Quem observou o vice-governador Daniel Vilela (MDB) nas ações em substituição ao governador Ronaldo Caiado (União Brasil), que esteve em missão econômica na Índia, logo percebeu: o governador em exercício teve grande habilidade política e capacidade de liderança.
Basta ver os números do MDB no Estado após as duas últimas eleições. A legenda é a segunda maior com 94 prefeitos eleitos - 17 a mais do que em 2020.
Mas Daniel é diferente de qualquer líder que já esteve à frente do Palácio Pedro Ludovico Teixeira. A junção de influências faz Daniel agir com mais cautela, prudência, ser comunicativo na medida certa e respeitar a hierarquia política – atributos do pai.

Por sua vez, tem se revelado mais intenso nas políticas sociais e ações externas, como fazia Iris Rezende. É enérgico, crítico e combativo quando se faz necessário [atributos que acaba por observar e assimilar de Caiado]. Não que já não era assim, uma vez que o próprio pai, Maguito, pedia a Daniel, quando este era oposição na Assembleia Legislativa, entre 2011 e 2015, mais cautela nas críticas. Mas o convívio com Ronaldo o tornou mais hábil em conseguir apontar as contradições políticas dos adversários, racionalizá-las e revelá-las com clareza.
O presidente do MDB não se impõe com força, dizem aliados. Daniel fala em tom médio, sem ecoar arrogância. Por exemplo: antes, pergunta, depois devolve suas assertivas e orientações sobre as fiscalizações que executa nas obras do Estado. Cria, assim, um perfil público de gestor equilibrado e racional.

Para quem acompanhou as peripécias dele no interior, na primeira semana de missão de Caiado, como ocorreu em Cristalina, percebeu que o governador em exercício tinha um carisma natural que mistura as três figuras públicas. Naturalmente era de se esperar que o gestor fosse unir traços destas personalidades e 'modus operandi' para governar o estado. Mas as influências são sutis.
Social
De Maguito Vilela, Daniel tem resgatado as memórias de que foi o pai quem iniciou ações sociais que realmente impactavam o cotidiano das pessoas, como quando Maguito executou um programa de distribuição de pão e leite, nos anos 1995-1997, que chegou a ser referência na Unicef (Fundo das Nações Unidas para a infância).
Com Ronaldo Caiado, Daniel percebeu que o Governo de Goiás tem prioridades. Por isso o resgate de programas sociais realmente eficazes e cruzados. Antes de Caiado, programas como do passado como o extinto Renda Cidadã entrava em período de recadastramento eterno, que 'roubava' semestres dos beneficiados. Com a gestão do União Brasil, a desculpa burocrática deu lugar ao cruzamento de dados e repasses contínuos.
No lugar de obras faraônicas, muitas vezes abandonadas após iniciadas, o governador Ronaldo Caiado também criou o maior sistema de política social do país, através do Goiás Social. De repente, o social está em quase tudo. Com políticas articuladas, é possível reduzir a burocracia e aumentar o controle na aplicação dos programas.
Ao lado da primeira-dama Gracinha Caiado, Caiado sistematizou e racionalizou a transferência de renda – algo inédito nas políticas sociais do Estado. Daniel – caso venha a assumir em defitivo o governo em 2026 – terá um modelo pronto e que dá certo. Este sistema, segundo Daniel, é justamente ideal, pois realmente atende quem mais precisa.
“Goiás hoje é o estado que mais tirou pessoas da pobreza nos últimos anos, segundo pesquisa do IBGE. Graças a essa integração de ações que atendem a todos aqueles que mais precisam em suas diferentes necessidades e em todos os 246 municípios do Estado”, diz.

Esporte
É também de Maguito um olhar especial para o esporte. Nos últimos anos, à frente da vice-governadoria, Daniel tem se debruçado em projetos que remetem à esta área, cuja garantia é o direito ao lazer e ao bem estar. Ex-jogador de futebol, é um dos incentivadores das ações que visam valorizar a formação de atletas de grande desempenho. É também um dos líderes do movimento que visa transformar o Complexo Serra Dourada em um grande birô de esportes e entretenimento de Goiás.
Foi o pai de Daniel, quando governador, que criou o Ginásio de Esportes Valério Luiz (Goiânia Arena), uma das principais arenas esportivas do Estado. Daniel liderou os grupos de trabalho e o leilão, ocorrido em São Paulo, que almeja aplicar R$ 215 milhões no palco esportivo goiano.
À medida que avança o segundo mandato de Ronaldo Caiado, Daniel revela novas características de gestor, como o apreço em participar de programas populares, como os eventos sociais nos municípios e as vistorias nas obras do interior. É aqui que se parece mais com Iris. O vice-governador não se cansa de dizer coisas que aprendeu com o criador dos mutirões: "Iris ensinou a política de ouvir as pessoas".
Como herdeiro natural da prática dos mutirões criados pelo líder emedebista, Daniel foi até o fim na tentativa de convencer a filha do ex-governador, Ana Paula Rezende, em disputar a prefeitura de Goiânia.
Movimento forte que se desenvolveu em torno do ex-governador, e que o próprio pai fez coro ao longo da vida, o irismo segue forte nas redes sociais e grupos políticos, com saudosos de Iris apontando Daniel como o representante desta tradição política que une movimentos populares e política social.