
O ex-presidente Jair Bolsonaro demonstrou insatisfação com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Kassio Nunes Marques, após ele votar pela permanência de Alexandre de Moraes no chamado “inquérito do golpe”. Indicado por Bolsonaro à Corte, Marques contrariou o pedido do ex-presidente, que buscava o afastamento de Moraes da condução do caso.
Embora não tenha se manifestado publicamente sobre o tema, Bolsonaro teria relatado a aliados sua “perplexidade” e “tristeza” diante da decisão do ministro. Segundo pessoas próximas, o ex-presidente classificou o voto como “inexplicável”, argumentando que a suspeição de Moraes para atuar no processo seria “evidente”.
A justificativa de Bolsonaro é que, por ter sido alvo de um suposto plano de assassinato envolvendo militares, Moraes não poderia continuar na relatoria do inquérito nem julgar o caso. No entanto, o entendimento majoritário do STF foi contrário à tese do ex-presidente. Para a Corte, uma tentativa de golpe de Estado afeta a democracia e a sociedade como um todo, não cabendo, portanto, o afastamento de Moraes do processo.
O único magistrado a divergir da decisão foi o ministro André Mendonça, também indicado por Bolsonaro ao Supremo.
Sobre a presença de Nunes Marques em um jantar na residência de Alexandre de Moraes, que reuniu autoridades do STF e integrantes do governo Lula, Bolsonaro teria adotado uma postura mais cautelosa, evitando comentar o episódio.