Alexandre Farias Pereira, líder do camelódromo da Rua Uruguaiana, foi morto quando passava de picape pela Avenida Brigadeiro Lima e Silva, em Duque de Caxias, em maio de 2007. Depois de quase 14 anos arquivado, o inquérito sobre o assassinato do comerciante será reaberto por causa de uma pista surgida do Caso Marielle.
Os investigadores encontraram na casa do sargento reformado da PM Ronnie Lessa, um dos acusados pelas mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, a íntegra do depoimento de um filho de Alexandre, prestado à época da execução da vítima, grampeado a um bilhete no qual se lia “Periquito mandou sarquear”- na gíria policial, significa levantar a folha de antecedentes criminais (FAC) de investigados.
Uma apuração da Força-Tarefa do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), responsável pelo Caso Marielle, concluiu que “periquito” era o apelido de Djacir Alves de Lima, que teria assumido controle da Associação de Vendedores do Mercado Popular da Rua Uruguaiana no lugar de Alexandre.
Atualmente Djacir é vice-presidente do Centro Comercial Uruguaiana (CCU), nova denominação da entidade que representa os camelôs locais e acumula um histórico de problemas com a lei.
Segundo os investigadores, no material apreendido na casa do sargento, foram encontrados indícios que ligam Lessa à morte de Alexandre Pereira e a pelo menos mais três assassinatos.
De acordo com a investigação, o policial reformado teria pesquisado o CPF de algumas vítimas nos dias que se antecederam aos crimes, por isso passou a ser suspeito das mortes dos irmãos Ary e Humberto Barbosa Martins, em 6 de novembro de 2006, e do ex-deputado estadual Ary Brum, em 18 de dezembro de 2007. Nenhum dos casos foi elucidado.
A Força-Tarefa do MP do Rio está acionando os promotores naturais dos três casos (um deles do duplo assassinato) para que os inquéritos sejam reabertos. Os investigadores agora tentam puxar o fio do novelo destes quatro homicídios, até hoje de autoria ignorada.
Preso em 12 de março de 2019, Lessa atuou por mais de 10 anos como adido na Polícia Civil, cedido pela PM para ajudar nas investigações das delegacias. Além de conhecer agentes civis, ele dominava os métodos utilizados na apuração de crimes.