dom Jeová elogiou os esforços de Caiado para recuperar a igreja e enfrentar uma “sociedade desmemoriada”.

O Governo de Goiás aplicou R$ 1,7 milhão nos inúmeros reparos e modernizações.

No dia anterior, o governador foi a outro portal da nossa história: as ruínas do antigo Arraial de Ouro Fino.

O local passa por transformação em museu a céu aberto. “Estamos tentando recuperar ao máximo as ruínas dessa igreja”, diz Caiado.

Com investimento de R$ 1 milhão, o trabalho nas ruínas da antiga Igreja de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Fino é realizado em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Talvez seja a hora do governador ligar os pontos e - depois de jogar holofotes em Cora Coralina - resgatar da falta de memória do nosso povo o genial Hugo de Carvalho Ramos (1895-1921), nascido na Vila Boa e falecido justamente no Rio, o ponto final da partida da

Igreja de Nossa Senhora Aparecida. Autor de “Tropas e Boiadas”, Hugo foi o primeiro a narrar a história de outro ícone da cultura brasileira - o saci pererê, transformado em ouro da indústria cultural décadas depois por um ávido leitor de Hugo de Carvalho Ramos - o lendário Monteiro Lobato.

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