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PF mira deputado de Goiás que ‘ajudou a bancar” acampamento

Agentes cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Amauri Ribeiro (União Brasil) em Goiânia e Piracanjuba

A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira, 29, uma nova fase da Operação Lesa Pátria, para vasculhar dois endereços do deputado estadual de Goiás Amauri Ribeiro (União Brasil) que, em sessão da Casa Legislativa em junho, afirmou ter ‘ajudado a bancar’ acampamento golpista montado em frente a quartel do Exército. Ele é fazendeiro e ex-prefeito de Piracanjuba.

A PF cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços do parlamentar em Goiânia e em Piracanjuba. As ordens foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

As diligências são realizadas no bojo da 15ª etapa da Lesa Pátria, que visa identificar incitadores, participadores e financiadores dos atos golpistas de 8 de janeiro. A ofensiva apura supostos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido e crimes da lei de terrorismo.

As ações foram autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A PF vasculha endereços ligados ao parlamentar em Goiânia e Piracanjuba. O celular dele foi apreendido.

O advogado Demóstenes Torres, que defende o parlamentar, informou que “pedirá acesso aos autos que originaram a medida cautelar de busca e apreensão”.

Segundo a PF, a operação investiga os crimes de “abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido e crimes da lei de terrorismo”.

Fala de Amauri

Em junho deste ano, o deputado estadual fez um discurso na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) no qual admitia ter ajudado financeiramente o acampamento e que, por essa lógica, “também deveria estar preso”. Em sua fala, ele defendia a liberdade do coronel Benito Franco, preso pela PF durante outra fase da Lesa Pátria. O policial militar, que comandou a Rotam entre janeiro de 2019 e agosto de 2021, foi liberado dois meses depois.

“A prisão do coronel Franco é um tapa na cara de cada cidadão de bem neste estado. Foi preso sem motivo algum, sem ter feito nada. Eu também deveria estar preso. Eu ajudei a bancar quem estava lá. Pode me prender, eu sou um bandido, eu sou um terrorista, eu sou um canalha, na visão de vocês. Eu ajudei, levei comida, levei água e dei dinheiro — disse Ribeiro, no plenário.

Recuo do deputado

Após a repercussão negativa das declarações, o parlamentar recuou e disse que as suas falas foram “retiradas de contexto com o claro e evidente objetivo de associar sua imagem aos atos criminosos que aconteceram em Brasília”. Na visão dele, o acampamento golpista não tinha relação com as invasões e depredações de 8 de janeiro, das quais ele disse discordar.

Em uma entrevista à Rádio Bandeirantes, ele afirmou que “não seria idiota de falar um absurdo desses”.

Ribeiro tem uma trajetória política marcada por polêmicas.

Posteriormente, Ribeiro disse que a fala foi distorcida. O deputado chegou a pedir para o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negar um “eventual pedido de prisão” que fosse apresentado contra ele.

Precedentes

Em 2019, Amauri viralizou nas redes sociais ao tomar posse com a mulher sentada no seu colo. Quando era vereador, partiu para cima de um colega da oposição que tinha deficiência física porque discordou de sua fala, que denunciava funcionários-fantasmas na prefeitura. Em outra ocasião, agrediu um homem numa obra, quando soube que a “peãozada” não estava recebendo. No meio do mandato de prefeito, ele ainda deu uma surra na filha de 16 anos — que denunciou o caso à polícia — ao flagrar no celular dela fotos íntimas do namorado.

Relembre polêmicas de Amauri Ribeiro:

Ameaça contra vereadora

O parlamentar coleciona polêmicas ao longo da trajetória. Em 2021, por exemplo, afirmou que a vereadora de Goiânia Luciula do Recanto (PSD) merecia “um tiro na cara”, o que rendeu uma investigação na Polícia Civil. Na ocasião, ele ameaçou a parlamentar, militante da causa animal, por supostamente ter invadido uma casa para salvar um cachorro vítima de maus tratos.

“Eu fico ‘puto’ quando vejo uma vereadora invadindo a casa de um cidadão, igual essa vereadora de Goiânia aí, que se diz protetora de animais. Arrebenta um portão da casa de cidadão sem mandado, sem ordem judicial, porque ela não é polícia, nem com ordem ela podia, e invade uma casa. Pra mim, merecia um tiro na cara”, disse o deputado.

Réu por racismo

Neste ano, ele se tornou réu por racismo após postar foto de mão branca apertando punho negro com frase: “Na minha família não”. A imagem foi veiculada em seu Instagram em abril de 2022 e gerou uma investigação do Ministério Público acatada pela Justiça. Segundo o Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri), o deputado objetivou “demonizar” pessoas gays, colocando-as como “uma ameaça ao modelo heterossexual”, fato que, conforme a polícia, extrapola a liberdade de expressão.

Mulher sentada no colo em posse

As polêmicas decorrem desde antes de se tornar deputado estadual. Quando tomou posse em 2019, Amauri viralizou nas redes sociais por tomar posse com a mulher sentada no seu colo.

Com a mulher Cristhiane Rodrigues Gomes Ribeiro, de 41 anos, sentada em sua perna esquerda, ele tomou posse para a vaga na Alego. À ÉPOCA, na ocasião, ele fez pouco caso da repercussão.

“Era minha esposa, não era nenhuma prostituta. Uma mulher com quem vivo há quase 25 anos e com quem tive três filhas — disse. “E outra: é muito comum minha esposa sentar em meu colo em qualquer evento que vou na cidade”.

Agressões

Quando era vereador, partiu para cima de um colega da oposição que tinha deficiência física porque discordou de sua fala, que denunciava funcionários-fantasmas na prefeitura. Em outra ocasião, agrediu um homem numa obra, quando soube que a “peãozada” não estava recebendo.

“Eu danei com ele, que era uma bichona doida. O rapaz veio para meu rumo, eu tomei a enxada e contive ele”, disse, antes de pontuar que sabe técnicas de artes marciais. “Coloquei ele no chão, não dei um tapa. Levaram o cara no corpo de delito e até hoje não sei como que ele está vivo, de tantos machucados que apareceram”, ironizou.

Muitas vezes, ia tomar satisfação pessoalmente na Câmara Municipal, situação que quase sempre terminava com xingamentos e dedos na cara. No meio do mandato de prefeito, bateu em sua filha de 16 anos — que denunciou o caso à polícia — ao flagrar no celular fotos íntimas dela com um namorado, para “garantir os bons costumes”. O caso foi parar em todos os jornais da região.

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