Lideranças políticas, parlamentares e dirigentes partidários alinhados ao espectro ao centro e à direita em Goiás acreditam que, mesmo impedido de disputar a sucessão presidencial em 2026, Jair Bolsonaro, maior liderança do Partido Liberal (PL), terá papel preponderante nas campanhas de aliados políticos nos próximos pleitos eleitorais no país.
O fato de não ter seu nome na urna não retira do ex-presidente o poder de influenciar nos pleitos eleitorais, opinam lideranças políticas goianas. A expectativa dos bolsonaristas e agentes políticos independentes é a de que Bolsonaro terá “peso” ao recomendar os seus candidatos a prefeito, vereador, deputado estadual, deputado federal, senador, governador e presidente da República em 2024 e 2026 país afora.
Influência política
O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) afirmou, em entrevista coletiva, que, apesar do ex-presidente Jair Bolsonaro ter sido considerado inelegível em decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele mantém sua influência política que, para o goiano, ainda vai interferir nas eleições de 2024 e 2026. “Foi retirado dele a condição de ser candidato até 20230, mas isso não quer dizer que tirou dele a sua liderança, muito menos sua condição de interferir nas próximas eleições”.
Ronaldo Caiado, na conversa com jornalistas, disse também que a decisão do órgão superior deve ser cumprida e o ex-presidente só pode retornar à possibilidade de concorrer às eleições de 2030. “Até lá não quer dizer que ele perdeu a sua capacidade de representatividade, de mobilização e de influência no processo eleitoral brasileiro”.
A inelegibilidade de Jair Bolsonaro abre espaço para que Ronaldo Caiado seja representante do centro-direita à sucessão presidencial. “Eu primeiro lugar, eu devo discutir esse assunto com o União Brasil, o meu partido. Isso ainda está muito longe e temos que, primeiro, passar por uma etapa relevante, que é a eleição municipal, para depois ir para o próximo pleito”.
Frente da direita
O senador Wilder Morais, presidente do PL de Goiás, disse que o impedimento de Jair Bolsonaro não diminui a liderança que ele construiu à frente da direita no Brasil. “Somos representantes do seu legado, Bolsonaro perdeu a elegibilidade, mas não perdeu seguidores, eleitores”.
Morais aposta que os eleitores do ex-presidente, derrotado em 2022, estarão focados em eleger seus aliados no pleito do ano que vem, e um presidente que respeite os princípios da “família, da pátria e de Deus”, em 2026.
“Decisão maluca”
A deputada federal Magda Mofatto (Patriota) definiu, através das redes sociais, a decisão do TSE como “maluca”. E justificou: “Não existe na nossa Constituição crime opinião. O TSE está legislando em cima do que eles acham”.
Para a bolsonarista, a direita segue fortalecida mesmo sem Jair Bolsonaro em disputas eleitorais. “O ex-presidente conseguiu um feito para o país, ele reavivou na população o amor à pátria, reavivou o conceito de bem e união. Isso se tornou maior do que o próprio Bolsonaro”.
Novos nomes
O deputado federal Professor Alcides (PL) vê nomes “capazes” de substituir Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2026 e cita os nomes dos governadores Ronaldo Caiado, Tarcísio de Freitas, Romeu Zema, e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Para o parlamentar, a inelegibilidade de Jair Bolsonaro já era esperada no meio político. “Infelizmente, o STF e o TSE pegaram a Constituição e jogaram no lixo. Assim, não poderíamos esperar outra decisão”.
Deputado federal e presidente do PL em Goiânia, Gustavo Gayer se manifestou em vídeo publicado nas redes sociais: “O presidente mis honesto que o Brasil viu sendo inelegível por causa de uma opinião”. Ele ainda relacionou a decisão do TSE com a fala do presidente Lula da Silva, que afirmou que o conceito de democracia é “relativo”.
O senador Vanderlan Cardoso (PSD), em nota, disse que ficou “triste e preocupado” com a decisão do TSE. “Tristeza por ver um homem que teve mais de 58 milhões de votos afastado da disputa eleitoral por oito anos, e preocupado porque, no julgamento, existem questões técnicas que me assolam, enquanto cidadão e Senador da República, em especial o fato de puni-lo por questões que não estavam no pedido inicial”.
“Teve motivos”
Segundo o deputado federal José Nelto (PP), a oposição está “bancando a vítima”, ao mesmo tempo em que critica Bolsonaro pelos ataques ao TSF e ao TSE. “As urnas foram periciadas e testadas e o ex-presidente não apresentou provas denúncias. Ele foi vítima das inverdades e falsidades que espalhou durante quatro anos”.
A deputada federal Silvye Alves (UB) que não há que se discutir uma decisão judicial e considerou que já houve “guerra demais” no país, “A decisão afeta muito os aliados, mas a extrema direita precisa deixar o radicalismo e pensar em um nome mais moderado para 2026”.
O deputado federal Rubens Otoni (PT) disse que a inelegibilidade de Bolsonaro veio como uma “punição exemplar” para que nunca ocorra mais ataques à democracia como os que ocorreram durante os últimos quatro anos no país. “Nas próximas eleições, os candidatos estarão mais atentos à Constituição e vigentes em suas declarações”.