O vice-governador de Goiás, Daniel Vilela, presidente estadual do MDB, subiu o tom para rebater insinuações do presidente do PSDB nacional, Marconi Perillo (PSDB), que fez declarações relacionadas à investigação do assassinato de Fábio Escobar, fato ocorrido em 2019, em Anápolis, e que já foi denunciado à justiça. O tucano, adotando discurso de campanha com vistas a 2026, disse ao jornal O Popular que está pronto para debater sua ficha. “Tentaram manchar, mas eu jamais mandei matar gente, jamais mandei matar cabo eleitoral”, discursou.
Em resposta à fala do tucano, Daniel Vilela lembrou que Marconi Perillo é o único ex-governador, em toda história de Goiás, que já foi preso, fazendo alusão à prisão do ex-governador em 2018, decretada no âmbito da Operação Cash Delivery, um desdobramento da Lava Jato. Perillo foi preso quando prestava depoimento na sede da Polícia Federal, em Goiânia.
“Marconi tem sangue nas mãos e punhos marcados por algemas, o único ex-governador preso na história de Goiás, que teve de mudar de estado, pois sequer tinha condições de sair às ruas sem ser hostilizado”, disse Vilela.
Salto de qualidade
O presidente do MDB estadual, que deve disputar o governo em 2026, também fez questão de comparar a gestão de Ronaldo Caiado (UB) com as gestões do PSDB em Goiás, com ênfase, principalmente, nas áreas da saúde e da segurança pública. Para Vilela, Goiás deu um salto de qualidade desde que Caiado assumiu, deixando para trás uma gestão afundada em corrupção e incompetência. O emedebista avalia que milhares de goianos morreram por falta de atendimento de saúde na gestão do tucano.
“Quem tem sangue nas mãos é o ex-governador Marconi Perillo, que durante 20 anos deixou inúmeros goianos morrerem por falta de atendimento de saúde, enquanto superfaturava obras dos hospitais que não terminavam e nunca eram colocados para funcionar. Durante aquele governo, Goiás perdeu o controle dos presídios e a criminalidade explodiu. Essa triste realidade só mudou na gestão do governador Ronaldo Caiado”, defendeu.
Sucessão
Com a desincompatibilização do governador Ronaldo Caiado, em abril de 2026, Daniel Vilela assume o Palácio das Esmeraldas para concorrer à reeleição. Dando continuidade à gestão que chegou ao poder em 2019. Ele é o candidato “natural” da base caiadista, que reúne, além do União Brasil e o MDB, mais dez partidos. Daniel tem atuado, nas eleições municipais deste ano, para contribuir com eleição de expressivo número de prefeitos pelos partidos da base aliada como suporte às eleições de 2026.
O ex-governador Marconi Perillo, por sua vez, após perder duas eleições seguidas para o Senado Federal (2018 e 2022), se apresenta como pré-candidato ao governo de Goiás no pleito de daqui a dois anos e nove meses.
Desde 2018, o PSDB goiano se encontra fragilizado, já que perdeu também prefeitos e vereadores. Os tucanos tentam sair das “cordas”, ou seja, busca o lançamento de candidaturas às administrações nos municípios.
Após janela partidária, PSDB fica sem vereador em 12 capitais
Dois anos após ter seu pior desempenho eleitoral nas urnas, o PSDB se encaminha para as eleições de outubro com uma debandada de vereadores ao redor do país. Após o fim do prazo para a janela partidária, a legenda ficou sem representantes em 12 das 26 capitais, inclusive nas maiores cidades dos principais colégios eleitorais do país — São Paulo, Rio e Belo Horizonte.
Além dos casos das capitais de São Paulo e Minas Gerais, o PSDB passou a ficar este ano sem qualquer representação em São Luís (MA), Recife (PE), João Pessoa (PB) e Florianópolis (SC). Há saldo negativo de 11 cadeiras nos legislativos municipais das capitais, considerando perdas e ganhos. Em Curitiba (PR), Boa Vista (RR), Aracaju (SE), Maceió (AL) e Vitória (ES), o partido já não tinha vereadores eleitos no pleito anterior, como no caso do Rio, e não conseguiu atrair novos nomes com mandatos.
Há ainda outras capitais, como Fortaleza (CE), em que os tucanos perderam a maior parte dos quadros com mandato. No município cearense, dois dos três eleitos deixaram a sigla: Cláudia Gomes que irá para o PDT e Cônsul do Povo que foi para o PSD, que integra a oposição ao prefeito José Sarto (PDT).
O cenário mais crítico ocorreu em São Paulo, capital do estado que os tucanos geriram por 27 anos consecutivos. Na câmara paulistana, o PSDB ainda exercia grande influência, com oito dos 55 vereadores. Nesta semana, contudo, após a Executiva provisória do partido rechaçar o apoio do PSDB na cidade à reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB), houve uma debandada. Dos oito vereadores, sete pediram desfiliação.
O PSDB ainda avalia se vai lançar candidatura própria à prefeitura da capital ou se apoiará Tabata Amaral, pré-candidata do PSB. Na semana passada, o apresentador José Luiz Datena, cotado para vice de Tabata, se filiou ao partido.
Apesar das baixas, o presidente nacional da sigla, Marconi Perillo, defende que a sigla cresceu nos últimos dias: “PSDB atraiu quadros novos e trouxe de volta alguns quadros importantes em vários estados. A gente cresceu muito em filiações em estados que a gente governa ou já governou. Com exceção de São Paulo, tivemos um crescimento expressivo.
O cientista político Paulo Baía, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), avalia que a falta de quadros pode ser explicada pela perda de representatividade em São Paulo, estado que ancorava a sigla: “O partido perdeu suas lideranças na base que irradiava para os outros lugares. As saídas de Geraldo Alckmin e do ex-governador Márcio França para o PSB, praticamente, mataram o PSDB, que ficou sem atrativo algum”.