Apesar da euforia que tem permeado os cinemas de todo o mundo com a estreia do novo longa-metragem “Barbie”, uma Deputada Estadual por Minas Gerais tem convocado um boicote ao filme. A parlamentar Alê Portela (PL/MG), publicou em suas redes sociais um manifesto criticando o live-action, que segundo ela, promoveria inversão de valores, não sendo recomendado às famílias e ao público infantil.
A filha do Deputado Federal e também pastor evangélico, Lincoln Portela (PL/MG), elencou cinco motivos para que pais ou responsáveis não levassem crianças para assistirem ao filme, argumentando inclusive que a Classificação Indicativa atribuída pelo Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária (Conar) proíbe a exibição para menores de 12 anos de idade. Para ela, as semelhanças com a realidade tais como bebidas alcóolicas, reflexões existenciais, prisão etc, seriam nocivas.
Como é comum ao discurso de políticos conservadores, a pauta LGBTI+ não escapou das críticas de Portela. Ela faz menção a presença de uma atriz transexual representando uma das versões da “Barbie”. A norte-americana Hari-Nef interpreta a Barbie Médica. A deputada, no entanto, já antecipa sua justificativa e argumenta não se tratar de um argumento LGBTIfóbico.
Alê afirma que o conceito de LGBTIfobia definido por meio das decisões da mais alta corte de justiça do país, o Supremo Tribunal Federal (STF) é apenas uma “mera narrativa”.
“O conceito de homofobia está definido em lei e a interpretação extensiva diversa da norma jurídica é mera narrativa. Nos tempos atuais pra lhe ser imputado algum crime de opinião, basta que alguém não concorde. [...]A livre manifestação do pensamento dentro dos limites da lei não pode ser criminalizada. Muito menos de um parlamentar em que é intrínseco à atividade de representar, exarar opiniões sobre os mais variados temas, mesmo os mais complexos” Deputada Alê Silva (PL/MG)
Portela afirma que a sociedade atual vive uma “triste realidade”, onde os valores “éticos e morais” são “distorcidos”.
“É preocupante ver como princípios éticos e morais estão sendo distorcidos e até mesmo ignorados”
Leia a íntegra da nota:
"A livre manifestação do pensamento dentro dos limites da lei não pode ser criminalizada. Muito menos de um parlamentar em que é intrínseco à atividade de representar, exarar opiniões sobre os mais variados temas, mesmo os mais complexos.
O conceito de homofobia está definido em lei e a interpretação extensiva diversa da norma jurídica é mera narrativa. Nos tempos atuais pra lhe ser imputado algum crime de opinião, basta que alguém não concorde.
Se o Conselho Nacional de Autoregulamentação Publicitária (CONAR) considera o conteúdo impróprio para menores de 12 anos, há que se perceber que não se trata de discriminação, mas da aplicação ao que a norma jurídica exige, por considerar que há ali linguagem com teor adulto.
Repercuti essencialmente uma decisão do CONAR. Ele existe para impedir que a publicidade enganosa ou abusiva cause constrangimento ao consumidor ou empresas e para defender a liberdade de expressão comercial.
Nesse diapasão não me parece razoável que se criminalize a mim ou ao órgão, mas aqueles que violam a ordem jurídica para impor suas convicções, sejam elas quais forem.
Muito obrigada. "