Entre as 884 páginas do relatório da Polícia Federal, que detalhou a trama golpista planejada e arquitetada por Jair Bolsonaro com o apoio de militares, um áudio do coronel reformado Reginaldo Vieira de Abreu causou impacto na cúpula das Forças Armadas.
No áudio o Coronel diz "Cinco não querem, três querem muito e os outros, zona de conforto. Infelizmente. A lição que a gente deu para a esquerda é que o Alto Comando tem que acabar".
Mauro Cid, ex-assessor direto de Bolsonaro, revelou que o general Estevam Theophilo se colocou à disposição da trama golpista no final de 2022, quando ainda integrava o Alto Comando do Exército. Mas, as Forças Armadas ainda não sabem quem são os outros dois que "queriam muito" o golpe.
O inquérito que indiciou o ex-presidente Bolsonaro e mais 36 pessoas por tentativa de golpe de Estado concluiu que uma das intenções do grupo era enfraquecer a atuação da Polícia Federal.
Fernandes foi um dos 37 iniciados pela PF ao concluir o inquérito sobre a tentativa de golpe na semana passada. A PF aponta Mario Fernandes como responsável pela elaboração do plano “Punhal verde e amarelo”, que previa o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre do Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Em outro áudio interceptado pela Polícia, Mario Fernandes sugere uma troca no comando do Ministério da Defesa para driblar a resistência da cúpula do Exército. A ideia era colocar o general Walter Braga Netto, apontado pela Polícia Federal como principal articulador do plano de golpe. A pasta era comandada na época por Paulo Sérgio Nogueira.
"Ontem, falei com o presidente. Porra, cara, eu tava pensando aqui, sugeri o presidente até, porra, ele pensar em mudar de novo o Ministério da Defesa, porra. Bota de novo o general Braga Netto lá. O general Braga Netto tá indignado, porra, ele vai ter um apoio mais efetivo" diz Fernandes em mensagem enviada no dia 10 de novembro de 2022 a Marcelo Câmara, então assessor especial de Bolsonaro.
As investigações indicam que os comandantes do Exército e da Aeronáutica no governo passado negaram apoiar qualquer iniciativa golpista em reuniões com Bolsonaro. Segundo depoimentos colhidos no inquérito, apenas o então chefe da Marinha, almirante Almir Garnier, disse apoiar um eventual golpe.