O tenente-coronel Mauro Cid revelou, durante delação premiada à Polícia Federal (PF), que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL), eram membros de um grupo de conselheiros radicais que incitava Bolsonaro a dar um golpe de Estado e não reconhecer uma derrota para Lula em 2022.
Segundo o ex-ajudante de ordens, o grupo assegurava a Bolsonaro que ele contaria com o respaldo da população e de atiradores esportivos, identificados como CACs (Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores), de acordo com relato veiculado pelo portal UOL.
Cid afirmou que Bolsonaro resistiu a pedir o fim das manifestações pós-eleição, acreditando que poderia encontrar indícios de fraude nas urnas eletrônicas. Os comandantes do Exército e da Aeronáutica se opuseram ao plano de golpe, com exceção do chefe da Marinha, Almir Garnier, que teria apoiado a proposta de Bolsonaro.
Ainda segundo Cid, Bolsonaro não queria desmobilizar manifestantes golpistas que ocupavam instalações militares por todo o país, porque acreditava que poderia haver provas de fraude nas urnas, o que anularia as eleições.
A delação premiada de Cid é avaliada pela equipe do subprocurador-geral Carlos Frederico Santos. Este último afirmou em entrevistas recentes que Cid não apresentou evidências das declarações feitas e que estão em busca de provas de acordo com o contexto narrado, conforme reportagem do UOL. Cid também mencionou a existência de um grupo moderado na ala política do governo que tentou convencer Bolsonaro a pedir publicamente aos manifestantes favoráveis ao golpe que deixassem as ruas, incluindo o senador Flávio Bolsonaro.
Os advogados de Jair e Michelle Bolsonaro qualificaram as acusações como "absurdas" e afirmaram que não existem fundamentos sólidos para apoiá-las. Além disso, alegaram que família Bolsonaro jamais teve ligação a movimentos de ruptura institucional.
Confira a nota da defesa:
“As afirmações feitas por supostas fontes são absurdas e sem qualquer amparo na verdade e, via de efeito, em elementos de prova. Causa, a um só tempo, espécie e preocupação à defesa do Presidente Bolsonaro que tais falas surjam nestes termos e contrariem frontalmente as recentíssimas — ditas e reditas —, declarações do subprocurador da República, Dr Carlos Frederico, indicando que as declarações prestadas pelo Ten Cel Mauro Cid, a título de colaboração premiada, não apontavam qualquer elemento que pudesse implicar o ex-Presidente nos fatos em apuração. “A defesa reitera que o Presidente Bolsonaro, bem como seus familiares, jamais estiveram conectados a movimentos que projetassem a ruptura institucional do país. Lamentavelmente, e de forma insólita na dinâmica processual, à defesa até hoje não foi autorizado o acesso ao conteúdo de tais declarações, a despeito dos constantes ‘vazamentos’ — fortemente criticados pelo referido Subprocurador —, havidos em veículos de comunicação, como no caso vertente.”
O deputado Eduardo Bolsonaro informou, em nota, que a delação descrita pelo subprocurador Carlos Frederico como "fraca e inconsistente e sem elementos de provas" .