O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta quinta-feira, 22, mais uma leve de ministros (16) para compor sua equipe. A maior surpresa ficou por conta da confirmação do futuro vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) que acumulará agora suas funções com a de ministro da Indústria e Comércio.
Alckmin aceitou a missão após os empresários Josué Gomes da Silva, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), e Pedro Wongtschowski, do grupo Ultra, recusarem o convite para assumir a pasta. “Tenho certeza que com a articulação política e o respeito que tem junto aos empresários será um ministro extraordinário”, disse o presidente eleito.
A dez dias para a posse, porém, Lula ainda não concluiu a montagem do primeiro escalão, que terá 37 ministérios, por causa de embates políticos, cotoveladas entre partidos do Centrão e disputas por cargos nas fileiras do PT. Nesta quinta, confirmou 16 nomes. Eles se juntam a outros cinco membros do primeiro escalão que já eram conhecidos. Lula prometeu apresentar até terça-feira os nomes restantes.
Lula não cedeu à pressão do PP do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), porém, para emplacar um nome na Saúde, ministério que sempre foi “feudo” do partido. A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, será ministra da Saúde. Nísia comandou medidas de enfrentamento à pandemia de covid-19.
Marcio França (PSB) será ministro de Portos e Aeroportos, pasta que será desmembrada do atual Ministério da Infraestrutura.
A pasta Desenvolvimento Social ficará com senador eleito Wellington Dias (PI). O PT resistiu a entregar a pasta para a senadora Simone Tebet (MDB-MS). Nos bastidores, o argumento é o de que a pasta terá grande visibilidade e um orçamento de peso por abrigar o programa Bolsa Família. Trata-se da vitrine social do PT para o terceiro mandato de Lula.
Dirigentes do PT não quiseram fortalecer Simone porque avaliam que ela pode ser adversária do partido na próxima eleição presidencial, em 2026. Simone ficou em terceiro lugar na disputa ao Palácio do Planalto, mas no segundo turno apoiou Lula e levou o voto de centro para a campanha. À época, Lula disse que ela não voltaria para o Mato Grosso do Sul, sugerindo que ela comporia o ministério.
A ativista Anielle Franco, por sua vez, comandará a pasta de Igualdade Racial. Irmã da vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018, Anielle trabalhou no gabinete de transição na temática “mulher”.
O Ministério da Mulher será liderado por Cida Gonçalves. A futura primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, tinha outra indicação, a ex-funcionária de Itaipu, Maria Helena Guarezi.
O professor Silvio Almeida foi confirmado ministro dos Direitos Humanos. “A gratidão do povo pelo governo que exercemos neste país até 2013 e até 2016, antes do golpe, foi reconhecida pelos homens, mulheres e negros deste país”, comentou Lula.
A cantora Margareth Menezes foi confirmada em Cultura; a vice-governadora de Pernambuco Luciana Santos (PC do B) ocupará Ciência e Tecnologia e a economista Esther Dweck ficará com Gestão. A ex-jogadora de vôlei Ana Moser será a titular de Esporte.
Articulação política
Lula escolheu, mais uma vez, Alexandre Padilha para Relações Institucionais. O ministério é o responsável por fazer a “ponte” entre o Palácio do Planalto e o Congresso. Na articulação política, Padilha terá o auxílio de dois conhecidos parlamentares petistas: o deputado José Guimarães (PT-CE) será líder do governo na Câmara e, Jaques Wagner (PT-BA) ocupará a mesma função no Senado.
O deputado Márcio Macêdo (SE), que foi tesoureiro da campanha presidencial e é um dos vice-presidentes do PT, ficará com a Secretaria-Geral da Presidência.
O Advogado-Geral da União será Jorge Messias. O chefe da Controladoria Geral da União (CGU) será Vinícius Carvalho.
Um dos principais colaboradores de Lula, o presidente do PT de São Paulo, Luiz Marinho, será ministro do Trabalho. Marinho já foi titular da mesma pasta no governo Lula e ex-prefeito de São Bernardo do Campo.
“Ministros eficientes”
Lula pediu a seus ministros que coloquem “gente diversa” nas equipes, que procurou “ministros eficientes, que não tenham vergonha de fazer política”. O presidente eleito afirmou que foi o legado político que deixou no País e que foi isso que fez com que ganhasse, novamente, as eleições.
“Nós temos que ter consciência que nós derrotamos o Bolsonaro, mas o bolsonarismo está nas ruas desse país raivoso e sem reconhecer a derrota que tiveram. Além de governar com competência, teremos de derrotar o bolsonarismo para que esse pais volte a sonha e ser feliz”, disse Lula.