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Mulheres no governo Lula: diminui orçamento sob liderança feminina com demissões de ministras

Com a saída de Nísia, pastas comandadas por mulheres perdem 39% do orçamento (de R$ 75,9 bi para R$ 19,4 bi)

Imagem ilustrativa da imagem Mulheres no governo Lula: diminui orçamento sob liderança feminina com demissões de ministras

Com a recente demissão de Nísia Trindade do Ministério da Saúde, as pastas do governo Lula (PT) chefiadas por mulheres passaram a representar apenas 10% do orçamento federal. Em 2025, o governo federal planeja um total de R$ 194 bilhões para custeio e investimentos, sendo R$ 19,4 bilhões sob a administração dessas ministras.

O orçamento das pastas comandadas por mulheres teria chegado a R$ 75,9 bilhões (39,1%) caso Nísia permanecesse à frente da Saúde. Esse cálculo foi realizado com base nos recursos discricionários indicados para todos os órgãos do Poder Executivo na Proposta de Lei Orçamentária (PLOA) deste ano, sem incluir as despesas obrigatórias — voltadas principalmente para salários e aposentadorias — nem as emendas parlamentares, cujo valor ainda depende de aprovação do Congresso.

Historicamente, o Ministério da Saúde possui um dos maiores orçamentos da Esplanada, sendo responsável por importantes políticas públicas do Estado brasileiro. A pasta, frequentemente cobiçada pelos partidos da base governista, esteve sob ataque do centrão desde o início do governo Lula, com o objetivo de assumir o comando. Em 2024, por exemplo, foram destinados R$ 24,8 bilhões em emendas parlamentares à Saúde, dentro de um total de R$ 44,9 bilhões empenhados para todos os ministérios durante o ano.

Lula demitiu, até o momento, três mulheres desde o início de seu terceiro mandato, em janeiro de 2023. Esse número iguala o recorde de 11 ministras do governo Dilma Rousseff. As ministras afastadas foram Ana Moser, do Ministério do Esporte; Daniela Carneiro (Daniela do Waguinho), do Turismo; e, mais recentemente, Nísia Trindade, da Saúde. As três foram substituídas por homens: André Fufuca (PP) assumiu o Esporte, Celso Sabino (União Brasil) o Turismo e Alexandre Padilha (PT) a Saúde, cargo que antes era ocupado por Nísia.

Até o momento, apenas uma das mudanças implementadas por Lula resultou em uma mulher sendo alocada em um ministério: Macaé Evaristo substituiu Silvio Almeida no Ministério dos Direitos Humanos, após este deixar o cargo em meio a denúncias de importunação sexual contra mulheres, incluindo a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.

Gleisi Hoffmann, deputada federal e presidente do PT, assumirá a vaga deixada por Padilha na Secretaria de Relações Institucionais (SRI). Este ministério, no entanto, não possui orçamento próprio, utilizando os recursos previstos para a Presidência da República. Em 2024, foram empenhados cerca de R$ 3,7 milhões para ações da SRI, principalmente para o pagamento de diárias e passagens.

O Planalto afirmou que as pastas chefiadas por mulheres são estratégicas para o desenvolvimento de políticas públicas em áreas cruciais para o país, destacando que essa articulação amplia os recursos disponíveis para diversas iniciativas, superando os orçamentos inicialmente alocados para essas pastas.

"A ministra Nísia Trindade, à frente do Ministério da Saúde por mais de dois anos, comandou uma das pastas com os maiores orçamentos da Esplanada e foi responsável pela reestruturação e ampliação do SUS, que havia sido sucateado na gestão anterior", afirmou o Planalto em nota enviada à reportagem.

Atualmente, o governo conta com 10 mulheres entre as 38 pastas existentes. Elas são: Esther Dweck (Gestão), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), Cida Gonçalves (Mulheres), Margareth Menezes (Cultura), Anielle Franco (Igualdade Racial), Gleisi Hoffmann (articulação política), Simone Tebet (Planejamento), Marina Silva (Meio Ambiente), Macaé Evaristo (Direitos Humanos) e Sonia Guajajara (Povos Indígenas).

Mudanças ministeriais no governo Lula

• Justiça: Flávio Dino (nomeado para o STF) por Ricardo Lewandowski.

• Saúde: Nísia Trindade substituída por Alexandre Padilha.

• Articulação política: Alexandre Padilha substituído por Gleisi Hoffmann.

• Portos e Aeroportos: Márcio França (foi para o Ministério do Empreendedorismo e Microempresa) substituído por Silvio Costa Filho.

• Direitos Humanos: Silvio Almeida por Macaé Evaristo.

• Esportes: Ana Moser por André Fufuca.

• Secretaria de Comunicação Social: Paulo Pimenta por Sidônio Palmeira.

• Gabinete de Segurança Institucional: General da reserva Marco Edson Gonçalves Dias por Marcos Antonio Amaro.

• Turismo: Daniela Carneiro por Celso Sabino.

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