
A delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid revelou que Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama, pressionava de maneira ostensiva o então presidente Jair Bolsonaro para executar um golpe de Estado. Segundo Cid, Michelle e o general da reserva Mario Fernandes insistiam que Bolsonaro tinha apoio popular e dos Colecionadores, Atiradores e Caçadores (CACs) para permanecer no poder.
As declarações de Cid foram divulgadas após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirar o sigilo da delação. O conteúdo reforça as suspeitas de que Bolsonaro e aliados planejavam anular o resultado das eleições de 2022 e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou denúncia contra Bolsonaro e outros 34 envolvidos, incluindo ex-ministros e militares, por tentativa de golpe de Estado e organização criminosa. Os investigados teriam discutido decretos para instaurar estado de defesa, prender opositores e remover ministros do STF. A falta de apoio dos comandantes das Forças Armadas foi um dos fatores que impediram a execução do plano.
Jair Bolsonaro nega qualquer envolvimento e afirma que sempre atuou dentro da legalidade. Além desse caso, ele enfrenta outras investigações, como falsificação de certificados de vacinação e posse indevida de joias recebidas como presentes oficiais.
Cid alertou sobre risco, mas Michelle manteve uso do cartão
Em sua delação premiada, o tenente-coronel Mauro Cid revelou que alertou a equipe de Michelle Bolsonaro sobre os riscos do uso do cartão de crédito de sua amiga, Rosimary Cardoso Cordeiro. Segundo Cid, essa prática poderia ser interpretada como um esquema de “rachadinha”, principalmente porque Rosimary era assessora de um senador. Apesar do alerta, a ex-primeira-dama continuou utilizando o cartão.
Defesa justifica uso do cartão da amiga
A defesa de Michelle Bolsonaro alegou que ela utilizava o cartão de Rosimary porque não tinha crédito suficiente para possuir um cartão próprio desde 2011. Além disso, argumentou que Jair Bolsonaro era "muito pão-duro", o que teria levado Michelle a buscar alternativas para suas despesas pessoais.
Pagamentos eram feitos em dinheiro vivo
Conversas interceptadas pela Polícia Federal mostram que assessoras de Michelle Bolsonaro e Mauro Cid discutiam pagamentos em dinheiro vivo para quitar as faturas do cartão. Essas transações geraram preocupações entre os envolvidos, que temiam que a prática fosse comparada a esquemas ilícitos investigados em outros casos políticos.
Investigações levantam suspeitas sobre transações da família Bolsonaro
As revelações de Mauro Cid reforçam questionamentos sobre a transparência das finanças da família Bolsonaro durante o período presidencial. O uso de dinheiro vivo, os pagamentos por meio de terceiros e a falta de registros detalhados são pontos que podem ser analisados pelas autoridades responsáveis pelas investigações.