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Bancada de Goiás dividida ao meio no apoio ao governo Lula

Levantamento mostra que 50% dos 17 deputados federais votam favoravelmente aos projetos encaminhados pelo Palácio do Planalto ao Congresso Nacional

Levantamento mostra que 50% dos 17 deputados federais votam favoravelmente aos projetos encaminhados pelo Palácio do Planalto ao Congresso Nacional: a oposição goiana representa 50%. No Senado, o presidente conta com respaldo de dois dos três goianos. Governo enfrenta maior oposição das bancadas do Mato Grosso e de Santa Catarina. A pesquisa foi feita pelo jornal O Globo.

Além dos petistas Rubens Otoni e Adriana Accorsi, estão alinhados com o Palácio do Planalto os deputados goianos Flávia Morais (PDT), Silvye Alves (UB), Glaustin da Fokus (Podemos), Célio Silveira (MDB), Marussa Boldrin (MDB) e Ismael Alexandrino (PSD. Na oposição, se alinham Gustavo Gayer (PL), Professor Alcides (PL), Daniel Agrobom (PL), Magda Mofatto (Patriota), José Nelto (PP), Adriano do Baldy (PP) e Zacharias Calil (UB), Jeferson Rodrigues (Republicanos) e Lêda Borges (PSDB).

No Senado Federal, votam a favor dos projetos do governo Lula os senadores Jorge Kajuru (PSB) e Vanderlan Cardoso (PSD). Wilder Morais (PL) integra a oposição.

PT, MDB, PSD, União Brasil e PDT têm representantes na Esplanada dos Ministérios, mas nem sempre os senadores e deputados federais desses partidos votam 100% favoráveis aos projetos enviados pelo Palácio do Planalto.

A expectativa do ministro Alexandre Padilha, de Relações Institucionais, é de que a bancada goiana de apoio ao governo Lula deverá ser ampliada, em agosto, com a chegada do Progressistas e do Republicanos à Esplanada dos Ministérios.

A divisão ao meio da bancada federal de Goiás entre governistas e oposicionistas revela que a polarização ainda persiste na política nacional e que os políticos ainda vivem o ambiente eleitoral da disputa entre Lula e Bolsonaro em 2022.

Apenas na Reforma Tributária, uma matéria de maior interesse do país do que necessariamente da gestão de Lula, ampliou os votos dos governistas goianos.

O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) não exerce qualquer influência no posicionamento dos senadores e deputados federais goianos em relação aos votos nos projetos de interesse do governo Lula.

“Nós, do PDT, temos compromissos com a pauta de mudanças no país, como a melhoria da economia para geração de empregos e renda, e também com os programas sociais que diminuem as desigualdades. Por isso, apoiamos o governo Lula”, afirma a deputada Flávia Morais.

“Fomos eleitos pelo PL de Jair Bolsonaro e, por isso, colocados na oposição pela população goiana. Assim, estamos cobrando do governo Lula as promessas feitas na campanha eleitoral e estamos denunciando os equívocos desta gestão”, afirma o deputado Professor Alcides.

Realidade no país

Levantamento feito pelo jornal O Globo aponta que mais de 70% dos deputados dos estados de Mato Grosso e Santa Catarina não acompanharam a posição da gestão Lula em votações-chave. Índice de governismo é maior entre parlamentares do Nordeste.

O posicionamento das bancadas dos estados na Câmara ainda espelha, em parte, os resultados das urnas nas eleições presidenciais do ano passado. Levantamento, com base nas principais votações do primeiro semestre, aponta que os deputados federais do Mato Grosso e de Santa Catarina são os mais oposicionistas ao governo do presidente Luiz da Silva. Em média, 76% dos congressistas mato-grossenses e 73% dos catarinenses votaram contra interesses do Palácio do Planalto na Casa.

Além disso, de todos os estados, apenas a bancada de Santa Catarina foi majoritariamente contra todas as posições defendidas pelo governo neste ano. No estado do Sul, Jair Bolsonaro (PL) somou 69% dos votos válidos no segundo turno do último pleito. Esse índice foi de 65% em Mato Grosso.

O levantamento considerou os resultados do plenário nas votações do Marco do Saneamento, Marco Temporal, MP dos Ministérios, Arcabouço Fiscal e Reforma Tributária.

A bancada mais governista é a do Piauí, com uma média de 85% de votos a favor do governo entre os deputados. No estado, Lula teve 76% de apoio nas urnas no segundo turno de 2022, seu melhor resultado.

Também votam majoritariamente com o governo parlamentares da Bahia (75%) e do Ceará (73%), também do Nordeste.

Além de Mato Grosso e Santa Catarina, apenas outras três unidades da Federação foram, na média, mais contrários às posições defendidas pelo governo Lula: Rondônia (71%), Distrito Federal (62%) e Rio Grande do Sul (53%).

Em Goiás e no Rio Grande do Norte, as bancadas ficaram em um empate entre os oposicionistas e os governistas. Entre os deputados dos demais estados, o governo conseguiu que a maioria estivesse alinhada a seus interesses no plenário.

Aliança do presidente com governos estaduais facilita apoio no Parlamento

Pesquisadora do Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB) e professora da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESP-SP), Joyce Luz aponta que, historicamente, a eleição tende a atrair deputados da aliança do presidente à sua base. Além disso, os governadores dos estados cumprem um importante papel nessa dinâmica.

Regiões onde Lula tem aliança com o mandatário estadual tendem a ajudar a consolidar a composição da base. Ainda assim, segundo a especialista, o fator preponderante é a correlação de forças partidárias nos estados. Quanto mais siglas aliadas, melhor tende a ser o cenário para o Executivo: “Esse comportamento legislativo vai depender da quantidade de partidos que estão na base aliada do governo e que formam as bancadas desses estados”.

No entanto, principalmente nos estados mais refratários a Lula, há parlamentares de partidos da base como MDB e União Brasil que votam sistematicamente contra a orientação do governo. Isso ocorre em Santa Catarina, como destaca o cientista político e professor Julian Borba, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Borba afirma que a política catarinense tem uma tradição de domínio político de famílias ligadas à direita, o que contribui para o quadro. Nos últimos anos, elas aderiram ao bolsonarismo. Ele ressalta, porém, que a esquerda já teve bom desempenho na região em eleições como a de 2002. Dessa forma, Lula poderia diminuir essa resistência ao atender pleitos de deputados como a liberação de emendas, acomodação de quadros catarinenses no governo, e na articulação de políticas que beneficiem o estado:

“O desempenho do governo sendo bem avaliado, como no final de Lula 1 e 2, dificilmente vai trazer algum benefício para a oposição continuar sendo oposição. Ela vai ter mais custo do que ganhos em sua ação de boicote ou de votação contra o governo”, diz o cientista político.

No caso do Piauí, apenas a força do PT não explica o alto alinhamento com o governo, afirma o cientista político da Universidade Federal do Piauí (UFPI) Fenelon Rocha. Segundo ele, historicamente as lideranças e forças políticas piauienses se arranjam para aderir aos mandatários de ocasião. Isso garantiria alianças políticas sempre costuradas em torno de quem ocupa a cadeira do Executivo. “A gente vê todos os blocos partidários fazendo esforço para estar no guarda-chuva de proteção do governo estadual e federal. Um exemplo são prefeitos que eram do PP e estão se filiando a partidos da base de Lula agora”, diz Rocha.

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