A Argentina passa por uma forte crise econômica há décadas, com inflação e juros exorbitantes, e possui uma forte influência na balança comercial brasileira. Os rumos da economia argentina podem começar a mudar a partir deste domingo, 22, quando os argentinos vão as urnas escolher seu novo presidente.
Os três principais candidatos possuem plano de governo muito diferentes entre si. Os favoritos são: Sergio Massa, candidato ligado aos Kirchner; Patricia Bullrich, candidata da direita tradicional e Javier Milei que representa uma nova força política.
A escolha do novo presidente, pode significar o fim da era Kirchner que começou em 2003, com Nestor Kirchner. Agora nenhum dos candidatos defende a continuidade do kirchnerismo.
Brasil e Argentina mantém uma forte parceria comercial há décadas. A Argentina é o terceiro maior destino de exportações do Brasil, enquanto que o Brasil é o principal comprador de produtos argentinos.
Neste cenário é difícil prever os rumos do país e as consequências econômicas do futuro presidente, que enfrentará altos níveis de pobreza, forte desvalorização cambial, e falta de reservas econômicas.
O governo argentino passou a imprimir dinheiro, gerando uma enorme pressão inflacionária e uma série de problemas micro e macroeconômicos porque não consegue financiar suas despesas.
Com esses problemas, há uma alta desvalorização da moeda local, o que resulta em um descompasso no balanço de pagamentos (sai mais dinheiro do que entra no país).
As exportações do Brasil para a Argentina tem diminuído consideravelmente nos últimos anos, sendo que em 2012 havia uma movimentação de US$18 bilhões de dólares, enquanto que em 2022 foram movimentados US$15 bilhões, o que significa uma queda de 15% nas transações.
Nos anos anteriores, a Argentina chegou a representar 10% de toda exportação anual do Brasil, e no ano passado esse número caiu para 4,6%. Os setores que mais sentiram a recessão, foram a indústria têxtil e setor automotivo.
Além da crise econômica a Argentina atravessou um período de seca muito rígido, causando prejuízos no setor agropecuário, o que favoreceu as exportações brasileiras nos produtos como soja, milho e trigo.
Com as incertezas da economia argentina, vários empresários brasileiros tem saído do país, o que enfraquece ainda mais a relação comercial.
O ministro da Fazenda Fernando Haddad, admitiu receio quanto a eleição de Javier Milei, economista ultraliberal e de extrema direita, que indicou intenção de cortar relações com o Brasil, caso seja eleito.
Milei tem promessas de governo radicais, como dolarizar a economia da Argentina (trocar os pesos argentinos pelo dólar norte-americano), limitar o comércio com o Brasil, extinguir o Banco Central local, e promover a saída da Argentina do Mercosul.
Agora é aguardar a decisão dos argentinos para escolha do novo chefe de Estado, para definir as estratégias de controle da crise econômica e manutenção das relações comerciais com os demais países.