
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, elogiou o trabalho da polícia dois dias após a repercussão negativa de uma declaração sua, em que afirmou que a corporação "prende mal", o que, segundo ele, obriga o Judiciário a corrigir falhas. Lewandowski afirmou que sua fala foi retirada de contexto.
"Quero ressaltar agora, publicamente, que nós temos uma polícia brasileira altamente eficiente, preparada. Eu disse, naquela ocasião, e a minha expressão foi pinçada fora do contexto, que as polícias têm que ser melhor remuneradas, melhor equipadas, precisam ser melhor informadas para que possam prender melhor, para que não haja esse fenômeno do Judiciário eventualmente ter que corrigir erros de prisões que não foram feitas de acordo com a lei", declarou o ministro.
A declaração gerou críticas de associações de policiais e de parlamentares. A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal expressou sua indignação em nota, argumentando que uma prisão só pode ser considerada "mal realizada" quando há ilegalidade, o que, segundo a entidade, não reflete a realidade da corporação.
A associação ainda destacou que, na maioria das audiências de custódia, a prisão é considerada legal, e que o juiz responsável pela audiência pode conceder liberdade provisória, com ou sem fiança, a pedido da defesa ou do Ministério Público, quando entende que não há necessidade de converter a prisão em flagrante para preventiva.
Parlamentares de oposição também se manifestaram nas redes sociais. O senador Rogério Marinho (PL-RN) afirmou que a declaração estava desconectada da realidade e desrespeitava a população. "O CNJ criou audiências de custódia para avaliar a legalidade das prisões. Contudo, a realidade mostra que, diariamente, bandidos que respondem a dezenas de inquéritos são colocados na rua para praticar novos crimes", declarou.
Em resposta à repercussão, o Ministério da Justiça e Segurança Pública também emitiu uma nota, explicando que a declaração de Lewandowski foi feita no contexto da falta de integração entre as informações das polícias e as audiências de custódia.