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No Ceará, Cícero José de Melo passou 15 anos da sua vida preso por suspeita de tentativa de homicídio. O homem foi soltou nesta sexta-feira, 9, depois de anos na Penitenciária Industrial Regional do Cariri, em Juazeiro do Norte.
O jardineiro acusado de um crime que não responde na justiça. Cícero diz “quero reencontrar meus filhos, que ela reconheça o que já fiz por ela e que sou o pai dos filhos dela e não cometi crime”. Lembrando dos filhos e da ex-mulher.
“Eu servi ao exército e meu sonho era colocar meus filhos no colégio militar e esse sonho tiraram de mim”. Lamenta o homem que ficou recluso da sociedade e durante esse tempo não recebeu nenhuma visita da família. Agora com 47, ele busca pelos familiares e afirma sua inocência plena, após ser preso em 2005.
Segundo Cícero, no dia da sua prisão ele foi abordado pela polícia que chegaram dizendo que ele havia cometido um crime. “Fiquei sem saber o que fazer. Não pediram nem identificação. Me colocaram dentro da viatura, me fizeram passar vergonha. As pessoas olhando para mim como se eu tivesse cometido crime mesmo. Eu falando que era inocente e eles rindo de mim, rindo da minha cara”, narra sobre o dia da prisão. Depois disso ele foi levado para a delegacia e de lá conduzido para a cadeia.
“Eu vivi no abandono. Quem me confortava era Deus e meus parceiros de cela”, diz a vítima.
Liberdade
O advogado responsável pelo caso, Roberto Duarte, soube do caso por meio de outro cliente e resolveu entrar com processo. Logo depois da solicitação enviada pela defesa para a juíza Maria Lúcia Vieira, ela determinou a expedição do alvará de soltura.
A juíza ainda afirma na decisão “não ter sido constatado motivação para sua manutenção em cárcere”.
Emocionado, o jardineiro diz “me considero como se eu tivesse sido sequestrado por um crime que eu não cometi nem contra o estado e nem contra a sociedade. Hoje eu fui colocado em liberdade. A doutora do presídio compreendeu o ato injusto que cometeram comigo me mantendo em cárcere. Passei 15 anos preso injustamente e a juíza se sensibilizou e me soltou”.
O advogado criminalista, conta que descobriu que Cícero José estava preso por mais de uma década. E sem existir processo ou ter passado por uma audiência de custódia ou julgamento. Foi nesse momento em que Roberto entrou com requerimento de dados, protocolando junto à penitenciária.
“Houve uma falha administrativa, judicial no sentido de durante todos esses anos não ter revisado, revisto e reanalisado a situação prisional”, pondera Duarte. O advogado confirma que vai buscar por uma ação indenizatória para Cícero José.
