- Deputados e senadores goianos receberam R$ 60 milhões. Delegado Waldir foi retirado da comissão
As vésperas de seu julgamento pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal, o presidente Michel Temer (PMDB-SP) acelerou a liberação de emendas parlamentares e manteve ofensiva contra deputados que considera desleais ao governo. Temer incentivou os líderes dos partidos da base governista a retiraram da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça da Câmara) os deputados que são favoráveis à aceitação da denúncia da Procuradoria Geral da República, que o acusa de corrupção ativa. Segundo o deputado federal Chico Alencar (PSol-RJ), os partidos trocaram ontem 12 membros da CCJ da Câmara para tentar barrar denúncia contra Temer. “Isso é vergonhoso! Mostra a fraqueza do governo”, denuncia.
O PR, por exemplo, trocou quatro de seus titulares que não haviam deixado claro se votariam contra ou a favor da denúncia. Um dos atingidos foi o deputado federal Delegado Waldir (PR-GO). Ele soube apenas durante a sessão que foi retirado da lista de titulares pelo seu partido. Revoltado, ele acusou o PR de “vender” sua vaga no CCJ ao governo. Antes, o deputado havia afirmado que votaria a favor da denúncia. Além do PR, o Solidariedade, o PMDB, o PSD e o PTB trocaram titulares de última hora.
A votação da CCJ não enterra ou aprova a denúncia. Ela servirá apenas de recomendação para a votação nominal no plenário da Casa. As substituições, no entanto, visam impedir que a denúncia seja apreciada no plenário, onde o governo terá que garantir o mínimo de 167 votos para evitar que Temer seja afastado da presidência.
Emendas
De acordo com dados do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siaf), nos cinco primeiros meses foram liberados R$ 529 milhões em emendas, valor que saltou para R$ 4,5 bilhões em junho. O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) é o campeão, com R$ 18, 5 milhões, seguido pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), com R$ 18,4 milhões. Entre os parlamentares goianos, o deputado federal Jovair Arantes (PTB) foi o que teve o maior valor liberado: R$ 5,2 milhões, e, no Senado, Lúcia Vânia (PSB), com R$ 5,1 milhões.
Levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo, que ouviu por telefone 513 deputados, mostra que 163 deputados são favoráveis à admissibilidade da denúncia por corrupção passiva contra o presidente Michel Temer e 57 são contrários. A maioria informou que não vai manifestar seu voto ou se declarou indecisa: 293.
O DM publicou, na semana passada, pesquisa feita pela Folha de S.Paulo que revelou que a maioria dos deputados estava indecisa ou não quis responder sobre a aceitabilidade das denúncia contra Temer pela Câmara Federal. Nesta semana, o número de indecisos caiu e aumentaram os deputados que são a favor do processo contra o presidente. Antes, apenas os deputados Fábio Sousa (PSDB) e Rubens Otoni (PT) se declararam a favor do recebimento das denúncias, a eles se juntaram os deputados João Campos (PRB), Delegado Waldir (PR) e Flávia Morais (PDT). O número dos deputados que é contra também aumentou, além dos deputados Giuseppe Vecci (PSDB) e Jovair Arantes (PTB), os peemedebistas Daniel Vilela e Pedro Chaves também são contra a aceitação da denúncia.
Entre os indecisos estão os deputados Alexandre Baldy (Podemos), Célio Silveira (PSDB), Heuler Cruvinel (PSD) e Roberto Balestra (PP). Não responderam os deputados Lucas Vergílio (SDD) e Magda Moffato (PR) e Marcos Abrão (PPS).
De acordo com levantamento feito pelo jornal O Popular, publicado na edição de domingo, dos 17 deputados federais, somente três não tiveram emendas parlamentares liberadas: Heuler Cruvinel, Pedro Chaves e Lucas Vergilio. Pela oposição, Flávia Morais e Rubens Otoni garantiram emendas de R$ 4,5 milhões e R$ 4,4 milhões, respectivamente. Otoni afirma que suas emendas fazem parte do Orçamento Impositivo, cujo valor total é de R$ 16 milhões. Entre os senadores, Wilder Morais (PP) liberou R$ 5 milhões e Ronaldo Caiado (DEM), R$ 4,4 milhões.
Apoio
Em entrevista à Folha, o governador Marconi Perillo (PSDB) defendeu a permanência do PSDB no governo de Michel Temer (PMDB-SP). O jornal entrevistou Perillo em São Paulo, onde foi participar do encontro das lideranças do PSDB para definir como fica a participação do partido no governo federal. À Folha, Perillo se manifestou a favor da permanência dos ministros tucanos no governo. Seu entendinmetno é de que o desembarque dos tucanos do governo dificulta a aprovação das reformas trabalhista e da Previdência. “Sem elas o País vai quebrar e aí nós também vamos quebrar”, disse, remetendo à situação dos Estados. De acordo com a Folha, outros governadores tucanos são favoráveis à manutenção do apoio ao governo Temer, entre eles Reinaldo Azambuja, governador do Mato Grosso do Sul, Pedro Taques, do Mato Grosso, Simão Jantene, do Pará, e Beto Richa, do Paraná. (Com informações da Folha, Estadão e agências)