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Silveira versus Haddad: Silveira critica Haddad por medidas econômicas impopulares

Revolução energética de Silveira e agenda fiscal de Haddad afloram tensão entre ministros

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O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tem manifestado críticas ao titular da Fazenda, Fernando Haddad, conforme relatos de fontes sobre conversas privadas nos últimos meses. Segundo essas fontes, as queixas foram dirigidas a políticos e integrantes da gestão Lula (PT), e indicam uma relação tensa entre os dois ministros.

Nos bastidores de Brasília, entre auxiliares do presidente e figuras próximas aos Poderes, é amplamente reconhecido que a relação entre Silveira e Haddad não é boa há algum tempo. Embora nunca tenham se referido diretamente um ao outro, a incompatibilidade entre a política econômica de Haddad e as medidas defendidas por Silveira tem se tornado cada vez mais evidente. Enquanto Haddad prioriza a contenção de despesas, Silveira se alia ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, para argumentar que essas políticas prejudicam programas sociais e obras públicas essenciais.

De acordo com relatos obtidos em conversas informais, Silveira teria criticado o colega por sua gestão à frente da Fazenda, apontando que as decisões de Haddad seriam responsáveis por parte da impopularidade do governo. Em outra ocasião, o ministro de Minas e Energia teria sugerido que a troca de Haddad no cargo poderia ser necessária. Em resposta, Silveira emitiu uma nota afirmando que "rechaça qualquer ilação baseada em fofocas" e classificou os relatos como "inverdades criadas em bastidores com o intuito de afastar colegas de governo". O ministro ainda acrescentou que reconhece o trabalho de Haddad.

As diferenças entre os dois ministros vão além das questões internas do governo. Silveira propôs recentemente utilizar recursos do Fundo Social do Pré-Sal para financiar parte dos subsídios na tarifa de energia, com o intuito de reduzir os custos da conta de luz. Em contrapartida, Haddad tem se mostrado resistente a essa proposta, além de discordar de Silveira em relação ao novo Auxílio Gás, uma medida que, segundo o ministro de Minas e Energia, deveria beneficiar 22 milhões de famílias fora do Orçamento.

O atrito entre os dois se intensificou à medida que as discussões sobre o orçamento de 2025 para o Auxílio Gás se desenrolaram. Embora Haddad tenha conseguido garantir R$ 3,6 bilhões para o programa, o valor é insuficiente para alcançar a meta estabelecida por Silveira, o que promete gerar novos conflitos no futuro próximo.

Na esfera econômica do governo, as declarações de Silveira têm gerado desconforto. As críticas feitas pelo ministro de Minas e Energia, especialmente em relação a medidas com impacto fiscal, têm contribuído para aumentar a tensão nos mercados financeiros, particularmente em um momento em que o Banco Central está elevando os juros para combater a inflação. Integrantes do Ministério da Fazenda relataram que Haddad está ciente das críticas e demonstrou incômodo com as ações de Silveira, acreditando que o colega está tentando enfraquecê-lo para removê-lo do cargo.

A tensão entre os dois ministros chegou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em fevereiro. Reportagens de então sugeriram que, em uma reunião na Granja do Torto, sem a presença de Haddad, foi diagnosticado que a impopularidade do governo estava relacionada a decisões lideradas pelo Ministério da Fazenda, como a crise envolvendo as blusinhas de 2023 e o Pix em 2024. Na ocasião, Lula teria afirmado a auxiliares que não houve críticas explícitas a Haddad durante o encontro, mas suspeitava que a divulgação dessas informações tinha como alvo o ministro da Fazenda.

Menos de uma semana depois, Silveira participou de um evento com o presidente em que, publicamente, elogiou o trabalho de Haddad. Em suas redes sociais, o ministro de Minas e Energia escreveu: "Fatos: o PIB do Brasil cresceu MUITO acima da previsão em 2023/24. Aumento real do salário mínimo. Geração de quase 1,7 milhão de empregos formais no ano passado. Isso é resultado do trabalho do time do presidente @LulaOficial, em especial do ministro @Haddad_Fernando". Ele também reiterou seu apoio ao trabalho do ministro da Fazenda.

Em março, durante visita a Betim, Minas Gerais, o presidente Lula elogiou tanto Silveira quanto Haddad, reconhecendo as contribuições de ambos nas áreas de economia e transição energética. Silveira, desde que assumiu a Esplanada, se aproximou de Lula e se tornou considerado um conselheiro político próximo ao presidente.

As críticas à gestão de Haddad foram intensificadas por uma série de pesquisas de opinião que indicaram uma queda na popularidade do governo. Em uma conversa com um político, Silveira teria sugerido que a troca do ministro da Fazenda seria necessária devido às medidas econômicas impopulares. Aliado de Gilberto Kassab, presidente do PSD, Silveira teria apoiado a declaração do líder partidário, que classificou Haddad como um "ministro da Fazenda fraco". Esses posicionamentos alimentaram a ideia de que Silveira e Kassab estariam atuando em conjunto contra o ministro da Fazenda.

O embate entre Silveira e Haddad remonta à controvérsia envolvendo a distribuição de dividendos extraordinários da Petrobras, no ano passado, que resultou na saída de Jean Paul Prates da presidência da estatal. Naquele episódio, Silveira se saiu vitorioso ao apoiar Magda Chambriard para o cargo, enquanto Haddad defendia a continuidade de Prates. Com a chegada de Chambriard à Petrobras, Silveira conseguiu posicionar aliados em cargos estratégicos na empresa, incluindo aqueles que defendem a exploração de petróleo na bacia Foz do Amazonas, um tema polêmico que contrasta com a agenda ecológica defendida por Haddad.

Em nota, o Ministério de Minas e Energia destacou que Silveira sempre reconheceu publicamente o trabalho de Haddad, e que o ministro "não tem tempo para dar atenção a qualquer tipo de 'disse-me-disse'". A pasta também afirmou que Silveira tem se concentrado na implementação de políticas públicas importantes para o país.

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