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POLÍTICA

Lula defende diálogo global na 79ª Assembleia Geral da ONU

Ele também criticou o negacionismo e investimentos militares

Foto: Ricardo Stuckert/PR Foto: Ricardo Stuckert/PR

No final da manhã desta terça-feira, 24, o presidente Lula fez o discurso de abertura da 79ª Assembleia Geral da ONU, que ocorre entre hoje e a próxima segunda-feira, 30. Desde 1955, o Brasil tem a tradição de ser o primeiro país a discursar no evento, dando início aos debates sobre questões de interesse global.

Lula abordou temas como guerras, polarização mundial, fome, crises na América Latina, mudanças climáticas, reforma na governança global e, ocasionalmente, reforçou a dificuldade de diálogo entre as nações para resolver esses problemas.

Abertura sob aplausos

O presidente iniciou seu discurso com uma saudação especial à delegação palestina, que ocupa um assento oficial na Assembleia Geral da ONU pela primeira vez em quase 80 anos de existência da organização internacional. O gesto de Lula foi aplaudido pelos chefes de Estado e outras delegações presentes.

Lula mencionou o Pacto Para o Futuro, adotado ontem, 23, pelos países membros. O acordo apresenta diretrizes para a construção de um futuro sustentável, levando em consideração o presente como base para o amanhã. Para o presidente, os impasses enfrentados para chegar a um consenso evidenciam a dificuldade de diálogo entre as nações. “Sua difícil aprovação demonstra o enfraquecimento de nossa capacidade de negociação e diálogo. Seu alcance limitado também expressa o paradoxo de nosso tempo. Andamos em círculos, entre compromissos possíveis que geram resultados insuficientes”, afirmou Lula sobre o pacto.

Tensões e conflitos mundiais

O presidente também abordou o cenário internacional, marcado por tensões e conflitos. Criticou o aumento global dos gastos militares, sugerindo que os US$ 2,4 trilhões destinados a conflitos poderiam ser melhor utilizados no combate à fome e às mudanças climáticas. “O uso da força sem amparo no direito internacional está se tornando a regra”, disse o presidente, sem direcionar sua crítica a um país específico.

Sobre a guerra na Ucrânia, Lula destacou a ausência de uma perspectiva clara de paz: “Está claro que nenhuma das partes conseguirá atingir todos os seus objetivos pela via militar”, ressaltando a necessidade de retomar o diálogo.

Crises humanitárias e combate ao negacionismo

A crise humanitária em Gaza também foi abordada, com Lula se opondo à morte de civis pela ofensiva israelense. “O que começou como uma ação terrorista de fanáticos contra civis israelenses inocentes, transformou-se em uma punição coletiva a todo o povo palestino. O direito de defesa virou direito de vingança”, declarou o presidente.

Lula criticou os defensores da "desglobalização", afirmando que é impossível ignorar o contexto global, especialmente diante das mudanças climáticas que afetam a todos. “O planeta está farto de acordos climáticos que não são cumpridos”, disse ele. O presidente ainda condenou o negacionismo climático, mencionando as tragédias recentes no Rio Grande do Sul, Amazonas e Centro-Oeste, além de eventos na Europa e Ásia.

Lula reafirmou seu compromisso de erradicar o desmatamento na Amazônia até 2030 e destacou o papel dos povos indígenas nessa missão.

Brasil na vanguarda da energia limpa

Lula destacou o protagonismo do Brasil na produção de energia limpa, mencionando que 90% da matriz energética do país é composta por fontes renováveis, como biomassa, hidrelétrica, eólica e solar. Ele lembrou que, há 50 anos, o Brasil já optava por fontes renováveis. “É hora de enfrentar o debate sobre o ritmo lento da descarbonização e trabalhar por uma economia menos dependente de combustíveis fósseis”, afirmou.

América Latina e reforma na governança global

O presidente também criticou o embargo a Cuba, classificando-o como uma punição às populações mais vulneráveis. Ele defendeu a democracia e condenou ataques extremistas, messiânicos e totalitários. Ao falar da América Latina, Lula alertou contra falsas promessas ultraliberais que agravam os problemas da região.

Por fim, Lula defendeu a implementação de impostos maiores para os super-ricos e criticou a estrutura da ONU, que ainda reflete a realidade de 1945, sem atender às necessidades dos 198 países membros. Ele pediu a reforma do Conselho de Segurança e foi novamente aplaudido ao mencionar que nenhuma mulher assumiu o cargo de secretária-geral da organização.

Lula encerrou seu discurso destacando que a responsabilidade de negociar é de todos.

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