O governador Ronaldo Caiado terá que tomar uma importante decisão nos próximos dois anos: se realmente disputará a presidência da República. É que tem aumentado a pressão para que ele seja o nome da centro-direita em 2026.
Os primeiros movimentos começaram com admiradores. Desde 2020, eles já especulam o nome do governador de Goiás, principalmente depois da forma com que geriu a pandemia. Institutos de pesquisa também evidenciam Caiado como o governador melhor avaliado do país. Por fim, a própria imprensa cogita seu nome.
É fácil encontrar desde então depoimentos emocionados de seguidores do goiano. Prefeitos, deputados e lideranças não param de citar Caiado. É verdade que ele também sinaliza para a possibilidade. Em abril de 2022, em evento do agronegócio, foi claro: “Tendo a chance de ser reeleito em Goiás, serei candidato a presidente em 2026”. Pois bem, não só teve a chance como ganhou no primeiro turno.
Após vencer as eleições pela segunda vez, voltou a chamar atenção. “Tenho inveja desse governador de Goiás. Caiado, vem pra São Paulo! Pelo amor de Deus!”, disse uma seguidora pelo Twitter. Uma carta publicada no “Diário da Manhã”, em 2021, já trazia um pedido: “Gente, Caiado é que tem que nos governar. Desde o Congresso ele faz aquilo que compete ao homem público: ser vigilante sem claudicar. Caiado presidente 2022”.
Nos últimos meses, Caiado foi o centro das atenções da cobertura política, já que se posicionou contra a tentativa de golpe de 8 de janeiro. O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) veio à público e agradeceu o goiano por ser o primeiro a enviar aparato de segurança até Brasília e dialogar de forma republicana. E Caiado fez isso em plena recuperação de uma cirurgia no coração.
Nos bastidores, o governador tem recebido apoio para se colocar no grupo de pretendentes. Setores da imprensa, agronegócio, indústria e segmentos sociais, como integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) e lideranças do União Brasil, apostam em seu nome como um dos favoritos para atrair votos de quem não está contente com o dualismo petismo – antipetismo. Todos sabem que Caiado é um dos principais nomes da direita desde quando assumiu a candidatura a presidente, em 1989, e de lá seguiu no Congresso Nacional com a defesa das pautas liberais.
Parcela considerada pequena de votos em relação ao todo, o bolsonarismo radical não tem nome para mirar 2026. Mas sabe que Caiado tem desenvoltura maior do que o ex-presidente. E que se é verdade que não pode ser chamado de bolsonarista, também é certo que: 1) além das questões estritas da ciência, caras a um médico, Caiado jamais traiu Jair Bolsonaro como presidente, 2) Caiado foi eleito duas vezes para governador sem precisar do bolsonarismo. O mesmo não se pode dizer de Bolsonaro: o goiano fez campanha nos dois segundos turnos para o ex-presidente.
Logo, bolsonaristas racionais têm enxergado nele o político de “direita” mais equilibrado e com perfil de estadista que se procura. Sabem que Bolsonaro sem a máquina (o ex-presidente usou tudo que tinha) é menor do que antes. E por fim: sabem que Caiado, mesmo diante das adversidades, mantém a palavra.
Em Goiás seu nome é unânime. “Ronaldo Caiado tem experiência administrativa e demonstra isso ao longo dos últimos quatro anos, cumprindo a responsabilidade fiscal com austeridade e reestruturando a administração estadual”, diz o deputado estadual Thales Barreto, que já foi opositor do político goiano, mas optou em reconhecer nele virtudes que o credenciam para voos mais altos. Hoje é – inclusive – um de seus correligionários.
Direita e centro se organizam para enfrentar dualismo
Na direita não existem nomes sobrando com o perfil de Ronaldo Caiado. Além dele, restam Romeu Zema e Tarcísio Filho. O governador de São Paulo é uma incógnita: tem menos de dois anos para se destacar como governador e empolgar. Só João Dória sabe o quanto é difícil governar São Paulo e ainda sonhar com a presidência.
Já Romeu Zema faz críticas a Lula sem repercussão e não apresenta um grupo político. Senador Sérgio Moro é favorito ao governo do Paraná e integra partido de Caiado – em tese, o apoiaria para uma candidatura nacional. Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, depende de uma constelação de fatores - como coesão do PSDB, apoio de outras legendas (como o União Brasil de Caiado) e boa avaliação.
Principal nome do PSDB, Leite, inclusive, esteve em Goiás, com Ronaldo Caiado, em 26 de janeiro, onde discutiram questões financeiras dos estados, mas também deixaram para a posteridade uma foto juntos que resume aos seguidores: ambos podem estar próximos em 2026, quando não poderão mais disputar mandatos estaduais.
Pesquisa
Ainda no primeiro turno de 2022, um resultado de pesquisa chamou atenção para o núcleo da campanha de Bolsonaro: na reta final, a votação para o “mito” era evidenciada mais pela ‘ideia’ de um nome da direita do que pelas credenciais individuais. Ou seja, ocorreu um esvaziamento de interesse no candidato agressivo e contra o sistema. O voto que surgiu buscava a certeza de ideias liberais e franqueza, mas sem histrionismo – enfim, um voto de direita técnica, limpa e sem polêmicas. Um voto que não envergonha.
Mídia nacional abre espaço para Ronaldo
Em entrevista para a GloboNews, logo após a vitória nas eleições de Goiás, Ronaldo Caiado foi questionado se teria interesse em disputar a presidência. Na ocasião, ele disse que se sente animado, mas com a missão de realizar um segundo mandato ainda melhor. “Você sabe que eu comecei às avessas. Já fui candidato a presidente em 1989. Eu era o mais jovem candidato. Foi um momento histórico. Eu aprendi, depois daquilo, a gradualmente ir degrau por degrau”, respondeu a jornalista Andréia Sadi.
Mídia empática
Após a derrota do Flamengo no Mundial, Caiado usou as redes sociais para brincar, mas também falar sério. “Fomos SIM campeões mundiais. E claro que não estou falando do meu Flamengo, que dançou feio...Quem dançou bonito foi nossa bailarina Ana Luísa Negrão, do Basileu França: encheu Goiás de orgulho e levou o título na maior competição mundial de dança, na Suíça”. A publicação repercutiu em sites do porte do UOL e revista “Veja” e, de quebra, fez propaganda de Goiás.
Seguidor apaixonado quer “emprestar governador”
Publicitário, o inhumense Luiz Bruno Roriz, que atua na Agrodefesa, é um dentre tantos seguidores de Ronaldo Caiado – seja nas redes sociais ou ruas. Acostumado a participar de campanhas políticas, como a do ex-governador Iris Rezende e do próprio líder do União Brasil, Roriz tem defendido o nome de Ronaldo nas redes.“Goiás experimentou, gostou e reelegeu doutor Ronaldo Caiado como nosso governador. Agora chegou a hora de emprestarmos nosso maior líder para o Brasil: chega de extremismos e radicalismos de ambos os lados. Nosso país precisa de equilíbrio e alguém que tenha credibilidade, ética e capacidade de aglutinação. Ronaldo Caiado é o nome”, afirma Roriz.De olho nas pesquisas que indicam o goiano como governador melhor avaliado do país, o publicitário arrisca um slogan para 2026: “O Brasil merece o melhor! Caiado presidente.”