Os bolsonaristas radicais de Goiás que participaram do ataque aos três Poderes, dia 8 de janeiro último, em Brasília, começaram a ser identificados pelo Judiciário e órgãos de segurança do Governo federal, como a Polícia Federal.
Alguns deles são servidores públicos e foram punidos ou estão sendo investigados. Eles postaram vídeos e fotos em redes sociais e rapidamente foram reconhecidos. A lista foi divulgada pelo portal G1. Na lista dos goianos estão: políticos, policial militar, servidora comissionada, estagiários da Polícia Civil e empresários.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública criou um e-mail para receber denúncias e informações sobre os terroristas que praticaram os atos de vandalismo.
Veja quem são os invasores:
Diana Karla Ribeiro Soares - A servidora comissionada trabalhava na Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa). Também é advogada. Ela foi exonerada. Em redes sociais, Diana postou uma foto num acampamento, ao lado de mulheres e uma criança, dizendo que os “terroristas” estavam em ação. Em outra imagem, Diana tirou uma foto no teto do Legislativo, dizendo que os atos eram pacíficos até a polícia atirar em pessoas desarmadas.
Lucimário Benedito Camargo, presidente da CDL de Rio Verde - O empresário gravou um vídeo dentro do Palácio do Planalto durante a invasão. Ele aparece enrolado a uma bandeira do Brasil e registra a explosão de bombas de efeito moral ao fundo. “Brasileiro só subindo a rampa, entrando cada vez mais e os soldados tacando bomba no povo, covardes. O poder emana do povo, o povo não vai sair, o povo não vai deixar ladrão governar o país, narcotraficante e muito menos comunista”, declarou. A assessoria da CDL de Rio Verde informou que Mário Furacão estava em Brasília como empresário, e que a presença dele não tem relação com a entidade.
Silvério Santos - O policial militar postou fotos durante a invasão convocando os seguidores para participar da invasão. “Venha você também para Brasília fazer a sua parte, não seja omisso e covarde”, escreveu. A Polícia Militar o afastou das atividades na rua e abriu um procedimento disciplinar.
José Ruy - O vereador José Ruy (PTC) aparece em um vídeo ao caminhar e acenar para câmera enquanto estava na área do Congresso Nacional. O político disse que foi com amigos e que pensou se tratar de uma manifestação pacífica. Ele disse subiu a rampa do Congresso, mas negou que tenha cometido ato de vandalismo.
Capitão Pires - O vice-prefeito de Porangatu, Marcilio Costa Pires, conhecido como Capitão Pires, postou fotos durante o ato golpista. Em um grupo de mensagens, ele escreveu: “Tive que ver de perto. Basta o povo querer”. Capitão Pires afirmou que “o direito de ir e vir é sagrado a qualquer cidadão de bem” e que acompanhou a manifestação junto da família. Ele disse que, quando chegou, os manifestantes já tinham entrado nos prédios e se retirou quando a repressão da polícia começou. Por fim, repudiou os atos de vandalismo. A prefeitura informou que reprova qualquer ato que vá contra os poderes constituídos.
Márcia Angelina de Jesus - A servidora pública Márcia Angelina de Jesus postou uma foto participando dos atos antidemocráticos. Ela posou ao lado de grades caídas e em frente ao Congresso Nacional ocupado. Ela tinha cargo efetivo na Secretaria Estadual de Administração “e por determinação do gabinete da governadoria foi exonerada da função comissionada que exercia na Secretaria de Estado da Educação”, afirma uma nota do órgão.
André Kelvis - O cantor gospel e youtuber participou da invasão à sede do Congresso Nacional, em Brasília, no domingo (8), e divulgou vídeos em redes sociais. O nome dele está na lista das pessoas que foram presas. Nas redes sociais, André postou vídeos num acampamento, ao lado de várias pessoas, dizendo: “Quem não lutar agora, não luta nunca mais”. Em outra imagem, ele postou vídeos de dentro das dependências do Congresso, mostrando policiais, e dizendo: “Estávamos pacíficos, mas não aceitaram”.
Estagiários da Polícia Civil - O delegado-geral da Polícia Civil, Alexandre Lourenço, informou que dois estagiários da Polícia Civil foram afastados após serem identificados entre os participantes dos atos antidemocráticos. Em um dos casos, a pessoa fez vídeo invadindo o Congresso Nacional. Um policial civil está sendo investigado também por envolvimento na ação. Os nomes deles não foram divulgados.
AGU aponta dois nomes do estado no vandalismo na Capital Federal
Um dos goianos apontados pela Advocacia-Geral da União (AGU) como sendo um dos financiadores dos atos golpistas revelou que viajou até Brasília no dia do atos de vandalismo no Palácio do Planalto, no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal (STF), localizados na Praça dos Três Poderes, e que não pagou nada pela viagem, mas disse que não financiou o ato. Outro morador de Goiás consta na lista, contudo, em um registro do Portal da Transparência consta que ele reside em Uberlândia, em Minas Gerais.
Um deles é Yres Guimarães, que é de Rio Verde, no sudoeste goiano, e o outro é Rafael da Silva, de Catalão, no sudeste do estado, e conforme apurado, os dois também receberam Auxílio Emergencial. Segundo os dados do Portal da Transparência, do Governo Federal, Yres recebeu R$ 3 mil, enquanto Rafael R$ 5,2 mil.
A AGU pediu o bloqueio de bens de pessoas físicas e jurídicas que foram indicadas pela Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) como responsáveis pelo aluguel dos ônibus. Os ônibus foram usados para transportar os golpistas até Brasília, no último domingo, 8, quando bolsonaristas terroristas atacaram os Três Poderes.
Ao todo, a AGU identificou pelo menos 52 brasileiros e sete empresas como os financiadores dos atos terroristas. De acordo com a advocacia, eles contrataram os ônibus para levar os manifestantes de diversas partes do país.
Yres Guimarães confirmou que o CPF que está na lista da AGU é mesmo dele, mas negou que tenha alugado um ônibus. Ele, que exibe nas redes sociais o seu apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), admitiu que estava em Brasília no domingo, mas disse que não participou dos atos de vandalismo.
Já em Catalão, os jornalistas não conseguiram localizar Rafael da Silva. No endereço, a pessoa que mora na casa, o operador de máquinas Joel Lourenço da Silva, na casa disse não conhecer uma pessoa com o nome do suposto financiador.
Em consulta ao Portal da Transparência, foi localizado um registro com o nome de Rafael da Silva, com o mesmo CPF apontado como sendo o do financiador, no entanto, o registro aparece como sendo de um morador de Uberlândia, em Minas Gerais. Nos dados, inclusive, é possível ver que Rafael da Silva recebeu R$ 5,2 mil de Auxílio Emergencial, do Governo Federal.
No pedido à Justiça Federal, a AGU argumentou que os citados tiveram papel decisivo no desenrolar dos ataques ocorridos no dia 8 e, portanto, devem responder pelos danos causados ao patrimônio público federal. A AGU elaborou a lista de supostos responsáveis a partir da relação de mais de 80 ônibus citados em decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes, que determinou a apreensão de veículos que levaram golpistas a Brasília.