O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) lançou, neste domingo (28), uma cartilha com bandeiras obrigatórias para apoiar candidatos a prefeito e vereador nas eleições municipais deste ano. O objetivo é reforçar a polarização com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A lista de bandeiras inclui respeito à Constituição, posições contra o aborto, contra a legalização das drogas, a liberdade de expressão e o armamento da população.
Bolsonaro se juntou a seus três filhos políticos, Flávio, Eduardo e Carlos, para uma live nas redes sociais para divulgar o lançamento da cartilha.
"Vai ter a disputa Bolsonaro versus a esquerda. Busquem aqueles candidatos que tenham referência, esses princípios, que o presidente Bolsonaro criou dentro do nosso partido", afirmou Flávio Bolsonaro.
Na defesa dos valores da família, por exemplo, Jair Bolsonaro afirmou que "não é contra duas pessoas se amarem, mas isso não é para ir dentro da sala de aula".
Na parte da liberdade de expressão, o ex-presidente se posicionou contra o Projeto de Lei das Fake News, em tramitação na Câmara. "Você vai perder sua liberdade também", disse à audiência.
Bolsonaro critica Lula e o agronegócio
O ex-presidente dedicou diversos momentos da live para criticar Lula. Ele fez até uma "sugestão" ao presidente: "falar do seu governo, não ficar criticando Jair Bolsonaro".
"Parece até que o Lula vai dormir, aproveitar que ele está recém-casado, em vez de falar eu te amo, ele fala Bolsonaro, aí a live brocha."
Outra proposta defendida pelo ex-presidente é a defesa do agronegócio, em uma tentativa de vincular o setor à direita, em oposição ao atual governo, citando ações e declarações de Lula que desagradaram ao setor.
"O que leva uma pessoa a falar que o agro é fascista? O que leva uma pessoa a facilitar ações do MST, levando terror ao campo? O que leva uma pessoa, meses depois do Parlamento votar por quase unanimidade a questão do marco temporal, o governo vetar?"
Bolsonaro nega envolvimento com a morte de Marielle Franco
Bolsonaro também usou a live para negar envolvimento com a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes.
"O mundo caiu na cabeça" dele após o assassinato, afirmou Bolsonaro. "Então, o que eu mais quero é que o fato seja elucidado. Eu nunca tive contato com a Marielle", declarou.
Outro a se posicionar sobre Marielle foi o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), que foi colega da vereadora no Rio. Os dois tinham gabinete no mesmo andar.
"A minha relação com a Marielle sempre foi muito amistosa", disse.
Bolsonaro diz que 8 de janeiro foi uma 'farsa'
Investigado pelos atos golpistas do ano passado, Bolsonaro afirmou que o 8 de janeiro é uma "farsa" e contestou a afirmação que houve uma tentativa de golpe de Estado após a posse de Lula.
"É uma farsa isso. Que 8 de janeiro é esse que leva ao sofrimento inocentes, pobres coitados? Alguns depredaram, tem que pagar, como no próprio dia 8 dei uma tuitada, lamentei ocorrido", afirmou Bolsonaro na transmissão.
Bolsonaro foi apontado pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro no Congresso como um dos mentores dos atos, sendo o primeiro indiciado pelo colegiado. Na Procuradoria-Geral da República (PGR), ele não foi denunciado, mas é citado nas investigações.
"Golpe de Estado sem um tiro? Sem um fuzil? E cadê as inteligências, falam tanto da inteligência, que não levantaram isso?", questionou Bolsonaro na live.