Durante sua participação no 3º Fórum Nacional das Secretarias Estaduais de Comunicação, em Foz do Iguaçu (PR), o presidente do Instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, avaliou que o apoio dos governadores nas eleições municipais de 2024 deverá ter mais peso do que a polarização esquerda x direita que tomou conta do país nos últimos anos e que teve influência considerável nas eleições estaduais de 2022.
De acordo com Hidalgo, como nem o PT do presidente Lula, nem o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro deverão travar grandes embates nas eleições para prefeitos, principalmente nas capitais, o apoio dos governadores será o grande diferencial nas eleições do ano que vem, em especial governadores bem avaliados, como o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil). “Não tenho dúvida que os governadores bem avaliados pela população serão os grandes eleitores. Onde entrarem, com certeza vão decidir”, frisou.
O último levantamento da Paraná Pesquisas em Goiás, realizado em setembro do ano passado, apontou Ronaldo Caiado, único governador goiano eleito e reeleito em primeiro turno, com índice de aprovação de 71,2% entre os eleitores do estado. Em pesquisa mais recente, de maio deste ano, realizada pelo Instituto de Pesquisas Direct, dessa vez junto ao eleitorado da capital Goiânia, Caiado foi avaliado positivamente por 73,1% da população goianiense. É o maior índice de aprovação já registrado por um governador na capital do Estado.
Forte influência
Com base nos números, assim como Hidalgo, especialistas avaliam que o governador Ronaldo Caiado será, indiscutivelmente, o principal ‘cabo eleitoral’ a ser disputado pelos pretensos candidatos a prefeito de Goiânia no ano que vem. Não bastasse sua grande aprovação entre os eleitores da capital, as pesquisas apontam que Caiado tem um alto índice de poder de transferência de votos. Cerca de 65% dos eleitores de Caiado estariam dispostos a votar num candidato indicado por ele. Soma-se a isso o fato de que o governador levaria consigo o apoio da grande maioria de sua base aliada.
Nesse cenário, Caiado pode romper com um tabu que já dura 35 anos: desde 1988, nenhum governador conseguiu eleger o prefeito de Goiânia. O último foi Henrique Santillo que, ainda no MDB, ajudou a eleger seu correligionário, Nion Albernaz. Antes dele, Iris Rezende Machado, eleito em 1982 governador de Goiás, trabalhou pela eleição de Daniel Antônio em 1985, primeiro prefeito da capital eleito diretamente após o golpe de 1964. Pedro Ludovico Teixeira também mostrou forças ao eleger Venerando de Freitas Borges o prefeito de Goiânia em 1950.
Nome da base
Ainda sem um nome definido para representar a base governista na disputa pela prefeitura de Goiânia nas eleições do ano que vem, o governador Ronaldo Caiado e o vice, Daniel Vilela, presidentes dos União Brasil e MDB, respectivamente, os dois maiores partidos da base, cogitam o nome de Jânio Darrot, empresário e ex-prefeito de Trindade por dois mandatos, recentemente filiado ao MDB, para disputar o Paço em 2024. Caiado e Vilela teriam tido uma primeira conversa com o ex-prefeito com o objetivo de ouvi-lo sobre a possibilidade de encarar o desafio.
O grupo governista, que reúne aliados próximos tanto de Ronaldo Caiado quanto de Daniel Vilela, sustenta que os últimos levantamentos feitos na capital, incluindo pesquisas qualitativas, indicaram que os goianienses querem de fato uma mudança no comando da gestão municipal, mas que não estariam dispostos a apostar em aventuras. A mudança teria que vir com segurança, dizem. A possibilidade de ter Ana Paula Rezende (MDB), filha de Iris Rezende, no cargo de vice numa possível chapa encabeçada por Darrot também tem sido ventilada.
Uma hipotética candidatura de Darrot, que provavelmente deve se filiar ao União Brasil, atenderia não só as expectativas do eleitorado goianiense, dizem os aliados governistas, mas também teria forças para contrapor uma possível candidatura do senador Vanderlan Cardoso (PSD), que já manifestou o interesse em disputar, pela terceira vez, a prefeitura de Goiânia. Assim como Darrot, o pessedista também é um empresário bem sucedido e também governou Senador Canedo, outra cidade da região Metropolitana, por dois mandatos.
Outro nome ligado à base governista e que vem se colocando como pretenso candidato a prefeito de Goiânia nas eleições do ano que vem é Bruno Peixoto, deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa de Goiás. Embora venha realizando um intenso movimento para se viabilizar o candidato da base, Peixoto repete à exaustão que só seria esse candidato caso o governador Ronaldo Caiado assim o desejasse. Nos bastidores, no entanto, a informação é que o governador não estaria disposto a abrir mão de Peixoto na presidência da Alego nos últimos dois anos da gestão, mandato que ele já teria assegurado em votação antecipada realizada no início do ano.
Tanto Ronaldo Caiado, quanto Daniel Vilela, porém, reforçam que uma definição sobre o nome da base à prefeitura de Goiânia nas eleições de 2024 só deve ocorrer no ano que vem, e será tomada ouvindo todos os aliados.