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Promessa de Lula para jornalistas no Alvorada não saiu do papel após despejo

O governo Lula (PT) desalojou os profissionais de imprensa da estrutura que ocupavam na residência oficial do Palácio da Alvorada.

Imagem ilustrativa da imagem Promessa de Lula para jornalistas no Alvorada não saiu do papel após despejo

O governo Lula (PT) desalojou os profissionais de imprensa da estrutura que ocupavam na residência oficial do Palácio da Alvorada para fazer a cobertura da rotina do mandatário nos dias em que ele não vai ao Palácio do Planalto.

A promessa era que uma nova sala, maior e com melhores condições, fosse construída. Passados mais de seis meses, a obra não teve início e não há projeto nem licitação aberta.

Lula voltou a usar o Alvorada no dia 20 de fevereiro, após um hiato de cerca de um mês vivendo e realizando algumas reuniões na outra residência oficial, a da Granja do Torto. A justificativa é que o Alvorada passou por serviços de "manutenção contínua".

A sala que era utilizada pela imprensa existiu por décadas e ficava ao lado da guarita principal do Alvorada. O ambiente é pequeno e, muitas vezes, não abrigava todos os profissionais que atuavam na cobertura. Contava com uma mesa redonda, algumas cadeiras, um sofá de dois lugares e uma poltrona.

Ao lado da sala, também ficava uma grande tenda, que cobria bancos de madeira para os visitantes, equipamentos de raio-x, além de outros itens usados pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional), responsável pela segurança da residência.

Sem aviso prévio, a tenda foi desmontada e os bancos retirados, no início do segundo semestre de 2024. Os equipamentos do GSI, então, foram transferidos para a sala que era usada pelos jornalistas.

A promessa de integrantes do governo era de que haveria uma obra no local, com melhorias na antiga sala de imprensa e a construção de uma nova estrutura de alvenaria.

O governo Lula, no entanto, não deu informações sobre o andamento do processo. Em resposta a um pedido de informações via LAI (Lei de Acesso à Informação) feito pela Folha, a Casa Civil reconheceu que não há projetos sobre isso.

"Informamos que não há, no âmbito da Casa Civil da Presidência da República, contrato, processo licitatório, projeto ou estudo, exclusivamente, voltados à construção ou qualquer intervenção em áreas denominadas ou identificadas como salas destinadas a profissionais de imprensa", afirma a pasta.

O ministério acrescenta apenas que alguns reparos ou adaptações nas instalações da Presidência são realizados por meio de contratos já firmados de manutenção predial e serviços comuns de engenharia.

Questionada sobre a previsão de finalização da obra e reabertura do espaço a jornalistas, a Secom (Secretaria de Comunicação Social) disse, por meio do secretário de imprensa, Laércio Portela, que dará resposta aos jornalistas brevemente.

"Estamos vendo tudo que já existiu sobre o tema, se há projeto mesmo e o que é possível fazer. Vou dialogar com a Casa Civil e o GSI para entender em quais termos isso está tramitando no governo. Nosso compromisso e esforço é para garantir melhores condições de trabalho para jornalistas que cobrem a Presidência", disse à Folha.

O secretário assumiu o cargo em janeiro e disse que ainda precisa tomar pé da situação. "Já colhemos as principais demandas dos jornalistas, seja do ponto de vista de fluxo de informação, acesso aos porta-vozes, inclusive ao próprio presidente, que passou a dar mais entrevistas. Agora também colhemos a demandas de melhorias dos espaços físicos."

A falta de estrutura no Alvorada já foi tema de reuniões de profissionais da imprensa com a Secom e, no final do ano passado, o Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal enviou um ofício para o ministério.

No documento, solicitou "providências urgentes", como instalação de tendas, mesas e cadeiras, além da disponibilidade de tomadas de energia, com segurança, para assegurar "trabalho seguro e digno".

A cobertura no Palácio da Alvorada, nos dias em que o presidente despacha no local, permite aos jornalistas acompanharem as autoridades que chegam para eventuais reuniões com o mandatário. A relação de quem frequenta o Alvorada é sigilosa, exceto no caso de agendas oficiais. E encontros com autoridades muitas vezes não são listados.

Uma determinação da CGU (Controladoria-Geral da União), de 2023, afirma que "as visitas ao presidente da República em residências oficiais são protegidas por revelarem aspectos da intimidade e vida privada das autoridades públicas e de seus familiares, salvo se tais registros disserem respeito a agendas oficiais".

Quando o presidente bateu a cabeça em um acidente doméstico em novembro, ficou por um período descansando e despachando do Alvorada. À época, os jornalistas que cobrem o local já estavam sem a estrutura da sala.

Na ocasião, Janja foi à portaria do Alvorada de surpresa para conversar com a imprensa. Ela autorizou que as empresas de comunicação que tiverem interesse pudessem fazer instalações provisórias no local, com tendas, por alguns dias. O GSI antes não havia autorizado.

Nos primeiros dias de sua gestão, Lula prometeu acabar com o chamado "cercadinho" no Palácio da Alvorada, um símbolo da cobertura durante o governo Jair Bolsonaro (PL). Seu antecessor recebia apoiadores no local, que hostilizavam a imprensa.

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