A abertura do Encontro Empresarial Brasil-Argentina, na tarde desta segunda-feira (23/01), marcou uma nova etapa de tratativas para o fortalecimento da relação econômica bilateral entre as nações vizinhas. Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Argentina, Alberto Fernández, participaram da cerimônia, na sede do governo argentino, em Buenos Aires. Lula destacou que, neste governo, esforços não serão poupados para a retomada das boas relações diplomáticas e econômicas com os irmãos argentinos.
"A relação Brasil-Argentina está voltando à normalidade, porque no meu país há muita coisa que precisa voltar à normalidade. O Brasil estava vivendo um momento de isolamento do qual não temos conhecimento na história. O Brasil não conversava com ninguém e ninguém queria conversar com o Brasil", disse o presidente. Ainda sobre a reconstrução de elos, abalados pela gestão passada, Lula aponta uma expectativa de ampliação nas relações exteriores. "O Brasil vai voltar a ser protagonista internacional. Vai voltar a negociar com a América do Sul, América Latina, com a África, com a Europa, com os países asiáticos. Porque este é o papel de um país que tem 215 milhões de habitantes, é o papel de um país que chegou, em 2006, a ser a sexta economia do mundo e hoje, é a décima-terceira", sintetizou.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, aposta em um novo ciclo de oportunidades para ambas nações. "Eis aqui o início de um trabalho frutífero, mas que é duro e terá suas consequências. Mas precisamos fazer com que empresários brasileiros e argentinos unam suas forças e esforços para que isso se transforme na sinergia necessária para fazer com que nossas nações avancem e cresçam. Sinto que vivemos aqui um momento histórico". Fernández acredita que, para sanar demandas dos países, é essencial que seus dirigentes sejam equânimes nas intenções e responsabilidades. "Hoje, governa o Brasil alguém que crê na integração nacional, no Mercosul, e que acredita que Brasil e Argentina têm muito a oferecer, que acredita na democracia e na justiça social, que é exatamente no que eu acredito", disse o líder argentino.
O vínculo Brasil-Argentina é antigo e já se mostrou efetivo para os países. O presidente Lula lembrou que quando assumiu a Presidência da República, em 2003, o comércio bilateral entre Brasil e Argentina - o fluxo entre exportação e importação - era de US$ 7 bilhões. "Quando eu deixei a Presidência da República era de US$ 39 bilhões. Quando a Dilma assumiu, em 2012, nós chegamos a mais de US$ 40 bilhões. Hoje, nós estamos na metade do que a gente exportava quase 20 anos atrás", revelou.
Para Lula, é dada uma oportunidade para que o país volte a explorar seu potencial econômico em alianças fortes e duradouras. "O Brasil, como maior economia da América do Sul, tem a obrigação de ser o indutor do impulsionamento das relações comerciais, políticas, econômicas e até das relações sociais. A Argentina é o terceiro parceiro comercial do Brasil, só perde para a China e para os Estados Unidos. Isso tem que ser valorizado. E isso deve ser valorizado não só pelos presidentes, mas por parte dos empresários. São vocês que sabem fazer negócio".
A reconstrução dos laços multilaterais, conforme o presidente brasileiro, é urgente e, para a materialização destes objetivos, o Brasil vai explorar o potencial industrial e comercial com incentivo público, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. "O BNDES vai voltar a financiar as relações comerciais do Brasil, vai voltar a financiar projetos de engenharia para ajudar empresas brasileiras no exterior e para ajudar que os países vizinhos possam crescer e até vender o resultado desse enriquecimento para o Brasil. O Brasil não pode ficar distante e não pode se apequenar", afirmou Lula.
Além dos presidentes Lula e Fernández, participaram da cerimônia que marca a inauguração do Encontro Empresarial Brasil-Argentina, os ministros da Fazenda (Brasil) e Economia (Argentina), Fernando Haddad e Sérgio Massa, o ministro de Relações Exteriores de Argentina, Santiago Cafiero, o presidente da União Industrial Argentina, Daniel Funes de Rioja, o presidente da Confederação Nacional da Industrial do Brasil (CNI), Robson Braga, e o presidente a Agência Brasileira da Exportação (APEX), Jorge Viana.