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Caiado dá a largada e não esconde disputa ao Planalto

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Ronaldo Caiado: trajetória política e gestão em Goiás oxigenam projeto para a Presidência da República Ronaldo Caiado: trajetória política e gestão em Goiás oxigenam projeto para a Presidência da República

Há uma semana, em Porto Alegre, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), assinou uma parceria que lhe permitirá usar o Sistema do Complexo Regulador de Saúde da Capital. Trata-se de uma ferramenta que integra o gerenciamento dos serviços de saúde pública (leitos, consultas etc). “Vocês desenvolveram o que há de mais sofisticado em regulação de saúde”, disse Caiado na agenda bem longe de casa. Com 86% de aprovação entre os goianos, segundo a última pesquisa Genial/Quest, que mediu a aceitação de quatro governadores de direita em seus Estados, Caiado está decidido a disputar a presidência da República em 2026.

A mesma pesquisa indica que ele tem índices de conhecimento que oscilam entre 35% e 37% no Paraná, em São Paulo e em Minas Gerais, outras praças presentes no levantamento. Assim, viagens como a que fez até a capital gaúcha, que podem fazer dele mais conhecido, já fazem parte de um roteiro percorrendo o País. É bem verdade que ainda faltam mais de dois anos para a próxima eleição.

Mas os concorrentes são muitos. Portanto, correr um pouco não há de fazer mal. “Acho que poucos lembram de mim, lá atrás, dos meus debates com Lula, quando eu era presidente da UDR, tinha 39 anos, não? E quando disputamos a Presidência da República, em 1989? Eu era o mais jovem candidato entre todos”, recorda.

Primeiro turno

Aos 74 anos, o atual governador de Goiás foi reeleito no primeiro turno das eleições de 2022, com 51,81% dos votos. Caiado foi deputado federal entre 1991 e 2014 e senador entre 2015 e 2018, quando se elegeu governador e pediu licença do cargo.

Nascido em Anápolis, ele é médico ortopedista e pecuarista. “Considero que sou uma pessoa que posso me apresentar ao meu partido, o União Brasil, pensando numa pré-candidatura. Minha trajetória de vida me credencia para isso. Tenho condições de avaliar a possibilidade de transformar isso numa realidade ou não. É claro que ainda falta bastante tempo e esse assunto será tratado em 2026″, avalia em conversa com o Estadão.

Embora ele mesmo diga que ainda é cedo para pensar na sucessão de Lula, Caiado não esconde que sempre teve o desejo de ser presidente da República. Agora, animado pelos índices positivos que tem colhido em sua administração no Estado, ele acredita que tem um trabalho para mostrar ao País.

As pesquisas mostram que 59,2% da população está preocupada com a violência e o avanço do narcotráfico no Brasil. “Esse é o tema de maior relevância que temos hoje e a pesquisa mostra que 69% da população aprova minha gestão nessa área.”, diz, citando o levantamento da Quaest, e acrescentando: “Aqui montamos uma estrutura exemplar. Agora, veja. Lula vetou parte do projeto da saidinha por pressões que, entre elas, apontavam que cancelar a saidinha resultaria em rebeliões nos presídios. Quando você tem um governo de verdade, não pode ser colocado em xeque por bandidos e ameaças”, afirma.

Eleitor de direita

Na opinião de Felipe Nunes, diretor da Quaest e autor da pesquisa, os resultados obtidos por Caiado se devem a uma boa avaliação da maneira como ele faz a gestão e também ao fato de Goiás ser um Estado cuja população se identifica com a direita. Levantamentos mostram que 46% dos eleitores goianos se definem assim, 21% ao centro e 17% se diz de esquerda. “Uma gestão que funciona e um posicionamento ideológico do governador aderente ao da população justifica o alto índice de aprovação”, explica Nunes.

Caiado critica a falta de programas especialmente para as questões de segurança que afligem a população. O governador acha que teria condições de pacificar o País. “Temos que terminar com isso de uns contra os outros. Precisamos acabar com esse terceiro turno eterno”, diz. Ele lembra que o União Brasil tem três ministros no governo Lula, mas diz que a permanência deles ou não também será decidida no momento oportuno. “Eu defenderei e acredito que o União vai se definir por uma candidatura de oposição. Portanto, a posição deles também terá que ser avaliada quando isso estiver definido”.

Três governadores também estão no páreo para corrida à Presidência

Apesar dos altos índices de aprovação em seu Estado, Caiado está ciente de que existem, pelo menos, mais outros três governadores também aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que estariam nesse páreo. Ratinho Júnior (PSD), do Paraná; Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais. Todos eles com índices menores de aprovação popular na pesquisa Genial Quest, mas também bem avaliados em comparação ao presidente Lula em suas regiões. E, exatamente por isso, não menos competitivos. Todos esperando contar com a força da popularidade de Bolsonaro que, inelegível por oito anos, terá que escolher um sucessor.

Tarcísio, com quem Caiado visitou Israel recentemente, ainda é a maior indefinição porque está em seu primeiro mandato no mais rico Estado do País e, talvez, lhe seja mais conveniente disputar a reeleição, como tem dito nos bastidores. Os demais, no entanto, com maior ou menor exposição, não escondem de aliados suas aspirações pelo Palácio do Planalto, embora mais discretos publicamente.

Caiado, durante um bom tempo, não esteve entre os nomes mais alinhados com Bolsonaro. As divergências na vacinação e no tratamento contra a Covid, que Bolsonaro rejeitava e Caiado, médico, recomendava para população, deixaram algumas sequelas entre os dois. Mas, atualmente, o governador goiano crê que isso tudo é passado e que não há mais arestas. Ele cita, por exemplo, sua presença no ato que Bolsonaro promoveu em São Paulo, reunido milhares de pessoas. “Já estou me programando para o próximo, dia 21 de abril, em Copacabana”.

Embora decididos a entrar na disputa presidencial, tanto Caiado quanto os outros governadores sabem que qualquer cenário dependerá dos recursos e ações que Bolsonaro move na justiça tentando recuperar seus direitos eleitorais, bem como das investigações que estão sendo feitas pela Polícia Federal (PF) e o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre os atos golpistas do 8 de Janeiro. “Se Bolsonaro tiver condições de ser candidato, é evidente que ele será. Agora, não sendo ele, todos sabemos que, mesmo sem mandato, ele tem condições de mobilizar milhões de pessoas Brasil afora. Então tudo vai depender de como as coisas vão correr”, diz Caiado.

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