Na primeira fala como ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB-MS), admite que há divergências de pensamentos na equipe econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas fala em “deixá-las para depois”. Ela se comprometeu com a responsabilidade fiscal e o controle dos gastos públicos e disse que a equipe terá um perfil “austero, mas conciliador”.
“Fiquei surpresa porque fui parar justamente na pauta com a qual que eu tenho alguma divergência, sendo que eu tenho total sinergia na pauta social e de costumes”, afirmou a ministra, que tomou posse nesta quinta-feira, 5, no Palácio do Planalto. “Mas estou ao lado desse time da economia que vai fazer a diferença, fazer com que esse governo dê certo, apresentando propostas corretas para não faltar orçamento para as políticas. Seremos quatro na economia, um quarteto a favor do Brasil”, disse.
Como ministra do Planejamento, Tebet fará parte do núcleo da equipe econômica de Lula, ao lado de Fernando Haddad no Ministério da Fazenda, do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin no Ministério de Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior e com Esther Dweck no Ministério de Gestão e Inovação.
Tebet se disse honrada por estar ao lado de Haddad no Ministério da Fazenda, que “tem a chave do cofre na mão” e que é “o mais importante da Esplanada” -- num contraste ao discurso de posse de Haddad, que afirmou ser justamente o “patinho feio” da Esplanada. “Vamos deixar as divergências para depois”, afirmou.
Tebet ressaltou que apoiou Lula no segundo turno da eleição porque o petista era o único candidato democrata na disputa, numa referência velada ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A senadora disse que pensou em não aceitar cargo na Esplanada, mas que recebeu um “convite especial” de Lula, que queria justamente visões diferentes nas pastas econômicas.
“Lula entregou a mim uma das pastas mais relevantes do governo do PT e da frente ampla democrática. O Planejamento é o ministério que trata do futuro, mas também do presente. O orçamento está direta e indiretamente presente na vida dos brasileiros. O planejamento fala do futuro do Brasil que queremos ser”, disse.
A ministra do Planejamento fez um discurso econômico, em que defende o controle das contas públicas e a reforma do Orçamento, mas também político, com duras críticas a Bolsonaro. Ela também fez referências religiosas e citou um trecho da oração de São Francisco de Assis: “onde houver ódio, que levemos o amor”.