O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quarta-feira (6) que pedirá ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes autorização para ir à posse de Donald Trump, marcada para o próximo dia 20 de janeiro nos Estados Unidos.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o ex-presidente disse que já teve três pedidos de viagem internacional negados por Moraes, o último deles para ir à casa de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, onde o republicano recebeu convidados para acompanhar a apuração nesta terça-feira (5).
"Se o Trump me convidar, eu vou peticionar ao TSE [Tribunal Superior Eleitoral], ao STF. Agora, com todo o respeito, o homem mais forte do mundo... você acha que ele vai convidar o Lula? Talvez protocolarmente", disse Bolsonaro.
"Quem vai convidar do Brasil? Talvez só eu. Ele [Moraes] vai falar não para o cara mais poderoso do mundo? Eu sou ex. O cara vai arranjar uma encrenca por causa do ex?"
Bolsonaro está com o passaporte retido e proibido de deixar o país devido às investigações das tratativas golpistas ocorrida durante a reta final do seu governo, em 2022.
Um dos filhos do ex-presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) esteve em Mar-a-Lago nesta terça-feira (5).
"Vou peticionar ao Alexandre. Ele decide. O Eduardo [Bolsonaro] tem amizade enorme com ele [Trump]. Tanto é que de 85 convidados ele foi e botou mais dois para dentro, o Gilson [Machado, ex-ministro de Bolsonaro] e o filho do Gilson. Ele me tem como uma pessoa que ele gosta, é como você se apaixona por alguém de graça, né? Essa paixão veio da da forma como eu tratava ele, sabendo o meu lugar", disse Bolsonaro.
O ex-mandatário disse que sempre soube a diferença entre ele e Trump, dizendo que seria uma relação proporcional à do Brasil (Trump) com o Paraguai (Bolsonaro).
O ex-presidente está inelegível e não poderá figurar nas urnas eletrônicas pelo menos até 2030.
Ele foi condenado por abuso de poder político e econômico e uso indevido dos meios de comunicação sob acusação de difundir mentiras sobre o processo eleitoral em reunião com embaixadores e utilizar eleitoralmente o evento de comemoração do Bicentenário da Independência.
Ao comentar as investigações que ainda pesam em torno de seu nome, como a das tratativas golpistas de 2022, ele subiu o tom em relação a Moraes.
"Há dois anos querendo me incriminar como golpista, vai a merda, porra. O cara tá há dois anos com a mulher, tô desconfiando que tá me traindo e tô há dois anos dormindo com ela. E tô investigando, me traiu, não me traiu... resolve essa parada logo, tenha altivez. Manda soltar esses coitados que estão presos aí a 17 anos de cadeia", afirmou, se referindo a condenados pelos ataques golpistas de 8 de janeiro.