
Pesquisa do Instituto Datafolha indica que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceria todos os nomes da direita, incluindo os apoiados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), se as eleições presidenciais de 2026 fossem realizadas hoje. O levantamento aponta também que, mesmo que Bolsonaro recuperasse seus direitos políticos, Lula ainda sairia vitorioso.
Atualmente inelegível até 2030 por decisão da Justiça Eleitoral, Bolsonaro é réu sob acusação de liderar uma tentativa de golpe em 2022. Apesar disso, seu nome ainda figura em cenários eleitorais hipotéticos.
O Datafolha ouviu 3.054 pessoas com 16 anos ou mais em 172 municípios entre os dias 1º e 3 de abril. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
No cenário de confronto direto entre Lula e Bolsonaro, o atual presidente aparece com 36% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro tem 30%. A disputa inclui ainda Ciro Gomes (PDT), com 12%; Pablo Marçal (PRTB), com 7%; e Eduardo Leite (PSDB), com 5%. Brancos, nulos e aqueles que declararam não votar em nenhum dos candidatos somam 9%. Outros 2% afirmaram não saber em quem votar.
Em um cenário sem a participação de Bolsonaro, Lula lidera com 35%, seguido por Tarcísio de Freitas (Republicanos), com 15%. Ciro e Marçal empatam com 11% cada. Ratinho Junior (PSD) registra 5%, enquanto Eduardo Leite (PSDB) e Romeu Zema (Novo) aparecem com 3%. Ronaldo Caiado (União Brasil), único pré-candidato já declarado, tem 2%.
O desempenho de Lula é superior em praticamente todos os recortes de idade, renda e escolaridade, com destaque para o Nordeste, onde alcança 50% das intenções de voto. Entre os eleitores que avaliam seu governo como ruim ou péssimo, apenas 2% afirmam que votariam nele, enquanto 29% preferem Tarcísio.
Aliados do PL avaliam que, caso Bolsonaro permaneça inelegível, poderá apoiar um familiar, como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ou a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, mantendo Tarcísio no comando do governo paulista.
Os resultados da pesquisa indicam que o desempenho de Lula pouco se altera independentemente do adversário escolhido como herdeiro político de Bolsonaro. Contra Eduardo Bolsonaro, que anunciou autoexílio nos Estados Unidos neste mês, Lula atinge 35%, e o deputado 11%, empatado tecnicamente com Ciro. No cenário com Michelle Bolsonaro, Lula mantém os 35%, e ela obtém 15%, também em empate técnico com o pedetista.
Outros nomes da direita, como Marçal, Ratinho, Zema, Leite e Caiado, oscilam entre 10% e 3% das intenções de voto nos diferentes cenários testados. Em uma projeção com Tarcísio e Marçal, Lula chega a 43%, enquanto o governador de São Paulo soma 24%. Marçal marca 15%, ficando fora de um eventual segundo turno. Brancos e nulos representam 16%, e 2% dos entrevistados não souberam responder.
Entre os eleitores que se declaram fortemente bolsonaristas, 40% afirmam que votariam em Tarcísio em um cenário sem Michelle ou Eduardo. Na hipótese de uma disputa entre Lula e Eduardo Bolsonaro, sem Tarcísio nem Michelle, o deputado alcança 30% das intenções de voto desse grupo. Caso a candidata fosse Michelle, sem os demais nomes, ela obteria 41% do apoio entre os bolsonaristas.
Para disputar a Presidência em 2026, os governadores Tarcísio, Ratinho Junior, Zema, Eduardo Leite e Caiado precisam renunciar aos cargos até abril de 2026. Cada um enfrenta contextos distintos. Publicamente, Tarcísio nega interesse na candidatura, mas, segundo aliados, admite concorrer se houver pedido de Bolsonaro. Ratinho Junior é elogiado pelo presidente de seu partido, Gilberto Kassab, que apoia tanto o governo Lula quanto o de Tarcísio. Kassab, no entanto, avalia que uma candidatura do governador do Paraná "teria um longo caminho a ser percorrido".
Zema e Eduardo Leite, por sua vez, já admitem a possibilidade de disputar o pleito. Dentre os nomes mencionados, apenas Tarcísio está em seu primeiro mandato e pode tentar a reeleição.
A pesquisa do Datafolha revela ainda que o interesse do eleitor pela eleição presidencial segue baixo. Em uma pergunta espontânea — sem apresentação de nomes —, 52% dos entrevistados disseram não saber em quem votar. Lula lidera também nesse cenário, citado por 20% dos entrevistados. Outros 1% mencionaram "o atual presidente", e mais 1% indicaram "o PT" ou "o candidato do PT". Bolsonaro aparece com 14%, mesmo estando inelegível. Tarcísio e Ciro registraram 1% cada. Os demais nomes não foram citados.
Em relação à rejeição dos possíveis candidatos, 42% dos entrevistados afirmaram que não votariam em Lula de forma alguma. O índice é superado apenas por Bolsonaro, com 44% de rejeição. Entre os aliados do ex-presidente, Tarcísio apresenta a menor rejeição: 13% disseram que não votariam nele. Michelle Bolsonaro tem 27% de rejeição, e Eduardo Bolsonaro, 26%.